Diário do Amapá - 06/03/2020

/ / / / artesão das letras, despertando-o as suas ideias. Come- çam a borbulhar em profusão os pensamentos. Acabei de ir à estante e abri um deles. “Espumas Flutuantes”, de Castro Alves, o poeta apelidado de “Condoreiro do Amor.” Abri o livro na poesia: “O Livro e a América”. Comecei ler esta bela página escrita pelo Poeta dos Escravos. Quando lia estes versos, fui levado fazer esta homenagem aos livros. Escreveu ele: “Filhos do sec’lo das luzes!/ Filhos da grande nação!/ Quando ante Deus vos mostrardes,/ Tereis um livro na mão:/ O livro — esse audaz guerreiro/ Que conquista o mundo inteiro/ Sem nunca ter Waterloo.../ Eólo de pen- samentos,/ Que abrira a gruta dos ventos/ Donde a Igual- dade voou... (...) Por isso na impaciência/ Desta sede de saber,/ Como as aves do deserto/ As almas buscam beber.../ Oh! Ben- dito o que semeia Livros.../ livros à mão cheia.../ E man- da o povo pensar!/ O livro caindo n'alma/ É germe — que faz a palma,/ É chuva — que faz o mar.” Um livro fechado não passa de folhas escritas de papel, mas abertos são lidos, são faróis que se erguem no imenso oceano do tempo e para a claridade do saber. O corpo não pode viver sem a alma, como um lar sem livros. Eu diria que três coisas completam um lar: os filhos, uma biblioteca e um jardim. Os poços de um a casa matam a sede física, mas os livros são semelhan- tes as fontes de águas cristalinas que trazem o refrigé- rio espiritual. Não vendo os meus livros. Se alguém um dia se interessarem pelos meus diplomas eu até os ven- deria, mas nunca os meus livros. Eu abomino a censura aos livros. Se tivesse havido censura em Roma, posso afirmar que não teríamos tido hoje nem Horácio, nem Juvenal, nem os legados filosó- ficos de Cícero. Só tem duas maneiras de sermos imortais na Terra. Plantando uma árvore ou escrevendo um livro. A árvo- re, porque suas sementes ou seus brotos irão perpetuar a nossa ação. O livro, porque nos imortalizará para a eternidade. Não vou a uma cidade, sem visitar uma livraria. O gosto pelos livros é o imensurável prazer e a glória de minha vida. Não os trocaria por todas as riquezas da vida. As catacumbas guardam os mortais, mas os livros são sepulcros eternos dos pensamentos, eles os imorta- lizam. Se não queres cair no ostracismo quando morreres, deves escrever coisas atraentes de ler, ou realizar coisas dignas de escrever. O livro é um mudo que comunica, um surdo que res- ponde, um cego que guia, um morto que vive. ento à minha pequena mesa entulhada de muitos livros. No meu entorno aqui estão eles me esperan- do num silêncio tumular. Comprimindo-se entre si, numa linguagem silenciosa me atraem e me convidam a serem abertos. Inertes e passivos a serem devorados por olhares vorazes que percorram suas linhas esmaecidas pelo tempo. Não se comunicam entre si, todavia, já falaram às pessoas mais do que qualquer orador eloquente. Seus títulos como chispas de fogo em suas lombadas me atraem, parecem olhos que me fixam firmemente. Eu os miro e a minha mão suada, sem qualquer pejo passa por eles. Não se mexem, albergam impassivos o seu saber, esperando que sejam abertos. Só então, como se fossem um turbilhão de saber, inundam o meu ser. É uma nova infor- mação, é uma nova palavra adquirida, é uma nova e linda construção de uma frase. É um novo pensamento elabo- rado, é uma nova figura de linguagem estruturada na arte do labor da construção mental de se expressar. Quando eu os abro, é um monólogo. Eles me falam, me instigam, me consolam, me ensinam, me animam, me dis- traem e me ensinam pensar. Aproximo-me da estante onde eles estão. Uma agra- dável sensação de bem-estar toma conta de mim. Uma ale- gria inefável invade o meu ser. Se estou fatigado, renovo as energias. Se estou sem inspiração para escrever os meus rabiscos diários, a musa inspiradora desce sobre esse pobre Circulou nas redes sociais ontem a informação de que o Amapá poderia ter seu primeirocaso suspeito de cornavírus, em um paciente que deu entrada no Hospi- tal de Emergênca. Mas, felizmente, as autoridades da saúde pública não confirmam o caso. Após a realização de todos os procedimentos con- tidos no Plano de Contingência em andamento, o paciente avaliado no HE nãoapresentoucaracterísticas clínicas definidas como identificação da doença. Marcelo Loureiro/Secom

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