Diário do Amapá - 23 e 24/02/2020

/ / / / / / / / baldes ou cacimbas para as vias públicas a fim de sujarem os transeuntes. Sujos e em blocos, os baderneiros não tinham res- peitoporninguém. Oscomponentesdabrincadeiraeramrotula- doscomo“blocodesujos”ou“arruaceiros”Apráticasómudou depoisque a polícia foi obrigada a intervir para civilizar o jogo selvagem.Osbrincantespassaramausar águaperfumada, vina- gre,groselhaevinho, semprecomopropósitodemolharesujar quepassavadesprevenidopertodabaderna. Ousodebisnagase limõesdecheirocessouquandoocorreua introduçãodaserpen- tina, em1892e do Lança-perfume, em1911. Em1846, o Teatro São Januário passou a concorrer como Hotelda Itália,emboraseusfreqüentadoresnão tivessemosmes- mos requintes do promotor pioneiro. Em1846, o sapateiro por- tuguêsJoséNogueiradeAzevedoParedes,queresidianoRiode Janeiro,saiupelasruasdobairroondemoravabatendoumbum- bo nahorizontal.Nasbandasdemúsicadaépocaobumbosem- preera tocadonavertical,comoscourosvoltadosparaoslados. Anovidadenãopassoudespercebida, dandoorigemaosurdode hoje. Por onde o José Pereira passava os foliões o seguiam for- mandoblocoscompostosapenasporhomens. Aaçãodesenvol- vidapelo ZéPereiraeraumvelho costumepraticado emPortu- gal. Nocarnavaldoanode1847,surgiramoutrosanimadoresda folia. Aocontráriodoque muitospensam, a famosaquadracar- navalescaqueenalteceoZéPereiranãofoicantadaporeleesim pelo comediante Francisco Correia Vasquez integrante de uma companhia teatralque levouà cena, em1896, aparódiade“Lês PompiersdeNanterre”(OsBombeirosdeNanterre),naqualapre- goavaosméritosdegrande animador do JoséNogueira. Embo- raosobrenomedoanimadolusitanofosseParedes,opovoenten- diaque elepronunciavaPereira, daí ter passado àhistóriacomo ZéPereira.AquadraoriginalcantadaporFranciscoCorreiaera: “EvivaoZé-pereira Pois queaninguémfazmal Vivaa bebedeira Nosdiasdecarnaval” Em1886, os jornaisclassificavamcomocordõesosgrupos de foliões mascarados e provocadores. Seus integrantes saiam fantasiados, satirizandopersonalidadeseautoridades. Estescor- dões lembravamosantigoscortejosdenegrosqueparticipavam das procissões de Nossa Senhora do Rosário. Os instrumentos usadoseramoschocalhos,tambores,reco-recoecuíca.Umsujei- to tocando apito comandava a folia. Em 1870, os bailes carna- valescos realizados em casas de espetáculos se generalizaram. Noano seguinte, atémesmo oImperial Teatro Pedro II aderiuà moda, seguido depois pelo Teatro Santana, cujos bailes torna- ram-sepopularíssimos. Em1879, umrinquedepatinaçãodeno- minado Shating Rink promoveu umbaile que se estendeu até o romper do dia. No final do século XVIII existiamvários clubes dançantespromovendofestascarnavalescas.AtémesmoaSocie- té Française de Gymnastique, cujo público era rigorosamente selecionado. Nosbailesdeantigamente, quando aindanão exis- tiamasmúsicascarnavalescas, oritmoqueprevaleciaera apol- ca, seguida da quadrilha, da valsa, do tango, do charleston e do maxixe.Aprimeiramúsica realmentecarnavalescaéapolca“Ô AbreAlas”, compostaporChiquinhaGonzaga, em1899, parao CordãoRosasdeOuro, queensaiava próximoàcasadacompo- sitora.Aindahoje,noslocaisaondesãorealizadasfestasdesalão, ela ébastanteexecutada. s origensdo carnaval são bemantigas ea ruidosa festivi- dade provavelmente ganhou notoriedade em Roma, nas saturnaisdecunhoreligioso.Ocarnavalrigidamentefalan- do, começanaepifania, nodiadosSantosReiseseesten- deatéa4ªfeiradecinzas,vésperadaquaresma.Écomemoradono mundo todo, variando as características, massempre festa profa- na de caráter popular. As festas de carnaval têminiciono domin- go daquinquagésisima, estendendo-se na 2ª e3ª feirasseguintes, período emquesepromovem festasebailesde fantasia. EmPor- tugal, o carnaval é o período sem restrição para comer carne, em contraposiçãoàquaresma, tempode jejumobrigatório.Sãofamo- sososcarnavaisde Nicee Paris, naFrança; Veneza, Romae Flo- rença,naItália;Munique,naAlemanha;Montevidéu,noUruguai; Buenos Aires, na Argentina. Entretanto, é no Brasil que o carna- valadquiregrandeexpressão,principalmentenoRiodeJaneiro,Sal- vadoreRecife.OprimeirobailecarnavalescorealizadonoRiode Janeiro, aconteceu nos salões do Hotel da Itália e data de 22 de janeiro de 1840. Os proprietários do famoso hotel, influenciados pelasnotícias do sucesso dosgrandesbailes de máscarada Euro- pa,procuraramimitá-los.Oêxitofoitãogrande,queobailefoirepe- tidonodia20de fevereiro. Realizado em local fechado e livre da violência do entrudo desenvolvido nas ruas, o baile ganhou fama e passou a ser levado a efeito anualmente. O entrudo português prevaleceu no Brasil colonial e monárquico, sendo a forma mais generalizada de brincar o carnaval. Era um folguedo violento e consistiaematirar contraaspessoas água, através de bisnagas ou limõesdecera.Osmaledicentesseencarregaramde incluirprovi- sõesdepósoucal, esteprovocandoqueimaduras. Osmaisbanda- lhos misturavam incrementos com água, levando o produto em

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