Diário do Amapá - 23 e 24/02/2020
/ Professor de Turismo eHotelaria / estrutura no que concerne à capacidade com pelo menos mil a mil e quinhentas pessoas. O que nós trabalhamos hoje são pequenos eventos com 400 a 600 participantes até mesmo em decorrência da própria capacidade hoteleira que a cidade apre- senta – hoje em torno de 1 mil a 1,2 mil leitos. Diário – E em relação à formação de mão de obra para a indústria hoteleira, professor, já que é uma praia digamos assim, lá nos cursos de turismo do CEPA? Paulo – Isso, nós trabalhamos principalmen- te com o programa federal Pronatec, hoje com a especificação de Mediotec, na formação de téc- nicos em hotelaria, onde o Cepa JOB já formou em torno de 60 pessoas. Mas dentro dessa con- cepção dos programas federais do Pronatec, nós já tivemos outros cursos para a segmentação hote- leira, como recepcionistas, governantas, arruma- deiras, entre outros, como agora estamos con- cluindo o curso para técnicos em guias de turis- mo lá em Oiapoque e em Mazagão Novo. Paulo – Sim, com certeza, daí a importância da qualificação de mão de obra, ou seja, preparar o seu empreendimento como agência de viagem, hotel, pousada, restaurante, para essas futuras demandas, que vem com planejamento. Eu creio que nós temos um plano estadual de turismo e que agora é preciso pontuar cada etapa, ver o que está precisando ser feito e modificado, atualizado, pois lembro que foi lançado à época da secretária Cin- tia Lamarão na Setur. Falta a aplicabilidade cor- reta, adequações, investimentos. Diário – Obrigado por sua entrevista pro- fessor e bom trabalhado na formação dessas novas gerações do profissionais do turismo. Paulo – Obrigado e mais uma vez deixo um abraço aos nossos alunos, nossos colegas na área do turismo que nos acompanham e aos nossos lei- tores. Para terminar, posso dizer que o turismo é aquilo que a gente costuma dizer bem no popular, “uma cachaça” que a gente tem dificuldade de sair... [risos] Um abraço a todos! / Eventos.. / Mão de obra... Perfil... / O professor Paulo de Tarso Gurgel tem 65 anos, nasceu em Caraúbas/RN, mas mudou-se aos três anos para o Amapá. É bacharel em Turismo, pós-graduado em Elaboração e Avaliação de Projetos e ainda possui licenciatura plena em História, sempre pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Foi diretor do DETUR (Departamento Estadual do Turismo) e depois com a criação da SETUR (Secretaria Estadual do Turismo) atuou como diretor de Desenvolvimento do Turismo. Desde 2000 é professor e coordenador dos cursos de turismo e hotelaria do CEPA JOB (Centro Profissionalizante do Amapá). Diário do Amapá – Professor, recente- mente uma brasileira deu o que falar ao pos- tar um vídeo em tom de desabafo a respeito de como as mulheres do Brasil são tratadas no exterior, preconceito e exploração sexual no debate. O que o senhor acha disso? Paulo Gurgel – Eu creio que tudo passa por essa questão macro, um olhar global, pois assis- timos todos os dias na televisão, nos rádios e nos jornais a questão da migração, as pessoas sain- do de seus locais de origem ou de nascimento por várias situações, guerras, fraticidas, dentre outras, mas principalmente a questão econômi- ca. E sempre vai ocorrer por parte daqueles que os recebem uma animosidade. O Brasil hoje pas- sa por isso, com a questão dos venezuelanos em Pacaraima, em Roraima. O Brasil está regulari- zando aqueles irmãos, vamos dizer assim, é uma questão crucial inclusive, saber que tipo de habi- litação, formação ou qualificação possuem para inserir esses cidadãos no mercado de trabalho. É difícil, pois já estamos numa crise que não atende às nossas próprias peculiaridades, condi- ções, imagine os estrangeiros. Diário – E sobre esse recorte especifica- mente, das mulheres brasileiras professor? Paulo – Sim, outro grave problema, sobre como a mulher é vista ao sair do seu próprio lar, do seu próprio país para buscar o emprego, a pró- pria valorização profissional, enfim, então enten- do também ser uma questão global. Diário – Um estudo recente de um pesqui- sador da Unifap, o professor Manoel Pinto, diz que em relação à Guiana Francesa as bra- sileiras na verdade não estariammais naque- la estratégia de arrumar um casamento por lá para conseguir se legalizar. Paulo – Sim, endossamos o que ele concluiu, que inclusive está trabalhando com o curso de guias de turismo, com a história regional no muni- cípio de Mazagão, e com certeza essa visão que ele tem sobre essa questão trabalhista, da ques- tão das migrações, dentro de uma contextualiza- ção na história e também sobre o que nós pode- mos trabalhar o turismo. Não estou dizendo que essa questão do deslocamento tem a ver com turismo, mas é que o turismo é essa atividade multidisciplinar, então nós estamos engajados com a geografia, com a sociologia, a história, entre outras disciplinas. Diário – Outra questão abordada pela bra- sileira no vídeo tem a ver com a imagem sen- sual e de libido exacerbada da mulher, inclu- sive por muito tempo a folheteria, os impres- sos de divulgação do Brasil no exterior usou imagens de mulatas no Carnaval ou de moças de biquíni nas praias do Rio não é mesmo? Paulo – Sim, contribuiu negativamente para a própria imagem do Brasil lá fora, usando a mulher neste sentido, num estereótipo mesmo. Diário – E esse estudo do pesquisador da Unifap mostrou ainda que as mulheres brasi- leiras hoje querem mesmo é dominar o idio- ma e buscar uma colocação no mercado de trabalho lá na Guiana Francesa. Paulo – O que é muito bom, afinal aquela história de arrumar casamente ficou para trás, afinal elas concluíram que o choque cultural é muito grande, não compensa. Mas devo dizer ainda que em relação ao mercado de trabalho do turismo as mulheres aqui no Amapá são maioria, eu creio que temos mais mulheres atuando em gerenciamento do que o próprio homem. Isso nós temos dados, levantamentos das agências de viagem, gerenciamento de hotéis, entre outros setores onde a mulher está muito presente. Diário – O ano começou com esperanças renovadas para o setor do turismo por aqui, com dinheiro alocado para a cons- trução de um centro de convenções e com a abertura do calendário de cru- zeiros passando por aqui. O senhor também está otimista? Paulo – Sim, realmente, essa ques- tão do centro de convenções é uma luta antiga, desde a criação da própria Secre- taria Estadual do Turismo, com a ex ministra de políticas para a mulher, Fátima Pelaes como a primeira titular, tendo inicia- do essas tratativas ainda com o Jurandil Juarez [parlamentar à época] com a primeira proposta para o lançamento da obra de um centro de con- venções. É, portanto, uma luta quase que dan- tesca sobre isso, que nós precisamos muito para a captação de eventos e de espaços condizentes para a realização desses eventos. Macapá é uma das últimas cidades em que as pessoas querem fazer os seus eventos profissionais, de engenha- ria, de medicina, pois nós não temos essa infra- O professor na Diário FM explica desafios para o setor de turismo do estado do Amapá em 2018. Daía importânciada qualificaçãodemãode obra,ouseja,prepararoseu empreendimentocomo agênciadeviagem,hotel, pousada,restaurante,para essasfuturasdemandas,que vemcomplanejamentoe investimentos. CLEBER BARBOSA Da Redação
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=