Diário do Amapá - 18/02/2020

/ / / / escrever ou receber uma carta – um pedaço de papel manchado de lembranças, sonhos, espe- ranças, juras de amor eterno, sofrimento e amar- gura. Muitas cartas de amor escritas por grandes personalidades da História, foram conservadas pelo tempo. Elas mostram aspectos que nenhum outro documento histórico preservou. Além dis- so, refletem as características e o espírito da épo- ca em que foram escritas. Por fim, cada uma delas documenta uma paixão. Napoleão Bonaparte era um simples oficial quando, em 1794, encontrou Josefina, uma jovem viúva bastante conhecida na sociedade parisien- se. Eles se casaram dois dias antes de Napoleão viajar para a campanha da Itália. Napoleão escre- veu muitas cartas para ela, principalmente duran- te suas campanhas. As cartas eram selvagens, ansiosas, apaixonadas. Ela raramente respondia. Poetizei uma apaixonada carta de amor de Napoleão para Josefina. Ei-la: Querida, com você acordei hoje muito cheio / As loucuras da noite passada, descanso não me dão. / Sua imagem, seu prazer enlouquecido, sabo- reio, / A dor é inigualável Josefina, meu coração / De estranha forma está você em minha vida,/ Penso, imagino que você está com raiva de mim! / Vejo triste sua imagem com minha ida/ a sau- dade parte minha alma, com dor sem fim. / Amor meu, você impede o meu descanso. / Como pos- so descansar? Com esse sentimentono ser. / Quan- do nos seus lábios e no seu coração penso / Seu retrato perde o encanto, quando o comparo com você. / Três horas, após o meio dia, estarei com você./ Até lá,milharesde beijos, “Mio dolce amo- ré”, / mas, não me dê nenhum, até o alvorecer./ Põe fogo no meu sangue, teus beijos que flore. Poesia escrita baseada em uma carta de amor à Josefina. artas de amor se tornaram românticasdemais para hoje? Mas homens e mulheres do pas- sado as escreveram. Com estilo e conteúdos que são verdadeiros documentos da época. Ainda há quem escreva cartas de amor. Mas, hoje, essa arte está desaparecendo. Vivemos em uma era de aviões supersônicos e foguetes espa- ciais. Com a internet, as cartas caíram de moda. A comunicação entre duas pessoas agora é feita de outras formas: no diálogo direto há sons inarticu- lados, gestos, expressões, que dizemmuito do que não se sabe ou não se pode dizer. E tudo isso toman- do o lugar das fórmulas de uma carta. Levando a correspondência amorosa ao declínio. A articula- ção necessária na palavra escrita, desacompanha- da de gestos e sons, exige um esforço de auto-refle- xão. Mas haverá alguma forma de comunicação que tenha o significado de uma carta de amor? É provável que nada substitua a felicidade de Matriarca de tradicional família política local, a ex deputada Francisca Favacho reuniu várias lideranças locais em sua festa de aniversário e ratificou determi- nação com a vida pública. Completou 6.5 e foi logo avisando: “Ainda não parei!”. Foto: Maksuel Martins

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