Diário do Amapá - 08 e 09/03/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / esta vez, achei melhor deixar a reflexão sobre a Campanha da Fra- ternidade, que iniciamos na Quarta Feira de Cinzas, para o Segundo Domingo da Quaresma. O evangelho da Transfigu- ração do Senhor é sempre um convite a mudar a nossa vida, a nos deixar iluminar pela luz do Crucificado-Ressuscitado para sermos, por nossa vez, mais luminosos lá onde somos chamados a testemunhar a nossa fé. O brilho dos discípulos de Jesus passa, sem dúvida alguma, pela compaixão e a misericórdia. Não é por acaso que no cartaz da CF, deste ano, é facilmente reco- nhecível a presença da Irmã Dulce, agora proclamada santa, no meio de crianças, pobres e doentes. O “anjo bom da Bahia” continua a espalhar a luz do seu exemplo para que outros não só continuem a obra por ela iniciada, mas, também, abram novos caminhos para socorrer os caídos à beira d as estradas da vida. Nós não vamos repetir o que ela fez, mas podemos apren- der com o seu desprendimento, carinho e determinação. A Palavra motivadora da CF 2020 é tirada da parábola do Bom Samaritano e o tema é: Fraternidade e vida: dom e com- promisso. O Texto Base, que a Equipe da CNBB, nos oferece, segue o esquema tra- dicional, do ver, julgar e agir e é muito fácil perceber os passos a serem dados. Basta lembrar o texto da parábola. Todas as três pessoas que passaram “viram” o homem caído no chão, mas somente uma, o samaritano, depois de ver, teve compai- xão, ou seja, se deixou tocar no ínti- mo pela situação desesperadora do homem. A primeira coisa que pre- cisamos resgatar é aprender a ver o sofrimento das pessoas. Atra- vés dos nossos próprios olhos ou pela abundância das informa- ções, tomamos conhecimento de muitas situações difíceis e injus- tas. O que sentimos? Podemos passar adiante, encontrar alguma desculpa mais do que comp reensí- vel, ou “sentir compaixão”. Esta, de fato, é a nossa maneira de julgar as mais diversas circunstâncias. Se chegamos à conclusão de que não temos nada a ver, é mais fácil silenciar a nossa consciência e apagar tudo da nossa memória. Ao con- trário, podemos nos deixar alcançar pelas condições precárias de tantos nossos irmãos e irmãs. Nós cristãos deveríamos ser muito bem treinados na “compaixão”. A escuta da Palavra do Senhor e a Euca- ristia são sempre a memória viva do seu amor e da sua vida doada até o fim. Por- tanto...Como é possível continuar indife- rentes, jogar a culpa nos outros e não fazer nada? Deveríamos sentir uma saudável e amorosa inquietação e sermos impelidos por ela a agir. O Bom Samaritano se envolveu com a situação do homem desafortunado ao pon- to de carregá-lo e pagar para que fosse atendido. É o que cabe a todo ser humano que se sente ligado aos seus semelhantes com laços de fraternidade e solidariedade. Todos podemos fazer algo para ame- nizar o sofrimento alheio, dentro das nossas condições e responsabilida- des. Para nos ajudar ainda mais, a CF, com o seu tema, lembra-nos que a vida, inclusive a nossa, é um dom que recebemos em comunhão com a vida dos demais seres existentes e devemos zelar por ela, porque estamos mais inter- ligados do que pensamos. A qualidade da vida melhora se, de fato, fica mais promovida, digna, saudável e respeitada para todos. Todo enriquecimento realizado às custas do sofri- mento, marginalização ou exclusão de outros irmãos é injusto e desumano. Pode engordar a nossa conta no Banco, mas insensibiliza a nossa consciência e empo- brece a inteira família humana. Por fim, o texto da CF deste ano nos lembra que, em nossa passagem neste mundo, partilhamos a casa comum, moramos no mesmo planeta, unidos com laços de vida, ou de morte, com a inteira Criação. O ser humano precisa da natureza, dos seus frutos e dos seus