Diário do Amapá - 13/02/2020

/ / / / Consultórios repletos. Doentes morrendo. UTI sem vagas. Doentes no chão. A culpa é da doença. Escola sem professores, a culpa é da falta de verba. A dengue avança, a culpa é do munícipe. Multa-se o cidadão, mas as ruas estão empossadas. Transporte precário. Ônibus lotados. É preciso. Motos fervilham. Transporte para morte. Projetos sonhados. Engavetados. Arquivados, mas não saem do papel. Prometidos, mas nunca cumpridos. O povo enganado. Aumento salarial, só para quem não precisa. Políticos julgam em causa própria. O ilegal torna-se legal, mas nada justo. O imoral tor- na-se moral. O aético, ético. O que era certo passa ser errado. Chama-se de certo o errado. E o errado de certo. A mentira é dita tantas vezes, que se transforma em ver- dade. A manhã se vai. Quase ninguém voltou pra casa. Não vale à pena. O almoço é mortadela com pão e coca-cola. A tarde chega, sem esperança. A rotina do escritório é a mesma. As repartições públicasestão vazias. Os bancoscome- çara funcionar às 10hs e fecham às 15hs; só os operários, braçais e os professores continuam suas jornadas. Crianças são molestadas. Mulheres estupradas. A cida- dania vilipendiada. Ouvidorias que não ouvem. Correge- dorias que não corrigem nada. Prestadores de serviços mal humorados. Caixas de bancos carrancudos. Aten- dentes sem urbanidades. Comerciários parecendo não querer vender. Carros aceleram para o pedestre não passar. As fai- xas de pedestres atrasam o fluxo de veículos. A noitechega. Ruasainda escuras. Menoresprostitutas preparam-se par sair. Têm ponto certo. Crianças cheiram cola e fumam maconha. Jovens bebem, prostitui-se, per- turbam o sossego. Matam e são mortos. Assaltam. Furtam. Roubam. Estupram. Trabalhadores dormem. Os bandidos estão acorda- dos. À noite destroem praças. Picham a cidade. Cobram pedágio. Vendem drogas. Compram drogas. Fumam maconha. Cheiram cocaína. Trocam tiros com a polícia. Sempre morrem. Tanto faz morrer ou viver. Não faz dife- rença. Nasceram para morrer. A madrugada se vai. O dia começa, a rotina se repe- te. Triste. Horror! Tragédia! Estupefação! Perplexida- de! Assim caminha a humanidade. maré bate com furor o quebra-mar. O vento desali- nha os cabelos das jovens passeantes. As pessoas andam apressadas. Ashoras voam. Parece que falta tempo para tudo. Os car- ros passam como bólidos. As pessoas pouco conversam. Parece conversarem consigo mesmo ao celular. Temas coti- dianos discutem. Outras pensam. Vendedores ambulantes gritam. Bancas de revistas aber- tas; vendem notícias e entretenimento. Manchetes chocan- tes. Formadores de opiniões criticam tudo. Governantes, custo de vida, estradas esburacadas, corrupção, políticos de direita, políticos de esquerda, direitos humanos, respeitos aos diferentes. O guarda de trânsito não mais apita. Já existe semáfo- ro. Trânsito caótico. A sirene dispara. BOPE na rua. Ban- didos assaltaram. Não é mais notícia. Morre um inocente. Não reagiu. Não tinha dinheiro. Dinheiro para alimentar o tráfico. O dia começa. Bancos repletos, filas intermináveis. Repartições públicas repletas, tratamento desumano. Hospitais repletos. Doentes amanhecidos gemem de dor. Atendentes estressados. Médicos quase neuróticos que como qualquer doente precisam ser internados. O comandante da Marinha do Brasil, almirante Ilques Barbosa Junior, informou quea autoridade marí- tima vai chancelar um novo aumento do calado opera- cional na Barra Norte do Rio Amazonas – equivalente a 2 mil toneladas a mais de carga na foz do rio-mar. Arquivo

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=