Diário do Amapá - 05 e 06/07/2020
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / ma pesquisa sobre religião, teoria e prática, realizada em 2001, com jovens e adultos de bairros de Belém indicou que muitas pessoas passaram a fre- quentar as Igrejas evangélicas. As mais fre- quentadas sãoUniversal, Seitas Pentecostais, Assembleia deDeus eQuadrangular. Apesar da maioria dos entrevistados ser da religião católica, ficou evidente, ou quase, o grande desconhecimento sobre a Igreja. De questões maissimples de catequese como os dez man- damentos e os sacramentos da Igreja, até questões mais profundas da Igreja como o funcionamento da paróquia, a maioria dos entrevistados mostrou desconhecimento. O importante que a pesquisa desnudou foi uma tendência cada vez maior de fiéis não praticantes que, na verdade, conhecem pouco ou quase nada da Igreja que partici- pam. Dizem-se católicos por tradição da família ou por influência de terceiros, mas em geral vão à missa eventualmente nos momentos de festa da Igreja. Isso indica que há umamassa de pessoas que se dizem cató- licas, mas não praticam os ensinamentos doutrinais. Destaca-se na pesquisa uma maioria de jovens, emgeral de famílias de classe baixa, que vive de 1 a 3 saláriosmínimos. Os dados indicam uma tendência clara dos jovens para o desapego ao modelo eclesial tradicional que não responde mais as exigências do mundo contemporâneo. O fato da Igreja Católica no Brasil, nos últi- mos10 anos, ter investidomais na construção de um estilo de Igreja que valoriza muito mais o louvor, com aspectos espiritualistas, emdetri- mento da vivência de uma espirituali- dade libertadora que engaja as pessoas em pequenas comunidades e paróquias é um dos fatores que incidem nessa mudança. A prática recente de querer tão somente encher as paróquias sem processo de for- mação catequética e eclesial coloca a Igreja Católica na direção de dois dilemas: manter o número de católicos atual, mesmo consi- derando que a grande maioria sabe quase nada da instituição, e investir na espiritua- lidade que não liberta para manter fiéis que não conhecem nada da doutrina da Igreja, portanto, incapazes de construir uma Igreja engajada e libertadora. É importante destacar que ao não se inte- ressar por esses problemas que considera- mos serem cruciais para o avanço da Igreja Católica, entendemos que se coloca em crise uma instituição his- tórica que, de pouco a pouco, perde espaço para as seitas e as outras Igrejas cristãs. A pesquisa é reveladora de uma situação que precisa ser enfrentada pelos líderes católicos: declínio do número de fiéis que migram para outrasIgrejas e crenças; e o aumento cada vez maior de jovens que são católicos não por terem paixão e acreditarem na doutrina da Igreja, mas tão somente por uma questão familiar e outras que advém, como a não exigência de partici- par da Igreja seguindo os ensinamentos e res- peitando a sua doutrina. As motivações missionárias, evangélicas, paixão pelo paradigma de Igreja Católica, aceitação da simbologia, do discurso, cada vez mais seduzemmenos e influenciam pou- co na vida dos católicos que encontram pou- cas respostas para justificar a sua fé em um modelo de Igreja do qual sabem pouco ou quase nada. Depois de 19 anos esta pesquisa é ainda válida? Tem algo que melhorou ou piorou? Eis as questões! m famoso produtor cinematográfico suscitava a curiosidade de todos, por- que tinha o costume de usar as esca- darias de serviço do edifício onde trabalhava todo dia e nunca aproveitar do elevador. Um dia, o pessoal quis saber o porquê dessa escolha. Ele simplesmente respondeu: - Seria mais fácil usar o elevador, mas eu prefiro a minha “escada de oração”. Pela manhã, subo a escadaria devagar e, assim, tenho alguns minutos de oração. Peço a Deus que me dê luz para tomar as decisões certas ao longo do dia. Lembro-me dos milhares de pessoas que trabalham nasminhas empre- sas e os milhões que irão assistir aos nossos filmes. Ao entardecer, desço também a esca- da para ter tempo de agradecer ao Senhor pela sua ajuda. Muitos devem ter pensado que era um esforço inútil e uma burrice. Podia rezar em outro lugar e em outro momento. Verdade. No entanto, para aquele senhor, muitas coi- sas se passavam por sua cabeça subindo e descendo as escadarias. Orar aDeus e preo- cupar-se com a situação dos demais tornava leve a sua fadiga. Quem age por amor, não sente, digamos, tanto assim, o peso do seu esforço. A certeza de ajudar alguém alegra o coração e multiplica as forças. Ao contrá- rio, quando fazemos as coisaspor obrigação, por interesse ou sem nenhuma motivação significativa, tudo fica maiscansativo e bus- camos encontrar todas as formas possíveis para aliviar, ou mesmo burlar, os nossos compromissos. Este é, em poucas palavras, o ensinamento do evange- lho deste domingo. Jesus fala do “jugo” e do “fardo” dele que, para quem os carrega com o mesmo espírito amoroso, tornam-se “sua- ve” e leve”. Será que acreditamos nisso? Antes, porém, vamos lem- brar outras palavras do trecho evangélico deste domingo, no qual Jesus louva ao Pai porque esconde certas “coisas” aos sábios e entendidos e as revela aos pequeninos. Que “coisas” serão essas? Continuamoscom a leitura do evangelho de Mateus. Jesus lamenta a incredulidade das cidades por onde passou. O anúncio do Reino foi acompanhado por sinais. Justa- mente aqueles que os profetas tinham apon- tado como distintivos do “messias”. Foi tam- bém lembrando esses mesmos sinais que Jesus respondeu à pergunta de João Batista se era ele, Jesus, o esperado ou se deviam aguardar outro. Com todas essas manifes- tações, os moradores daquelas cidades não deviam ter reconhecido e acolhido Jesus como o “ Cristo”? Não foi bem assim e nós conhecemos o desfecho damissão de Jesus. Com esta recusa já aparece, no horizonte, a sombra da cruz. Mas será que ninguémmes- mo compreendeu a novidade que a própria pessoa de Jesus representava e realizava? Eis a resposta do evangelho de Mateus: “os pequeninos”! Eles acolheram o profeta da Galileia! Com o título de “peque- ninos”, algumas vezes, é indicado o pequeno grupo dos seguidores de Jesus, mas, neste trecho, quem está do lado oposto são os “sábios e entendidos”, ou seja, todosaqueles que se achavam autorizados a jul- gar o falar e o agir de Jesus. São os adversários de sempre: fariseus e doutores da Lei. Então, Jesus nos diz, hoje, algo maravilhoso: entender e acolher o Filho – e todas as “coisas” que ele nos trouxe - é dom do Pai que, gratuitamente, as revela a quem ele quer, preferencialmente, aos “pequeninos”, aos simples e aos pobres. Por sua vez, o Filho, com o seu falar e agir revela o Pai. Mais uma vez, somos con- vidados a nos esvaziar dos nossos esquemas e preconceitos para pedir ao Pai que torne os nossos corações capazes de acolher Jesus. Nesta altura, podemos entender que têm visões da vida e da sociedade que são pesadas, porque geram disputas, preocupações exa- geradas, brigas, confusões, “estresse”. Os“pequeninos” começam a entender que umolhar e umagir maisamorosos e fraternos, consequência do seguimento de Jesus, con- seguem tornar a vida mais leve, porque mais rica de sentido e valores. Nas subidas e des- cidas da vida, o cansaço de “lutar” por amor a Deus e ao próximo sempre será mais leve e gratificante do que gastar a vida atrás dos pró- prios interesses egoístas e gananciosos.
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