Diário do Amapá - 28/07/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / noite começa perder sua escuridão. Opescador abre os olhos enxergan- do ao seu redor, uma profissão de desafios. Levanta, sem muita arma, mas com muita coragem. Lutar para sobreviver é o seu lema. Viver é apenas uma fábrica de matéria prima pro- duzida na sua pura, inocente e inteligente mente. O sol agora aparece e a escuridão tímida se escondeu, para mais tarde voltar a expor. Opescador de pés descalço, camisa aber- ta, vai até o barco e enfrenta, por mais uma vez, o tenebroso mar. Joga as redes e as esperanças. Pega desilusões e fantasias. Insiste e nada consegue. De volta a praia começa então a pensar em coisas que nunca havia pensado antes. Enquanto as enzimas destroem o restante do pão da manhã, ele catalisa na sua rica mente, fantasias e interrogações provocadas pela própria realidade. Começa a olhar na superfície do oceano e fazer perguntas a si mesmo. Por que neste monstruoso mar existe tantos peixes e eu volto de barco vazio? Por que o homem dividiu o mar e os peixes não obedecem as limi- tações desta divisão? Por que estes mesmos peixes não ficam na superfície, pois assim seria muito mais fácil pegá-los? Chegou em terra firme e deixou dentro do mar os pensamentos. As crianças o rodeiam e reclamam dos peixes que não vieram. Sua mulher lamenta mais um dia de podridão. E, novamente, a escuridão que havia aco- vardado, agigantou e apareceu. Opescador cansado dorme como se estivesse morto. Mas, o galo anuncia que a claridade está de volta. Agora as coisas mudaram. As redes estão cheias de peixes e soluções. E o velho pes- cador tornou-se novo. Ao encontrar com sua mulher foi logo dizendo: esta vida só se consegue quando parte. Porém é partindo que conseguimos voltar. É conhecendo o começo que atingi- mos o fim. É chegando no fim que retor- namos no princípio. É sonhando na hora do sol que chegamos na novela das seis vitoriosos. O importante é sabermos que somos possuidores de uma dupla personalidade como a do pescador. Que enfrenta o sol para brincar com a lua. Que procuramos os peixes, para sobreviver, mas só realizamos na fantasia. O melhor é nós termos uma única perso- nalidade. A do sol (realidade) nos é vestida. A da lua (fantasia) é totalmente despida. A primeira nos é imposta a segunda nos é desejada. Ainda bem que existe um final de semana, para tirarmos a roupa que nos está incomo- dando e jogarmos nas madrugadas. Voltando a vestir somente na segunda-feira. o longo dos séculos, aliviar as dores humanas, recuperar a saúde, melhorar a qualidade de vida, ou mesmo for- necer alento e conforto nos momentos finais da existência, tem sido um dos objetivos de nossa espécie aqui na Terra. Éinegável que o conhecimento, em espe- cial, nas áreas das Ciências BIOLÓGICAS e MÉDICAS, alcançou avanços, até poucas décadas atrás, quase impensáveis oumesmo, consideradas “obras de ficção científica”! Novos medicamentos, hormônios sinté- ticos, novas classes de antimicrobianos, remédios “inteligentes”, vacinas e técnicas cirúrgicas ousadas; robótica e telemedicina, as Medicinas Nuclear e Hiperbárica, todos esses exemplos refletem a pós-modernidade e o progresso do conhecimento científico. Por outro lado, esse conhecimento, agora popularizado e compartilhado em redes sociais, vídeos e mensagens via aplicativos, trouxeram um “porém” às Artes Médicas: O(A) ACOMPANHANTE, que após pano- râmica pesquisa em suas fontes virtuais, encontra-se plenamente disposto(a)a discutir ascondutas diagnósticas, terapêuticase prog- nósticas com o(a) médico (a) assistente ou com a Equipe de Saúde que trata de seu parente enfermo. No auge de quase meio século de vida, estive a refletir sobre a formação médica, que foi-nos transmitida no bom estilo inglês, com a fundação da bicentenária Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Sal- vador-BA, hoje UFBA (Universidade Federal da Bahia), seguida pela Faculdade de Medicina do Estado da Guanabara, alguns anos depois; hoje, é a UFRJ (Uni- versidade Federal do Rio de Janeiro). Tudo isso, fruto da visão estadista do Rei D. João VI. Digo estilo inglês, porque man- temos a boa tradição da formação médicaGeneralista, até os dias atuais, também praticada naquela nação e nos países de herança cul- tural Britânica; com 02 (dois) anos de disciplinas teóricas e básicas (Anatomia, Fisiologia,Microbiologia, Biofísica, Bioquímica I e II, Bioesta- tística, Citologia & Embriologia). Na sequência, vêm as cátedras de disci- plinas teórico-práticas, por mais 04 (quatro) anos, como Anatomia Patológica, Ética Médica, Medicina Legal, além das mais variadasEspecialidades, tanto clínicas, quan- to cirúrgicas, as quais abrangem da Alergo- logia / Imunologia até à Psiquiatria. Sem contar mais 02, 04 ou 05 anos de Pós-Graduação, dependendo da Especiali- dade a seguir... Mesmo incluindo as áreas de Epidemio- logia, Saneamento Básico e Administração dos Serviços de Saúde, não recordei (e nem vi no meu Histórico Acadêmico), nenhuma matéria chamada “TECOLOGIA”... Isso mesmo! Seria a pseudo-ciência que valoriza os palpites, intervenções ou mesmo opiniões de quemnão possui formação adequada, trei- namento técnico e nem a responsabilidade (criminal, civil e ética) para com aquele indi- víduo enfermo. Nãoque eu possua uma postura arrogante, inatingível ou de “semi-deus”; não sabemos TUDO e nem jamais teremos essa ilusão... porém, se nós compararmos, de uma maneira bemdidática, a VIDAde um ser humano com umprato especial, a ser servido numa ocasião impar; ficaria bom um prato no qual CADAconvidado(a)acrescentasse um tempero, uma pitada ou um “teco”, que fosse adicionado na panela com “ a melhor das inten- ções” ou apenas para “dar uma aju- dinha” para a equipe de cozinha??? Bem, caro (a) leitor(a), se a sua res- posta,mental ouverbal,foiumestrondoso NÃO... eufuibem-sucedidoaoexporosbas- tidores dessas situações delicadas! Não somente, na qualidade de uma mera opinião, mas também com alguma bagagem, ao longode 25anos(ealgunsmeses/diasmais) atendendo, tratando e cuidando de pessoas tão valiosas e vidas preciosas. Já que concedeu-me a honra de, respeito- samente, ler esse artigo até o seu desfecho, alcançando o “X” da questão juntamente comigo; então, permita-me concluir que inda- gar seumédico, esclarecer dúvidasoumesmo emitir sugestões, não é desrespeitoso e nem ofensivo; tentar compreender o passo-a-passo de um longo tratamento, com seus riscos e prognósticos, também é muito salutar...não será considerada uma ingerência e nem um “TECO”(porque quando se age assim, deixa- se de ser um acompanhante, podendo tornar- se um “atrapalhante”) do bom andamento daquela terapêutica... Parafraseando o sábio adágio popular supra-citado, e muito bem conhecido, pode- mos inferirque d e louco e deMÉDICO, cada qual quer dar um TECO!!!

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