Diário do Amapá - 19 e 20/04/2020
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / filosofo John Locke (1632 -1704) relata uma história recolhida naqueles anos. Certo dia, o rei da Tail&a circ;ndi a escutava com atenção os relatos do embaixador da Holanda. Este narrava: - NaHolanda, quando a água esfriamuito torna-se sólida e os homens podemcaminhar sobre a superf& iacute;c ie. O rei franziu a sobrancelha. O embaixador, ao notar a incre- dulidade do rei, acrescentou: - Mais ainda: se na Holanda houvesse elefantes, no inverno poderiam caminhar sobre a água gelada de umlag o e n&at ilde;o afundariam. O rei indignado, levantou-se de seu trono e interrompe-o: -Já basta! Até hoje acreditei em todas as suas histórias. Considerava-o um homem prudente e sá ;bio. Agora, porém, sei que me enganou. Oqueme conta...não pode ser real. Hoje podemos sorrir da incredulidade do rei da Tailândia, mas, coitado, naquele tem- po ele não tinha como con ferir, com seus próprios olhos, o que o embaixador da Holanda lhe contava como algo natural em seu país. Os anos passaram, mas certas coi- sas não mudaram muito. Nós também, às vezes, acreditamos em coisas que nunca poderemos averiguar e, outras, duvidamos do que está bem de baixo dos nossos olhos. No fundo, somos todos gêmeos do nosso irmão Tomé. Isso porque, em geral, é mais fácil acreditar no que nos agrada, e que gos- taríamos fosse verdade, e duvidar daquilo que nos incomoda ou não cabe em nossos raciocínios e convicções. A questão é sempre dupla: pri- meiro, o assunto no qual podemos ou não acreditar e, segundo, q uem nos convida a botar fé. Tomé duvi- dou de ambas as coisas: da Boa Notícia que Jesus estava vivo, res- suscitado, e dos amigos que diziam o terem visto. São duas coi- sas diferentes, mas, em seu projeto de amor, Jesus, agora Senhor e Cris- to, escolheu não aparecer a todos, mas somente a alguma “testemunhas” envol- vendo-as assim, numa forma especial, no anúncio da vitória dele sobre omal e amorte. De fato, a Ressurreição de Jesus, como even- to em si, nunca poderá ser provada com os métodos técnicos e científicos que hoje con- sideramos infalíveis. Isso seria possível se a Ressurreição fosse um acontecimento, digamos, deste mundo, o nosso, sensível, material onde tudo, mais ou menos, pode ser medido, pesado, filmado etc. Não, a Res- surreição é um fato de Deus, é obra do Pai que ressuscita o seu Filho para nos reintegrar n o seu am or infinito apesar dos homens tê-lo rejeitado e crucificado. Devia ser assim, porque o Filho Jesus veio neste mundo, jus- tamente, para nos fazer conhecer quanto extraordinária e inimaginável é para nós a misericórdia do Pai. É algo que só podemos perceber quando nós também arriscamos perdoar quem nos ofendeu, quando temos compaixão e cuidamos de quem, talvez, nem conhecemos e que, provavelmente, nunca irá nos agradecer. Sobretudo, quando apostamos com toda a nossa confian- ça que as coisas irão mudar se acre- ditarmos menos na nossa autossu- ficiência e seguirmos mais oscami- nhos surpreendentes percorridos por Jesus. Ele não buscou o sucesso humano, as riquezas deste mundo, uma vida fácil e cômoda, não se preocupou em agradar grandes e poderosos. Não! Ele quis nos dar o exemplo de uma entrega total por amor a todos os pecadores a começar pe lo ladr& atilde;o que estava à sua direita na cruz até o pobre Pedro, medroso, que fugiu e o negou. A Ressurreição de Jesus pode pre- cisar de explicações “teológicas” para ser entendida. No entanto, desde o início, sempre será “provada” somente pela vida nova das testemunhas, ou seja, pela vida daqueles que desistiram de confiar nos próprios mereci- mentos, nas obras da própria justiça, e se dei- xaram tocar pelas chagas do Crucificado e de todos os crucificados deste mundo. Sim, Tomé “tocou” nos sinais da Paixão, mas foi Jesus que “tocou” no seu coração e curou a sua incredulidade. Ainda hoje o mundo, para acreditar, precisa de “testemunhas”, silencio- sas e pacientes, mas corajosas e insistentes na paz, no amor, na generosidade e na com- paixão. Porque para sempre serão esses os sinais de quem acredita na Re ssurrei& cce- dil;ão de Jesus. Para o resto... podem zombar de nós, como o rei da Tailândia fez com o embaixador da Holanda. m evento internacional em Assis, de 19 a 21 novembro, debaterá e estudará uma nova economia para fazer viver e não matar, incluir e não excluir. Estarão presentes mais de 2000 economistas e empreendedores, abaixo dos 35 anos, de 115 nações. Esta iniciativa é promovida pelo papa Francisco que “deseja que ajude a se encon- trarem para se conhecerem e realizar um pac- to para mudar a atual economia e dar uma alma à economia de amanhã”. Essa crisemundial que estamos vivendo, provocada pelo coronavírus, põe em discus- são também e, sobretudo, toda a economia. Portanto, como reanima-la? Em primeiro, lugar a escolha do lugar onde será debatido tudo isso. Éa cidade de Assis. Ela nosrelem- bra São Francisco e suas escolhas. Assis dá sentido a uma humanidade que precisa ser mais fraterna e solidária. São Francisco se despojou de tantamate- rialidade para seguir Jesus Cristo, tornando- se pobre e irmão de todos. E, justamente, a partir dessa opção de vida, surgiu uma nova concepção de economia, que talvez pode ain- da hoje nos iluminar e reger ummundomais fraterno e atentoa quemmais necessita. Ummodelo econômico que possa ser fruto de uma cultura de comunhão e que se fundamente sobre a frater- nidade e equidade.Isto é, que possa responder efetivamente ao projeto da Criação de Deus. Não se pode ficar parado numa economia que visa maximizar os lucros e todo o resto não conta. Não pode existiruma economia que favo- reça somente ‘alguns’. Éurgente uma nova economia que possa favorecer as mudanças de vida que vão desde a ecolo- gia até a convivência entre ospovos e as pró- prias pessoas. Não podemos pensar numa economia integral semuma vida integral dos povos. Nesse debate mundial de Assis, des- taca-se que o papa faz ao contrário das gran- des potências: no lugar de convocar econo- mistas e empresários afirmados pela idade e experiência, convoca jovens que estão ini- ciando. Creio que essa opção é maturada como a melhor e corajosamaneira de fazermudanças na economia e no mesmo mundo a partir do projeto de Deus. Qualquer plano eco- nômicodeve sempreresponder àCria- ção domundo e ao seu Criador. Por- tanto, o papa Francisco, qual Pedro da Igreja, tem o direito de verificar eorientarparaque uma aeconomia possa responderaoprojetodeDeus. Esses jovens têm as possibili- dades de pensar e se questionar, inspirados por São Francisco, o que significa construir uma economia nova à medida para os filhos/as de Deus. Uma economia que exalte o ser humano como um todo. Será uma expe- riência bem profissional, que não deixa espa- ço à improvisação, em que terão reflexões, escuta de pessoas de alto nível profissional e reprovada afirmação no campo econômico e empresarial e, assim, tentar formular propostas de mudanças para a vida de hoje. Precisamos reconhecer que umamudança radical econômica inicia, reconhecendo que ouro e dinheiro não são os bens absolutos, mas são outros e que às vezes são invisíveis. Nenhuma economia funciona se antes dos produtos não sabemos discernir os bens.
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