Diário do Amapá - 23 e 24/02/2020
Conheça os tratamentos que surgiram meio sem que- rer e revolucionaram a forma como encaramos diversas doenças. Há 90 anos, o cien- tistainglêsAlexanderFleming inaugurou uma nova era ao descobrir a penicilina, o pri- meiro antibiótico da história. Na receita desse marco, há uma boa dose de sorte. 1799 – Anestesia O inglês Humphry Davy (1778-1829) foi o primeiro a relatar o efeito anestésico do óxidonitroso,o“gásdoriso”. Anos depois, o dentista ame- ricano Horace Wells (1815- 1848) assistia a um espetácu- loquando um dos participan- tes, depois de inalar o gás, machucou a perna e não sen- tiu dor. Intrigado, Wells fez uma experiência: pediu para um estudante arrancar seu dente sob o efeito do gás. A extração foi indolor. 1870 – Aspirina O alemão Felix Hoffman (1868-1946) testava o extra- to da casca de uma árvore, o salgueiro,nocombatea infec- ções. Nos primeiros testes, a pílula sintetizada a partir da salicina — o princípio ativo da planta — não alcançou bom resultado.Poroutro lado, reduziu a febre. Para evitar que o remédio causasse quei- maçãonoestômago,eleacres- centouà fórmulaa substância acetil. Nascia, assim, o ácido acetilsalicílico, que a Bayer popularizou como Aspirina. 1879 – Adoçante A sacarina foi descoberta pelo russo Constantin Fahl- berg(1850-1910)quandoele trabalhavacomderivadosde alcatrão de carvão em seu laboratórionosEstadosUni- dos. Curiosamente, o cicla- mato de sódio e o aspartame também foramdesvendados por obra do acaso: o primei- ro em 1937, numa pesquisa para um remédio contra febre, e o segundo em 1965, em um estudo para achar uma solução contra úlceras. 1889 – Insulina Os cientistas alemães Joseph von Mering (1849- 1908) e Oscar Minkowski (1858-1931) removeram o / pâncreasdeum cãoparaestu- dar o que aconteceria e logo perceberamqueaurinadoani- mal passouaatrairmoscaspor causa do açúcar. Eles consta- taramque aglândulaeraindis- pensável para o aproveita- mento da glicose. Em 1921, pesquisadorescanadenses iso- laram o hormônio responsá- vel por isso, a insulina. 1895 – Raio X O físico alemão Wilhelm ConradRöntgen(1845-1923) analisava um tubo de raios catódicos — tubo de vidro através do qual passa um fei- xe de elétrons — quando notou um efeito curioso. Ao ligá-lo, ele percebeu um bri- lho projetado em uma placa fosforescente. E esse brilho persistiamesmosefossecolo- cada uma folha de alumínio entre o tubo e a placa. Quan- do botou a própria mão, des- cobriu que podia ver seus ossos na imagem projetada. 1928 – Penicilina O inglês Alexander Fle- ming(1881-1955)investigava bactérias do tipo estafilococo quandosaiudefériase esque- ceu,em cimadamesadolabo- ratório,uma de suasamostras do micróbio. Ao voltar, viu que havia aparecido mofo no local,e este impedia asbacté- riasdese multiplicarem.Con- cluiu, então, que uma subs- tância do fungo Penicillium notatum estava por trás desse efeito. Despontava a penicili- na, o primeiro antibiótico. 1956 – Marca-passo O engenheiro americano Wilson Greatbatch (1919- 2011) construía um dispositi- vopara gravarbatimentoscar- díacos quando, por engano, retirouoresistorda caixaerra- da.Depoisdemontá-lo,notou que o circuito emitia pulsos elétricos.Logo, imaginouque essa estimulação poderia aju- dar em um colapso do cora- ção. 1964 – AZT OamericanoJerome Hor- witz (1919-2012) sintetizou essadroga quandopesquisava alternativas para tratar a leu- cemia. Como não obteve o resultado esperado, ela foi arquivada.Dezanosdepois,o alemão Wolfram Ostertag (1937-2010)demonstrouque o remédio tinha efeito sobre um vírus parecido com outro que se conheceria mais tarde, o HIV. Em 1986, os EUA aprovaram o uso do AZT comooprimeiromedicamen- to contra a aids. (Ilustrações: Thiago Almeida/SAÚDE é Vital)
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