Diário do Amapá - 01/08/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / ovidade no principio de ano 2020, o Coranavírus parecia ser um pequeno obstáculo a ser derrotado na primeira da batalha que os infectologistas derruba- riam em única intervenção e a China, e o resto mundo se livrariam da desprezível epidemia. Mas a previsão otimista se transfira como pessimista e o que era apenas consi- derado pequeno obstáculo, transformou-se, em pouco meses, em diabólica ruína para a saúde e o bem estar da população domun- do inteiro, comprometendo o maior valor da vida, que é a saúde. Depois da realidade transformada em pandemia, os recursos para conter o vírus, ora de forma positivo, ora vem a realidade interpretada como vacina, com versão a mais otimista para no final ou princípio do próximo ano, isso aliás, é a esperança do povo para o fim da doença. Enquanto a doença dá trégua em alguns países e estados, verifica-se o aumento do vírus, levando as autoridades sanitárias a temerem a chegada da segunda onda, moti- vo que leva a considerar que possa ser tão amarga como a primeira. O fato que o balanço geral do coronavírus não é favorável a oti- mização das atividades, comer- ciais e escolares em todos os níveis. No ensino básico, calcu- la-se que o andamento será pre- judicado, com alguns estados bra- sileiros praticamente admitindo a perda do ano letivo. No comércio, igualmente, o prejuí- zo é demasiado provocando o desem- prego em massa, na elevação de 13,1%, percentual que faz os empresários a pedirem as autoridades estaduais a liberdade na libe- ração do comércio quando encontram resis- tência dos governos, por serem eles, res- ponsáveis pelo equilíbrio na saúde da popu- lação. Os poucos governadores que tiveram a coragem política de arriscaram abrir algu- mas áreas do comércio, liberando a apro- ximação das pessoas, tiveram críticas em razão do aumento da Covid-19, de forma acentuada. Conclui-se então, autoridades médicas, governamentais e o povo não têm expectativa favorável para o Coronavírus sumir das nossas vidas, aqui e no mundo inteiro. Claro que minha intenção é escrever algo que anime o povo, pois de tristeza já estamos fartos. Porém, a missão de quem escreve é levar alegria, dentro da realidade que vivemos. Por exemplo, acompanhamos atentamente o noticiário da Organi- zação Mundial da Saúde (OMS) tudo que se refere ao vírus, presente malvado da China; e alguns conselhos e orientações nos servem de subsídios como autoridades para escrever. No caso da pandemia, o diretor geral da entidade escreveu que uma das formas mais eficazes para combater o Covid-19 é a união. Dizia que uma autoridade ou mais pensando diferente, maculava a maioria, vindo com rapidez, o desequilíbrio e a desunião. Enten- de-se que é preciso união contra um adver- sário invisível. A união não se refere apenas às autorida- des do governo, mas engloba também a população em seguir a orientação para evitar a propagação do inimigo. ão é incomum hoje, emmeio à crise do COVID-19, presenciarmos diver- sos indivíduos se manifestando a favor de Jair Bolsonaro. Inúmeras cidades brasileiras têm lotado as ruas com seus veí- culos e promovido palavras de ordem como "ditadura já"; "a economia não pode parar"; "o coronavírus não existe, é coisa da esquer- da" e por aí vai. Por outro lado, quemnão apoia oGoverno e vai contra as ideias desses manifestantes os têm considerado psicopatas, pois parece inconcebível: defender uma ditadura, se lan- çarmos o olhar na História para conhecer as consequências que esse regime já provocou; defender a economia, enquanto parte da população está definhando nos hospitais; e, principalmente, negar o vírus ou politizá-lo, já que é um problemamundial e não somente da direita ou esquerda brasileira. Tudo isso não somente coloca a vida do próprio indi- víduo em risco como a do próximo. Operfil de quem nega o coronavírus, que acredita que ele seja de esquerda e que quer a volta da economia, nada tem de psicopata. São indivíduos altamente moralizantes, sociáveise empáticos com seus semelhantes, diferente do psicopata, que apresenta uma falta demoralidade, sociabilidade e empatia. Amaioria dos indivíduos desse movimento em prol do Governo e de negação do vírustrabalham, têm famílias, muitos são bem-sucedidos, possuem uma escolaridade acima da média do brasileiro, ou seja, são mais privi- legiadosque grande parte da popu- lação. Então, a única conclusão a que se pode chegar é que eles são indivíduos normais. Essa normalidade é simples: está na frase "sempre foi assim"; é o que denominamos de status quo, ou melhor, aquilo que está estipulado como bom, belo e correto, para determinado grupo. Este gru- po de manifestantes entende o presidente como um herói messiânico. Seguem seus comentários radicalmente, mesmo que ele volte atrás depois. Sabemos bem que só exis- te um herói quando seu arqui-inimigo é cria- do para que nele seja projetado tudo o que é ruim, feio e errado. Reduzindo a consciência humana a uma dualidade de bom/ruim; cer- to/errado; bonito/feio. Tudo o que for novo para a realidade des- sesindivíduos será julgado e colocado ou na caixinha do bom ou na caixinha do ruim. Para estes indivíduos, a esquerda sempre esteve na caixinha do ruim/feio/errado. Ago- ra, colocaram nela oMandetta e oMoro; não à toa, as imagens do Moro como Che Gue- vara tomarama internet, recentemente. Não existem, para estes indivíduos, as nuances, os vários tons, a furta cor, etc.. Quem está nessa dualidade sempre irá enxergar e entender o seu grupo como o correto, o bom e obelo, e não será capaz de entender que em si também existe o errado, o mal e o feio. Ao não perceber em si tais características, acaba por deixar o próprio mal correr à solta, justificando com a frase "sempre foi assim"; ou "masisso é ruim/erradomesmo", etc.. Eles banalizam o mal que oshabita.Acaba tambémporenxergar omal somente no outro semolhar para si mes- mo, o que o leva a uma maior dualidade. Esses indivíduos normais, escolarizados e inteligentes têm tudo, menos um grau consi- derável de consciência. Não usam sua inteli- gência para pensar e discernir sobre omundo, maspara cumprir ordens; não conseguem per- ceber que o mundo não é feito de caixinhas, mas de complexidades; temmedo de tercons- ciência, pois é muitomelhor ficar no conforto de se julgar como bom, correto e belo e não enfrentar o mal que os habita. Contudo, é somente reconhecendo o ladrão, o esfomeado, o violentador em nós que iremos minimizar os danos ao próximo.

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