Diário do Amapá - 22/07/2020
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / uem assistiu a "Ópera dos Três Vinténs", de Bertold Brecht e Kurt Weill, pode traçar um para- lelo da "República de Weimar", na Ale- manha dos anos 1920, com a atual demo- cracia brasileira. Ambas frágeis e domi- nadas por grupos rebeldes. Na Alemanha havia os monarquistas, os nacionalistas, os comunistas, os democratas e os opor- tunistas de plantão que, aproveitando a efervescência causada pelos demais, cor- rompiam o país que contrastava a miséria de muitos com a riqueza de poucos. No Brasil temos, há décadas, uma sociedade que se frustra eleições após eleições. Nada pior que desesperança para dar espaço aos radicais, de qualquer ideologia, como também aos oportunis- tas. Desde a República, faz 130 anos, iro- nicamente o que menos tivemos foram governantes republicanos. Decepções com "salvadores da Pátria" foram suces- sivas: Getúlio; Jânio; Collor; Lula. Quanta esperança frustrada. Reformas sempre prometidas foram sempre poster- gadas. Quantas justas expectativas jamais aconteceram de modo pleno. O que tive- mos? Corrupção, desmando, fisiologis- mo, insegurança política e social. Muitos problemas que impediram o desen- volvimento. Jair Bolsonaro foi a mais recente esperança para gerações de brasileiros que desconhecem a plena democracia. Porque quando faltam direitos básicos, mesmo com liberdade, inexiste legítimo estado democrático. Impedir corrupção, embora rele- vante, não é o único dever do pre- sidente, mesmo que seus antecessores não o tenham cumprido. E demais com- promissos? Cultura, por exemplo, ainda não mereceu deste governo o cuidado que exige como garantia de liberdade e progresso. O novo "salvador da Pátria" usa slo- gans semelhantes aos do Nazismo: Deutschland über alles, ("Alemanha aci- ma de tudo"). Ou ainda, como disse Adolf Hitler no livro Minha Luta: "O que a maioria quer é a vitória dos mais fortes e o aniquilamento ou a captação incon- dicional dos mais fracos", que Bolsonaro repete: "Vamos fazer o Brasil para as maiorias; as minorias têm que se curvar às maiorias. As leis devem existir para defender as maiorias; as minorias se ade- quam ou simplesmente desapare- cem…". Não podemos deixar o Brasil cair no obscuro radicalismo, seja de qual ideologia for. O presidente parece buscar saída honrosa para se livrar de um desafio para o qual descobriu não estar preparado. Faz oposição a si mesmo, busca ser vítima de impeachment para deixar o poder como "herói". Quem sabe tenha plano para ser o "Jânio que deu certo"? Sair para voltar nos braços do povo, realizar o sonho de ser "dono" do País. Governar sem os demais poderes que não respeita, pois apoia manifestações contra eles ao arrepio da Constituição. No Brasil, as consequências da Covid- 19 somam-se às crises política e econô- mica em um país dividido: os contra, os a favor e os oportunistas. Exatamente como na frágil democracia alemã da República de Weimar que, registra a História, não acabou bem. Queremos um País com paz, união, respeito e trabalho. Como disse o saudoso publicitário, Carlito Maia: "Nós não precisamos de muitas coisas, só uns dos outros. Acordem e progresso!" alar é natural do ser humano. A comunicação está presente em todos os momentos de nossas vidas. Desde crianças, somos estimulados a falar (fala, “mamãe”) e a nos comunicar por gestos (“dá tchau pra vovó”) e expressões corpo- rais (“dança pro vovô ver”). Fazemos teatro na escola, e vamos ser francos, não são peças da Broadway, mas nos divertimos muito. Escrevemos redações, que dificil- mente virarão Best-sellers, mas nos orgu- lhamos delas. Crescemos e vamos ao mercado de tra- balho onde precisamos nos comunicar com nossos pares, clientes, fornecedores, con- correntes e todos os stakeholders relacio- nados a nossa profissão e a nossa empresa. Valorizamos o olho no olho, isso gera con- fiança. Mas, e quando isso não é mais pos- sível? Passamos por ummomento delicado da nossa sociedade mundial, a ordem agora é home office, e falar de oratória parece desnecessário, mas isso é um ledo engano. Nesse momento de pandemia e isolamento social, mais do que nunca, precisamos saber nos comunicar de forma objetiva e assertiva. Lojas precisam vender, clientes precisam comprar, professores precisam dar aulas, alunos preci- sam estudar, advogados precisam participar de audiências, o mundo precisa continuar girando suas economias da melhor forma pos- sível, mas sem afetar ou por em ris- co a saúde de todos. E isso tudo está acontecendo via web. Estamos usando as mídias sociais todo o tempo e muito mais do que usávamos nos dias “normais”. O mundo está conectado 24h por dia. A informação circula em velo- cidade estonteante. Com o isolamento social as pessoas que- rem ver e ser vistas pelos canais disponíveis, tais como, Youtube, Instagram, Facebook, Linkedin, Twitter e todos os canais virtuais que possam gerar algum tipo de integração e interação social. Por isso, saber expressar-se, falar com propriedade sobre algum tema, dar uma boa aula, vender o seu produto ou serviço, atingir o seu público, encantar e pren- der a atenção dos seus ouvintes é importante e gratificante quando se consegue. Isso é colocar a ora- tória em ação. A concorrência chega pelo seu computador e não pede licença. Agora, para falar bem, uma coi- sa é imprescindível: LER. Sem conteúdo não há o que falar, ou só se fala bobagens. Sem conheci- mento os debates se tornam rasos. As opi- niões são baseadas em “achismos”. As apre- sentações não convencem e a credibilidade desmorona. Quero deixar uma única dica para quem quer se tornar um bom orador: LEIA. Leia muito. Leia de tudo. Leia o que não gosta. Leia o que não entende. Leia o que você tem paixão. Leia até bula de remédio, mas LEIA. Autor: Júlio Cezar Bernardelli é mestre emTecnologia e Sociedade, professor e coor- denador de operações dos cursos semipre- senciais do Centro Universitário Internacio- nal Uninter.
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