Diário do Amapá - 14/05/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANAMELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANAMELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br stamos passando por um momento crítico na saúde e na economia, os hospitais estão cheios, alguns já sem leitos, muitas empresas estão demitindo, suspenden- do o contrato ou reduzindo o salário de seus funcionários para tentar sobre- viver a esta crise. No entanto, muitas empresas que possuem dinheiro em caixa o suficien- te ou que não foram tão afetadas pela crise, além de tentar manter seus cola- boradores, estão ajudando a combater a pandemia fazendo doações, alteran- do suas linhas de produção para criar produtos essenciais para o combate à pandemia - como máscaras e álcool em gel, ou patrocinando iniciativas para arrecadar alimentos. Um bom exemplo destas iniciativas são as lives de música patrocinadas por companhias e que vêm coletando doa- ções para várias pessoas impactadas pela pandemia. Com apresentação da dupla Sandy & Junior, as Casas Bahia arrecadou mil toneladas de alimentos para famílias carentes durante live de quase 3h da dupla no Youtube. A Ambev, empresa brasileira de bebidas, muito conhecida pela produção de algumas marcas de cervejas, começou a fabricar álcool em gel durante este período e está doando a hospitais públicos de várias capitais do país como São Paulo, Rio de Janeiro, e Distrito Federal. Em um momento como este é muito importante que a soli- dariedade esteja presente em nós e em nossos negócios também. Apesar de importante, o lucro, as ven- das, o sucesso, tudo isso pode ficar para depois. Agora é hora de olhar além dos limites das empresas, ver quem precisa de ajuda e o é possível fazer para ajudar. É tempo de olhar para os valores e missões que defini- mos na criação do negócio e refletir o que pode ser realizado na prática. E se engana quem pensa que só aju- da quem doa toneladas de alimentos ou valores exorbitantes. Tudo o que for feito para amenizar as consequências desta pandemia é válido como fazer o possível para manter seus colaborado- res empregados e priorizar o home offi- ce para que eles evitem riscos. Estude sua empresa, veja se alguma área pode oferecer cur- sos gratuitos de aprimoramento ou tente criar algo que não foi feito ainda e que possa ajudar em qualquer problema que a pandemia vem causando. Se tiver condições, patrocine ini- ciativas de outras empresas ou pessoas que estejam encabe- çando ações importantes para combater a crise. Mais do que como empresários, precisamos pensar como seres humanos e aplicar a solidariedade em todos os âmbitos da vida. Como representantes de negócios ou marcas, podemos influenciar outras pessoas a fazer o mesmo. Colaborar com uma gorjeta maior para o entregador de delivery, continuar pagando normalmente a dia- rista mesmo que ela não prestando ser- viços no momento, perguntar para um vizinho de grupo de risco se ele precisa de algo quando você for ao mercado. São pequenas atitudes que podem ser tomadas por muitos de nós e que fazem toda a diferença em momentos de gran- de turbulência como este que estamos passando. quase uma unanimidade entre os teóricos, técnicos e especialistas nas diversas áreas que afetam o ser humano, enquanto integrante de uma socie- dade, em afirmar que nada será como antes. Até aí, tudo bem. Entretanto, a partir daí, já não se pode apresentar, com certeza, o que será implan- tado nas relações entre as pessoas. Tudo o que afirmado é mera especulação. Um dos fatores para que isso ocorra é que não se teve um tempo hábil para realizar estudos que possam comprovar a implantação, per- manência, adequação e/ou exclusão de determinado comportamento. Na busca pela sobrevivência, as empre- sas reagirammuito rapidamente à condição imposta pela pandemia. Aliás, esse está sendo um fator preponderante para que as empresas possam continuar operantes: a adequação aos novos tempos, realizando mudanças profundas na sua operação, em prazos extremamente curtos, sem planeja- mentos prévios e com a mínima chance de erros. Tarefa difícil, mas que vem sendo realizada com um certo grau de sucesso. Possivelmente em algum momento, os gestores pensaram: “eu não sei o que fazer”. “Vivemos em ambiente de incerteza radical. Amodernidade é tão complexa que não a com- preendemos, e então precisamos aprender por meio de experiências, de tentativa e erro”. Quem afirmou isso recentemente, já no período de pandemia, foi o Sir Paul Collier que é professor de Economia e Políticas Públi- cas na Universidade de Oxford e que está entre os economistas de desenvolvimento mais conhecidos do mundo. Quando ele fala em aprender e em tentativa e erro, fica claro que ele também não sabe. E isso não gera falta de credibilidade na sua atuação profissional. Aliás, anteriormente o profissional que afirmasse que não sabia de algo, tinha a sua capacidade técnica colocada em dúvida. Atualmente, em um mundo tão complexo e devido a essa mesma complexidade, e usado commoderação, o “eu não sei” já não há esse aspecto negativo. Afinal, se você não sabia, saiba que a previsão é de que em 2020 sejam gerados 350 zettabytes de dados, ou 35 trilhões de gigabytes. Mes- mo considerando que todos esses dados não são utilizados de uma maneira generalizada, entende agora por que não é possível um profissional saber de tudo? Observem que eu usei o termo “com moderação”, pois isso não dá o direito ao profissional usar essa expressão de forma corriqueira, pois não ter o conhecimento necessário para desenvolver as suas ativi- dades vai comprometer a sua imagem, a sua reputação e porque não dizer, a sua vida. E tenha a certeza: não é de profissionais assim que as empresas (caso você seja um cola- borador) ou os clientes (caso você seja um empresário) estão precisando. E até quando essa condição de usar o “eu não sei” vai continuar? Eu, sinceramente, não sei.

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