Diário do Amapá - 12 e 13/04/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / Era uma linda noite de verão. O pequeno Nico passeava com a mãe. Para ele tudo era encantador: as casas iluminadas, as árvores , o ar perfumado. Olhou o céu estrelado e, de repente, ficou pensativo. A mãe, sábia, ficou calada, até que percebeu que Nico queria dizer alguma coisa. Então perguntou: - Nico, está pensando em que? A criança ficou mais um instante em silêncio, como se estivesse organizando os s eus pens amen- tos e depois respondeu: - Se esta metade do céu é tão bonita, a metade do outro lado deve ser ainda mais maravilhosa! A Páscoa de Jesus é uma brecha que nos permite enxergar um pouco as maravilhas do outro lado da Vida. Sim, aquela Vi da plena , que é a Vida de Deus. Jesus, com o seu amor, com a sua existência totalmente doada, do início ao fim, abriu-nos o caminho do céu. Não para fugir deste mundo, mate- rial, cotidiano e passageiro, mas para que aquela luz chegasse até nós e nós pudésse- mos ser iluminados e guiados por ela. Se a Cruz sempre será “escândalo e lou- cura”, a Ressurreição sempre será “novida- de”, algo tão surpreendente e inimaginável que até os evangelistas tiveram que inventar palavras para comunicar a boa notícia. Em si, os termos usados só significam levantar-se do sono, erguer-se, como o faz alguém que estava deitado. Logo, os cristãos aprenderam que isso não era suficiente, não explicava nada, aliás, escondia o mais importante. Assim juntaram outras palavras. Começaram a dizer que Jesus tinha sido “sepultado”, ou seja, tinha realmente morrido porque a cruz não era ficção ou mentira. Depois disso, eis a novidade: ele tinha “ressuscitado” – levantado – dos mortos e agora era o Vivente. As mulheres que foram ao sepulcro escutaram as palavras: “Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito!” (Mt 28,6) ou: “Por que buscaisentre os mortoso vivente?” (Lc 24,5). Pedro, após Pentecostes, dirá mais ainda: “Deus o ressuscitou, libertan- do-o das angústiasdamorte... (e) o constituiu Senhor e Cristo” (Atos 2, 24.36). Depois, emAtos 10,42 (2ª leitura do Dia de Páscoa) dirá: “Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos”. Aquele homem Jesus, vergonho- samente crucificado, agora está glorioso “exaltado à direita de Deus” (Atos 2, 33) o qual “lhe deu o Nome que está acima de todo nome, para que, ao Nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e de baixo da terra&r dquo; (Fl 2,9-10). Não foi nada fácil para os primeiros cris- tãos encontrarem as palavras certas que podiam expressar tamanha novidadede; Nós hoje as repetimos quando rezamos o Credo, a nossa profissão de fé, muitas vezes sem nos dar conta do que dizemos. Não é mais a humanidade a buscar descobrir e agradar, de tantas formas, um “deus” desconhecido. Não será o nosso esforço a nos aproximar mais de Deus. Em Jesus morto e ressuscitado nos foi aberto, uma vez por todas, o caminho para o encontro amoroso entre o Pai e nós, os seus filhos, ainda dispersos, mas que o Filho, o BomPastor, quer reunir num só rebanho para que, juntos cantemos a vitória sobre o mal e a morte. Quando nos reuni- mos para celebrar a nossa fé, nas nossas Liturgias, este caminho aber- to se torna uma realidade que pode- mos experimentar. OnossoDeus con- tinua a nos convocar, a nos reunir, a perdoar os nossos pecados, a falar, a nos dar a sua paz e o seu Corpo e o seu Sangue como antecipação do banquete final do Reino celeste. As nossa s Missas não acontecem para nos fazer esquecer asangústias do tempo presente e nem para melhorar o nosso bem-estar psi- cológico. A Liturgia serve para nos fazer enxergar a novidade do Reino, a beleza da Vida Nova que a Ressurreição de Jesus des- cortina à nossa frente. Nas Missas, contemplamos a Nova Cida- de, a Jerusalém celeste, onde “a morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas de antes pas- saram” (Ap 21,4). Somente se nos deixamos iluminar por esta luz “divina” sempre generosamente ofe- recida, podemos entender as sombras que ainda escurecem a nossa vida pessoal e de toda a humanidade. Metas maravilhosas nos fazemdesejá-las e nos comprometema buscar meios para alcançá-las. Como a metade das estrelas de Nico. Entrou também o outro discípulo que tinha chegado primeiro ao túmulo. ele viu e acreditou.De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura que diz: "Ele deve ressuscitar dos mortos." Depoisdo grande silêncio do sábado, que turbou e continua turbando ainda hoje a vida das pessoas, veio a Ressurreição do Cristo que ilumina a nossa história. ARessurreição de Jesus Cristo é o centro da fé, porém este evento tão importante teve dificuldade para ser entendido. De fato, os discípulos estavam desanimados, tristes e dominados pela experiência do sepulcro. Nós, seres humanos, somos demais atraídos e determinados pela dimensão terrestre. Somos capazes de fazer celebrações, fazer sepulcros, mas nada além disso. Por isso, vivemos incrédulos. Além do mais, diz o evangelho que dois discípulos correm para o sepulcro para averiguar a notícia que as mulheres lhe haviam dado. Omais novo, João, chega primeiro, mas, reconhecendo Pedro, o escolhido por Jesus, o espera e não entra no túmulo. Depois que Pedro chegou e entrou, também ele quis ver. Isto significa que, na nossa caminhada de fé, tem uns que tem a capacidade de andar mais depres- sa que outros, porém o que impor- ta é respeitar os tempos de cada um. O evangelista acrescentou que o discípulo amado viu e acreditou. A razão de o discípulo amado acre- ditar foi porque teve consciência de quanto Jesus o amou. Portanto, para compreender a Res- surreição, é preciso passar pelo amor de Deus, como verdadeiro dom. É essa expe- riência do amor que nos abre os olhos e a mente pela verdadeira Vida. A Ressurreição de Jesus é um aconteci- mento que contém também um julgamento: os homens condenaram Jesus com a cruz, no entanto, Deus o aprovou através da Sua Ressurreição. Isto significa que provavel- mente as nossas maneiras de avaliar não são as mesmas de Deus. Este grande evento, que está acima de tudo e de todos, nos leva a ter perspectivas de vida bem superiores daquilo que somos acostumados a ter. De fato, se mesmos os discípulos não tiveram capacidade de compreender as Sagradas Escrituras, que falavam da Ressurreição de Jesus entre os mortos, imaginem nós perante uma verdade tão extraordinária como a Páscoa? Nem sempre a fé é fácil e nem sempre vive de resultados, às vezes, é pesada e ofuscada, masaRessurreição de Cristo nos guia e nos conforta susten- tandoa nossa caminhada comofilhose filhas deDeus. Assimsendo, para enxergar, perceber a Ressureição do nosso Mestre Jesus não são suficientes os olhos do corpo, mas precisa ter uma boa experiência interior, isto é, espiritual. Pergunto-te: comovivesa Páscoa? Éumcom- promisso de vida comDeus? Tem capacidade de deixar em segundo lugar os teus projetos de vida para deixar Deusfalar na sua vida com todo o poder? Desejo-lhe feliz Páscoa, passa- gem para a vida nova que supera qualquer coronavirus.

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