Diário do Amapá - 28/02/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / regime que chamamos democracia é um bicho extremamente complexo. Suas características foram evoluindo desde as experiênciasem pequenas cidadesgregasno4º e no3º século antesdeCristo,quandohábeis tribu- nos levavam a “massa” a aprovar suas ideias e o decretoanunciava “opovodecidiu...”,atéosaltos padrõesexigidoshoje.Jáno início,acoisa eratão problemáticaquePlatão,seucontemporâneo,afir- mouna República queo “excessode democracia levaria, inevitavelmente, à tirania”. No início do século19, o grande Alexis de Tocqueville escre- veu A Democracia na América, mesmo quando nosEUA haviaescravidão,asmulheresnãovota- vam e os indígenas espoliados não tinham cida- dania.Noséculo20,aréguafoi ficandomaisalta. O ponto de partida sobre o qual se constrói o sistema democráticoé a existência de uma socie- dadedehomensquesequerem “livres”e se acei- tam como “iguais”. Organizam-se e concordam que haverá: 1. Um governo exercido por representantes eleitos. 2. As eleições serão frequentes e honestas. 3. Absoluta liberdade de expressão. 4.Amploacessoàsfontesde informaçõesque não estejam sob controle do Estado. 5. Absoluta liberdade de associação, seja em partidos políticos, seja em grupos de interesses visíveis. 6. Completa integração de todos os cidadãos residentes. Temos todas as condições para cons- truir uma democracia, mas não será tão simples. O processo eleitoral que estamos vivenciando precisa ser sujeito a uma profunda reflexão. Afinal, é nele que nos preparamos para testar novos caminhosdepoisdeumadécadadesas- trosa(2006/2016),naqual registramos umdospiorescrescimentosdoPIB per capita do último século. Apesardesignificativasmelhoras ins- titucionais, assistimos, nos últimos 40 anos, à liquidação do “espírito de cresci- mento” que envolveu o País de 1939 à crise dopetróleo(1979/1980).Oselvagem espetáculo que o maculou no último dia 5 foi uma tragédia pessoal e um alerta sobre os perigos que sempre ameaçam ademocracia.Produziumaispessimis- mo com o reconhecimento da barbárie que vai dissolvendo a hipótese generosa de uma “huma- nidade altruísta” ínsita na natureza do homem. Bastaolharparaareaçãonasnaçõesmaisedu- cadasemaisdesenvolvidasdo antiquíssimocon- tinente europeu(e agora,até aSuécia)paraassis- tirmos, horrorizados, à resistência em aceitar o “outro”. Ela coloca em dúvida a sua validade. Assistimos à morte da generosa crença de que o mundo é um arquipélago com “ilhas” habitadas por cidadãosdispostosasacrificar-separa atender os vizinhos. Quando vemos o homem como ele é,despidodaromântica “humanidademoral”que lhe atribuímos, vivemos tempos normais. Trata- se de um animal territorial, dotado pela seleção biológica de um terrível e perigoso instru- mento –a sua inteligência.Como ela sub- meteu a Natureza que ocrioue inventou sofisticados preconceitos para separar- se em tribos que se veem com descon- fiança dentroe forados limitesdo“ter- ritório”queocupacomo“seu”e noqual estabelece “suas” leis. Pesquisas antropológicas recentes acumulam cada vezmaioresevidências de que só ohomem écapaz de,em nome de crenças sem nenhum suporte factual, desenvolver poderosas “teorias” para justi- ficar pavorososmassacresde sua própria espé- cie, quando as põem em outras “tribos”. A suprema esperança do sistema democrático é que através da Lei – que a todos submete – seja possível um compromissoentreindivíduos“livres” e “iguais” de empenharem-se numa honesta e razoavelmente racional discussão de seus proble- mas e – diante da realidade física que condiciona a vida social e econômica – deliberarem sobre o que supõem ser sua melhor solução. Ahistória mostra que esta éa única alternativa que permite a transição pacífica do poder para testar novas soluções. Obviamente, nada está garantido, devido às paixões próprias da natureza do homem. Asua“humanidade”estásujeitaa serdominada pela“animalidade” sempre que incorporara crença de sua superioridade sobre o “outro”. É por isso que o “Eu” ou “Eles” é a agonia da democracia e o caminho