dons. Todos temos o compromisso sério de res- peitar as demais criaturas e deixar o ambien- te capaz de acolher e sustentar as novas gerações que sempre chegam, também quando nós partimos. Aprendamos a ver o tamanho das rachaduras da nossa Casa Comum, a avaliar a gravidade das do en&ccedi l;as do nosso Planeta, para ter compaixão e agir. Antes que “mais tarde, seja tarde demais”. Missão Friuli Amazônia é fruto de uma experiência de comunicação em comu- nidades. O cenário onde tudo começou foi a periferia metropolitana de Belém. Diante da problemática juvenil, em 1997, um grupo idealizou um curso de Capacitação de comunicadores e receptores dos meios de comunicação, para jovens pobres da grande Belém, com o intuito de capacitá-los, a partir dos instrumentos da comunicação social. A ideia ganhou força e parceiros. No ano seguinte, o sonho do grupo virou realidade: nascia o cur- so básico de comunicadores e receptores de rádio, jornal e televisão. O piloto dessa experiência bem sucedida foi o bairro do Icuí-guajará, em Ananindeua, região metropolitana. A congregação dos irmãos Lassalistas cedeu uma sala, na escola ‘Celina del Tetto’, para a realização das aulas teóricas. 30 estudantes foram inscritos. Naquele ano, o curso teve a duração de cinco meses. A grade curricular era o atestado da exce- lência do aprendizado: os alunos tinham aulas de teoria da comunicação até noções de cine- grafia. Ao término do curso, a turma apresen- tava um trabalho prático e recebia o certificado. Da comunidade do Icuí foi para outras áreas. O resultado do primeiro curso de comunicação foi positivo e não podia parar. Criterio- samente, a coordenação escolheu bair- ros de Belém onde a exclusão e o risco social eram maiores. Nos anos seguintes, o curso atendeu moças e rapazes do Guamá, Coqueiro, Mar- co, Terra Firme, Cremação, Pano- rama 21, Bengui, Tapanã e Icoaraci. AMissão Friuli Amazônia (nome dado em alusão a uma região da Itália do norte, onde tem uma grande parce- ria) nasceu do ideal da comunicação que transforma o ser humano, a partir de sua história pessoal e do convívio comuni- tário. Nesta perspectiva, em 2005, foi criada a ONG “Missão Friuli Amazônia”, como socie- dade civil, sem fins lucrativos, de caráter bene- ficente, educativo, cultural, religioso e de assis- tência social. O objetivo da ONG é fundada em tres pilares: formação, produção e espiri- tualidade. Mas de 2005 para cá, várias ações foram desenvolvidas, com o apoio ou prota- gonismo da Missão Friuli Amazônia. O estatuto reza que a Missão Friuli Ama- zônia tem entre os seus objetivos: - oferecer capacitação na área técnica de comunicação social a jovens da Amazônia Oriental; - dar acompanhamento espiritual a jovens ligados aos cursos de formação da escola,bem como a agentes sociais que buscarem assessoria de comuni- cação e espiritualidade; - contribuir no processo de assis- tência social aos jovens envolvidos nos cursos de capacitação oferecidos pela escola, através de convênios com o Estado e ajudas beneficentes de enti- dades de cooperação e pessoas físicas. E para isso nasceu o curso técnico de Comunicação Social, da Missão Friuli Amazonia, também com repercussão interna- cional. Em 2007, Ana Bella Biache Bul, veio da África para estudar com os paraenses. Ela trabalha em uma rádio de Guiné Bissau e passou um ano em Belém, sendo estudante do curso técnico. A experiência bem sucedida garantiu vaga para outro estudante de Guiné Bissau, Jacinto Mango, aluno da turma de 2008. A per- manência dos africanos, em Belém, foi amparada pela Missão. Além do curso técnico de Comunicação Social, em pouco tempo, a ONG realizou ações assistenciais, produziu conhecimento e promo- veu eventos importantes na área da educação.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=