Diário do Amapá - 26 e 27/04/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / Um homem estava parado ao lado de um poço e olhava para o fundo. Uma criança se aproximou e disse: - O que tem aí dentro? - O amor, respondeu o homem, sem deixar de olhar para o fundo do poço,mas comum sor- riso no rosto por ter provocado a curiosidade do garoto. - O amor está escondido aí dentro? - Sim. - Deixa eu ver, gritou o menino. O homem virou-se para a criança, olhou-a com ternura e levantou-a at&eacut e; o ponto em que ela con- seguisse ver o fundo do poço.Segurou omenino por alguns minutos, já prevendo a sua reação. - Mas este sou eu, disse a criança, confusa. - Isso mesmo, respondeu o homem – agora tu sabes onde o amor está escondido. O que tem a ver essa velha historinha com a maravilhosa página dos discípulos de Emaús que e ncontram os neste Terceiro Domingo de Páscoa? Talvez nada, mas para mim pode nos ajudar a entender muito daquilo que eles expe- rimentaram não tanto exteriormente, quanto interiormente,nasmentese noscorações. Afinal, naquele diálogo, Jesus os ajuda a compreender o que aconteceu e acreditar naquilo que virá depois. O evangelista Lucas nos apresenta uma bela “liturgia”, única em si, mas ao mesmo tempo acess&i acute;ve l, também se diferente, aos cristãos do tempo em que ele escreveu o evan- gelho e hoje para todosnós. Não pos- so entrar em muitos detalhes, mas convido a pensar nas nossas missas e acompanhar o desenvolvimento do encontro. Os dois discípulos estão desanimados. As coisas não funciona- ram – e não funcionam mesmo – como eles planejaram e nem como nósgostaría- mos: tudo fácil, sem dificuldades, sem cruz. Então, valeu a pena acreditar no “profeta” de Nazaré? Jesus, o peregrino que compareceu de repente, faz perguntas e osdeixa desabafar para que sejam eles a dizer o que passa em seus âni- mos. Depois, ele toma a iniciativa, os chama de “sem inteligência e lentos para crer” (Lc 24,25) e começa a explicar-lhes as Escrituras. Agora tudomuda,são elesa escutar.Aspalavrasdaque- le, ainda desconhecido, já conseguem fazer os seus corações, como dirão depois. Assim acon- teceria se lêssemos a Palavra de Deus do jeito como ela deveria ser escutada: como uma “lâm- pada” para o nosso caminhar (Sl 119,105). O interesse é tão grande que os dois pedem ao estranhoperegrinopara ficarcom eles. Ele aceita o convite. Entra, não sabemos onde, e eisos três sentados a uma mesa comum pão que ele aben- çoa, parte e o distribui. São os gestos da Euca- ristia,osmesmos que Jesus tinha mandadorepe- tir “em memória” dele. Aí está o sinal incon- fundível e inequivocável da presença de alguém único e especial: o Senhor! Finalmente eles o reconhecem: é Jesus. Mais tarde,ao contar o acontecido aos outros discípulos, não dirão que o viram, mas que o reconhe- ceram “ao partir o pão”. Agora sabem quem é operegrinoque os tinha acom- panhado. Ele desaparece “da frente deles”, mas já não têm mais dúvidas e nem medo, sabem que Jesus está vivo e presente. Voltam para Jerusa- lém, onde o Mestre tinha sido crucifi- cado, ele venceu a morte. Chegamos aofinal de todas as liturgias: temos dois discípulos - a comunidade - a Palav ra e a E ucaristia,basta olhar com os olhos da fé para “reconhecer” o Senhor, cada vez, “ao partir opão”.Ainda há quem pensa que foi a Igre- ja a inventar a missa; não! Ela vem de longe, do início. Cabe a nós hoje reconhecer o Senhor e ajudar outros a encontrá-lo nas palavras e nos gestos que ele mesmo nos deixou. O que falta para que isso aconteça nas nossas Liturgias? Já falei da Fé. Agora vou lembrar a Esperança, por- que a comunidade reunida é o sinal da “nova” humanidade que, aos poucos, deve acontecer. Semmais divisões, intrigase disputas. Semmais necessitados e excluídos. Um só coração e uma só alma. Somente Amor, generosidade, compai- xão e misericórdia.Uma comunidade, grande ou pequena, germe e sinal do Reino que Jesus veio iniciar e que um dia chegará à plenitude. Quando nos encontramos , dever& iacute;amosdescobrir sempre onde o amor está escondido, para que não fique mais assim, mas saibamos espalhá-lo pelo mundo afora, na vida. É missão de cada um, por- que o amor tem o nosso rosto, as nossas mãos... palavra é ummeio privilegiado para comunicar no papel, no audiovisual e no digital. Não tenho duvida de que quem comunica tem um poder relevante sobre o público. Aliás, tem uma grande res- ponsabilidade que pode até determinar esco- lhas. Por isso, quem comunica deve sempre refletir a correta e objetiva comunicação. Certamente, isto não é fácil, mas, pelo menos, deve agir na transmissão das men- sagens, com total transparência. Isto se cha- ma responsabilidade de comunicação, capaz de garantir conforto e luz para se viver melhor. No entanto, se não tivermos responsabi- lidade, condicionaremos o próprio público a uma realidade de mentiras, de ansiedades e de desconfiança. Hoje emdia, a comunicação digital é determinante na vida comunicativa. Faz parte da essencialidade do nosso cotidia- no. Se posso dar uma imagem do que repre- senta essa comunicação digital, poderia com- para-la a uma casa, porém, uma casa total- mente nova, onde passamosamaioria do nos- so temponela. Éaqui que se vive hoje, embo- ra não a conhecemosmuito bem. Énessa casa que devemos analisar passo a passo para que não aconteça tropeços. Ter um conhecimento aprofun- dado tal dessa vida, nessa nova casa, queme permita evitar coisas ingratas e deturpantes. Não posso viver com o perigo e as ameaças, porque me tira a tranquilidade e a serenidade. Experimente pensar quando, por exemplo, uma porta de casa não se fecha ou uma torneira está vazando, logo a preocupação é tentar solucionar tudo isso. E, até que não seja resolvido, não vão ficar tranquilos. Assim é esse mundo digital que convivemos no dia a dia. Se não for bem conhecido, não conse- guiremos domina-lo e, portanto, nos vai dei- xar perturbados e preocupados. De fato, as fakenews são frutos desses não conhecimentos da realidade digital e, comoconsequências, se pode danificar a ver- dadeira notícia e todos que participaram nes- sa comunicação compartilhada. Desestabiliza a nossa vida! Assim sendo, é necessária uma educação digital que, por sinal, deve estar aberta para qualquer idade, a fim de que se possa entender toda a sua lógica, sua utilidade e natureza. Compreender como podemos conviver com ela para ter a máxima e correta capa- cidade comunicativa. Uma comu- nicação que exalta o ser humano e não que o degrade. Criar regras que ajudem a ter comportamentos que se possam alcançar em favor da promoção das pessoas. Quando se comunica a vida não morre e, por isso, é sagrada a comu- nicação também digital enquanto favorece isto. Na medida em que se comunica, também nas redes sociais se cria vida. Mas, atenção: o importante é criar relação de união e não de divisão e conflito. Entrar em relação com os outros é uma oportunidade para ter umintercâmbio de dons, de ajuda, como construção de uma vida de conjunto que favoreça, como nós estamos acostumados a dizer, a casa comum. Toda vez que nos abrimos aos outros para encontra-los tambémnessa comunicaçãodigital temosuma grande chance de dilatar osnossos horizontes sem fim. É assim que se vai além da morte.

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