Diário do Amapá - 13/05/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANAMELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANAMELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br as últimas semanas a palavra "genocício" passou a figurar com enorme regularidade nas redes sociais. São acusações ou previsões de que isso irá acontecer no Brasil devido à falta de ações efetivas por parte do Gover- no Federal. As reclamações apontam que o país vai na contramão de todo o resto do mundo. Assim que a frase virou ade- sivo: "Vai acontecer um genocídio no país!". Mas qual o real significado deste termo? Este ato passou a ser considerado cri- me pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 1948, como forma de evitar que massacres registrados no pas- sado voltassem a ocorrer. O mais emble- mático deles foi o Holocausto, com per- seguição e morte de 6 milhões de judeus. A Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio avalia atos cometidos com a intenção de des- truir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Aqui não se fala em considerar alguém culpado por mortes causadas por omissão. Como característica, o genocídio pode ser físico (assassinatos ou atos que o causem), biológico (esterilização ou separação forçada de grupos) e cultural (destruição de monu- mentos, língua materna, história e ciência). O Brasil ratificou a convenção em 1956. Casos icônicos chegaram ao Tribunal Penal Internacional. Dois ex-dirigentes do Khmer Vermelho foram condenados à prisão perpétua por cimes contra a humanidade e de genocídio, cometidos entre 1975 e 1979 no Camboja. Eles foram para a prisão 40 anos depois do massacre que matou 700 mil pessoas. Decisão semelhante chegou aos culpados pelo conflito étnico em Ruanda, quando milhares morreram em 1994 no sangrento massacre entre hutus e tutsis. Mas (sempre tem um mas) engana-se quem pensa que decisões como esta atin- gem apenas quem ordena o massacre, escolhe as vítimas e comemora a matança. Um tribunal da ONU sentenciou pessoas por incitar o ódio que levou ao extermínio em Ruanda. Eram dois jornalistas, proprietá- rios de meios de comunicação local, que usaram rádio, televi- são e jornal para propagar men- sagens de ódio, encorajando os assassinatos. No mesmo confli- to, duas religiosas que nunca haviam utilizado armas também foram condenadas, pois tiraram pessoas da etnia tutsis de seus escon- derijos e as entregavam para morrer nas mãos dos hutus. Portanto, a história nos diz que, mesmo sem ordenar um assassinato em massa ou provocar a morte direta de um grupo, há episódios de condenados que, de alguma forma, contribuíram para a tentativa de extermínio de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso (ou seja lá qual aglo- merado ou objetivo o genocida venha a ter). Afinal, não há mistério maior na humanidade que entender a cabeça de um genocida. s incertezas econômicasimpostaspela grave situaçãosanitáriamundial devido a pandemiado coronavírus(Covid-19) vão gerar uma grande revolução na maneira emque oconsumidoriráenxergarasempresas que sobreviverem. Não dá para prever quais serãoosreaiscaminhosda economia nomun- do, mascertamente teremoscurvas crescentes dedesigualdadesocial,fome eaté demudanças climáticas no período pós pandemia. Pratica- mente todas as famílias e empresas sofrerão algum impacto em 2020. Ocomportamentodoconsumidor jácome- çouamudaraoserafetadopela crise sanitária. Muitos deixaram de ser guiar pelo luxo e o superfuloe passarama consumir o necessário paraa sobrevivência. Etambémumaboaparte da sociedade passou a comprar das lojas e empresas locais, para impulsionar o comer- ciantee oempresárioregional. Etemumfiltro quetambémaumentou:osconsumidorespas- saram a "cancelarem" as empresas que não têm um propósito social claro de integração com a comunidade. Ou seja, aquelas compa- nhias que pensamsó nos cifrões estão com os dias contados. O consumidor está mais exigente, sem dúvidas. O produto ou serviço deve ter quali- dade, mastambémtemqueserecologicamente correto e socialmente engajado. E essa transi- ção da economia mundial gerada pela pande- mia será capitaneada pelo novo consumidor que será mais conectado não só com a tecno- logia e suas ferramentas, mas também com uma maior sensibilidade comos movimentos que sejam meramente oportunistas e extrati- vistas. Em suma, para as atuais e futuras geraçõesde consumidores, asempre- sas e marcas deverão ter um papel não apenas como fornecedores de produtos e serviços, mas também como disseminadores dasboasprá- ticas no universo ambiental, social e virtual. E neste cenário de futuro breve, os novos negócios focados em bem- estar e felicidade terão um grande impacto e serão vetores da nova econo- mia. Serão também importantes na rege- neração da economia mundial, com inova- ções e tecnologias utilizadas para melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas e do planeta. Nesse contexto ganha corpo a FIB - Feli- cidade Interna Bruta. Umindicador sistêmico baseadona premissadequeoobjetivoprincipal de uma sociedade não deveria ser somente o crescimento econômico, mas a integração do desenvolvimentomaterial comopsicológico, o cultural e o espiritual. O conceito foi desen- volvido no Butão, umpequeno paísdoHima- laia, em1972, elaboradopelorei Jigme Singya Wangchuck. Desde então, o reino de Butão, comoapoiodoPNUD(Programa dasNações Unidas para oDesenvolvimento), começou a colocar esse conceito em prática, e atraiu a atenção do resto domundo com sua nova fór- mula paramedir o progresso de uma comuni- dade ou nação. Assim, o cálculo da “riqueza” deveconsideraroutrosaspectosalémdo desen- volvimento econômico, como a conservação do meio ambiente e a qualidade da vida das pessoas. As principais dimensões para a mensuração do FIB são o bem-estar psicológico esaúde, ou seja, são ava- liados com grande peso o grau de satisfaçãoeotimismodecadapessoa emrelação a sua vida, coma preva- lência de taxas de emoções tanto positivas quanto negativas, e anali- samaauto-estima, sensação de com- petência, estresse, e atividades espi- rituais. Outrasimportantesmensuraçõessão agovernança eopadrãode vida. Na gover- nança apopulação avalia ogoverno, amídia, o judiciário, o sistema eleitoral, e a segurança pública, emtermosde responsabilidade,hones- tidade e transparência. Também mede a cida- dania e o envolvimento dos cidadãos com as decisões e processos políticos. Já o chamado padrãodevida levaemconta a renda individual e familiar, a segurança financeira, o nível de dívidas, a qualidade das habitações, etc. O FIB leva em consideração outros fatores como o uso do tempo, a vitalidade da comuni- dade, a educação, a cultura e os cuidados com omeio ambiente. Ou seja, é ummedidor muito mais completo e complexo que o conhecido PIB- Produto Interno Bruto - quemove as cen- tenas de nações espalhadas pelomundo, inclu- sive o Brasil. O PIB, um indicador meramente econômico tem um peso gigantesco em todos os passos da sociedade e que aumenta a cada anoa desigualdadee geraumdesequilíbrionão só econômico, mais no bem-estar social e psi- cológico das pessoas.

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