seguro para a sua morte. uando a Embraer foi criada, em 1969, a indústria aeronáutica não era menos competitiva doque é hoje.Foram neces- sárias muitas horas de trabalhode pessoas ousa- das ecorajosaspara que,em 1977, oBandeirante fizesse sua estreia internacional no Salão Aero- náutico de Le Bourget. Desde então, a Embraer se dedicou a identi- ficar certos nichos de mercado, amparada por uma reconhecida capacidade técnica e de ino- vação, tornando-se líder mundial na fabricação de jatos de passageiros de até 150 assentos, ingressando no segmento da aviação executiva com produtos inovadores, como o jato Phenom 300, que há anos é o modelo mais vendido de sua categoria. Sua participação internacional na área de defesa,cujo expoente atualmente é o jato de transporte multimissão KC-390, é crescente. Em outras palavras, a Embraer que ajudei a fundar se tornou, ao longo desses anos todos, um ícone que simboliza acapacidade e qualidade da engenharia brasileira em um segmento de ponta, que sempre utilizou tecnologia de última geração. Dia apósdia, sempre commuito empe- nho e trabalho,conseguimosconquistar oscora- ções e mentes dos brasileiros para um projeto que hoje é orgulho do nosso povo. Chegou agora um novo momento de tomada de decisões importantespara entrarmosemoutra rota,sujeitaaos mesmosriscosdo passado,quan- do começamos a construir a companhia, que hoje é a terceira maior exportadora do Brasil, gerando divisas relevantes e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do nosso país. A verdade é que a indústria aero- espacial global está passandopor uma profunda transformação.Aconsolida- ção entre fabricantes e fornecedores já está provocandograndeimpactona competitividade do setor.Paísescomo Japão, Rússia e China, contando com apoios governamentais e concentração nos jatos de até 150 assentos, estão dis- postosaganharmercadosexternosem área na qual a Embraer é hoje líder mundial. É muito difícil continuar mantendo uma posição de destaque emmercadoscompetitivos como a indústria aeroespacial. A Embraer está muito consciente deste cenárioe suas lideranças têm procurado e estudado formas para manter sua competitividade no futuro e continuar cres- cendo,gerandoainda maisdivisase contribuindo para odesenvolvimentodoBrasil.Neste sentido, surgiu a oportunidade da parceria estratégica com aBoeing,a maiorfabricante de jatoscomer- ciais do mundo. A parceria permitirá à Embraer novamente se transformar,ficar maisforte e preparada para competir nos próximos anos. Juntas, as duas empresas poderão criar produtos e crescer, explorando oportunidades nos mercados. A Boeing reconhece a expertise da engenharia e a qualidade da mão de obra da Embraer. OBrasil será o centro de excelência da nova ope- ração, garantindo produção, criação de empregos e ainda mais exportações. Em 1994, como todos sabem, a Embraer foi privatizada. Ousadia para tomar as decisões corretas e criar as oportunidades necessárias para o futuro foi uma marca daquele momento. A história está se repetindo com a parceria estratégica com a Boeing. Entre outras vantagens, ela for- talecerá ambas as empresas, posicionan- do-as para competir no novo cenário glo- bal da indústria aeroespacial. A verdade é que estamos diante de uma negociação de grande importância e que as lide- ranças da Embraer estão realizando da melhor maneira, permitindo alcançar investimentos sérios, bons resultados e geração de empregos, assim como nós fizemos no passado. Com linhas de produtos complementares, filosofias de tra- balho e culturas semelhantes, dedicadas à ino- vação e excelência, a parceria se beneficiará de uma cadeia global de suprimentos, com forne- cedores nossos e uma rede de serviços que for- talecerá as marcas Boeing e Embraer. Dediquei a maior parte de minha vida à cons- trução desta empresa que tanto orgulha os bra- sileiros hoje, e vejo esta nova rota como essen- cial na construção do seu futuro. Este passo é fundamental para que a Embraer possa voar mais longe.

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