Diário do Amapá - 21 e 22/04/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANAMELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANAMELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br m estudo realizado por um grupo de pesquisadores do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e publicado na Folha de São Paulo do último domingo (12), revelou números alarmantes em relação ao desem- prego no País. Devido à crise da pandemia causada pelo novo coronavírus, a COVID- 19, serão até 12,6 milhões desempregados e haverá contração recorde de quase 15% na renda dos trabalhadores. Esta realidade, no entanto, não tem sido vivenciada apenas em território nacional. Os efeitos da pandemia no desemprego tam- bém são devastadores mundo afora. De acordo com levantamento realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a crise econômica e trabalhista criada pela doença pode aumentar o número de desempregados no mundo em quase 25 milhões. Para evitar esta situação, a Organização recomenda a ampliação da proteção social, o apoio àmanutenção de empregos (ou seja, trabalho com jornada reduzida, licença remunerada e outros subsídios) e também aosbenefíciosfiscaise financeiros, inclusive para micro, pequenas e médias empresas. No Brasil, medidas anunciadas pelo governo como o auxílio de R$600 para tra- balhadores informais, redução de jornadas e salários e apoio a pequenas emédias empresas com crédito para paga- mento de salários, tentam aliviar a vida de empregados e emprega- dores, mas ainda existem inicia- tivas individuais muito importan- tes sendo implementadas neste momento como o movimento "Não Demita!". Criado para incentivar a manu- tenção dos empregos por, pelo menos, dois meses, o projeto que começou com 40 empresas já conta com a adesão de mais 3,500 incluindo gigantes comoAccenture, Alpargatas, Bradesco, C&A e Magazine Luiza.Ainiciativa tem como um dos pilares a construção de um legado com a conscien- tização de empresários sobre a responsabi- lidade social que seus negócios possuem para com a sociedade. Até o momento, o "Não Demita! já evitou a demissão de cerca de 1,5 milhão de pessoas que são funcio- nários diretos dessas empresas. Apesar de negativa para a economia, a paralisação das atividades comerciais no país ainda é a melhor forma de prevenção contra o avanço da pandemia e isso já foi comprovado em países que começaram a enfrentar a doença antes. No Brasil, de acordo com o último bole- tim do Ministério da Saúde no domingo de Páscoa (12), há 22.169 casos da doen- ça e 1.223 mortes. Nestemomento tão crítico e sem precedentes, é preciso compreender - e concordar - com declarações como a do renomado economista Richard Baldwin em entrevista à BBC News Mundo. Na ocasião ele declarou que quarentenas e outras medidas de contenção são uma "impo- sição moral" diante da pandemia de coronavírus que está "matando pessoas que não deveriam estar morrendo". "Se você não entrar em quarentena por causa da pandemia, ela causa mais problemas e mais danos econômicos.. (...) Se você não implementa uma quarentena porque quer economizar dinheiro, está enfrentando uma questão moral e não econômica", disse. Averdade é que para cada decisão toma- da pelos líderes, há sempre uma renúncia e, neste momento, todos os caminhos geram grandes impactos. No entanto, apesar de todas as adversidades atuais de vivermos neste mundo globalizado, existe uma grande oportunidade não muito debatida: agora é preciso nos unirmos não apenas para achatar a curva da epidemia, mas também a da recessão. Afinal, a economia depende das pessoas e as pessoas dependem da economia - um não existe sem o outro. s países latinos tiveram uma breve vantagem sobre o avanço do Covid- 19 nomundo.Acontaminação, regis- trada por primeiro na Ásia, avançou rapi- damente pela Europa. Em seguida,América do Norte e Oceania tiveram a proliferação do Covid-19 entre a população, incluindo os Estados Unidos sendo hoje o país com mais casos e mortes. Não demorou muito para América Latina e África terem os pri- meiros casos. Enquanto dizem que Europa e Ásia já viveram o pico da doença, as demais regiões se preparam para semanas difíceis. Bem, nem todas se preparam. Entre os países latinos, as nações que mais têm agradado ao público com ações efetivas de combate ao vírus são Uruguai, Argentina e Perú, seguidos de avaliações medianas por Bolívia, Cuba e Panamá. A pesquisa foi realizada pela empresa de inves- tigações Ipsos. Os últimos da fila são Méxi- co, Venezuela e Brasil. Oministro da Saúde do Brasil, que vinha sendo elogiado com a defesa da qua- rentena mais ampla, acaba de ser demitido por Jair Bolsonaro. A preocupação do presidente tupini- quim é não frear a economia. Ele defende que apenas idosos e por- tadores de doenças crônicas fiquem em quarentena. O resto, mãos à obra. Afinal, piorar uma economia que já estava ruimnão está nos planosdele, pois projeta uma reeleição em2022. Mas a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) defende exata- mente o contrário: quanto mais o isolamento se expandir agora, mais rápido a economia poderá avançar. Entretanto, commilhares de quilômetros de fronteira com quase todas as nações da América do Sul, a falta de ações efetivas no Brasil pode prejudicar o trabalho dos demais países. Fronteiras fechadas não adiantam, pois sabe-se que a entrada de estrangeiros por regiões não oficiaisé uma realidade há muito tempo. Ou seja, a falta de amplo cuidado no Brasil pode pre- judicar o esforço que demais Esta- doslatinos fazem. Seria o momen- to de presidentes cobrarem ações mais rigorosas em países que não se preocupam com a coletividade. Entre eles, claro, o Brasil. Recentemente o Twitter deletou postagens de Jair Bolsonaro e Nicolás Maduro sob a alegação de que os con- teúdos violavam regras da rede social ao divulgar informações que colocavam a popu- lação em risco. Enquantoovenezuelanopublicouumarecei- ta caseira para combater o vírus, o brasileiro incentivou a população a sair às ruas. Seria cômico se não fosse trágico: Bolsonaro conse- guiu se eleger colocando medo na população sobre o risco do Brasil se converter em uma Venezuela. É visivel que os dois países nunca tiveram tantas coisas em comum como agora.

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