Diário do Amapá - 14/03/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / uando a mão do Estado pesa sobre um setor, a regulamentação dita não só suas atividades, mas, prin- cipalmente, o rumo dos investimentos. Entender aonde vai o mercado de educa- ção demanda a análise das últimas ações do MEC. O comportamento do setor sempre seguiu as deliberações da pasta. Foi o que ocorreu a partir de meados dos anos 1990, quando, a fim de ampliar o acesso ao ensi- no superior, o governo passou, por meio do Prouni, a trocar vagas em Instituições de Ensino Superior (IESs) por isenções fiscais. Para aderirem, porém, as IESs, prati- camente todas sem fins lucrativos naque- le momento, tiveram de mudar sua natu- reza. Ao passarem a buscar resultados financeiros, atraíram investidores e, com novos estímulos e condições de mercado, foram alvo de um processo de fusões e aquisições. Programas oficiais de fomento ao ensi- no superior tornaram, até anos atrás, o segmento de educação um dos mais atra- tivos do mercado de capitais. Porém, nes- te momento, em que pela primeira vez, neste ano de 2018, o número de matricu- lados no ensino superior é maior do que o do ensino médio, a tendência se inverte. Há 8,5 milhões de matricula- dos nas mais de 2.200 IESs pri- vadas em atividade no país. O número não reflete pujança, mas sim inchaço. Com o fim dos pro- gramas de incentivo à graduação, apenas um terço da oferta total de vagas é ocupada. Na tentativa de reverter a baixa demanda, o valor das mensalidades foi destruído, che- gando, em alguns casos, a míseros R$ 50,00. A nova realidade produziu um deságio de 40% no valor dos quatro gru- pos educacionais de capital aberto. O próximo movimento das empresas do setor se dará, novamente, a partir da regulamentação. A Reforma do Ensino Médio trouxe à luz tanto o nível baixo do Ensino Superior quanto as oportunidades de verticalização e profissionalização com enormes ganhos de escala. Grandes grupos já se aproxi- mam das escolas de ensino médio e de seus grupos controladores. Ofertando os níveis Médio, Funda- mental II e Fundamental I, as IESs usarão espaços físicos ociosos, estruturas ope- racionais já organizadas para atender a alunos com potencial para seguir por todas as etapas de ensino na mesma instituição. No final do século XX, o cus- to de capacitação chegava ao valor de uma mensalidade do curso de graduação na IES. Hoje, é três vezes maior, o que ocorre simultaneamente com a queda dos valores das mensalidades. Este movimento se caracteriza, em grande escala, pela compra do Grupo Somos Educacional pela Kroton e, em menor medida, pela abertura de escolas de ensino médio nas unidades de gradua- ção do grupo Estácio. Outros grupos, como Eleva, AZ SEB e Cox também se posicionam com a proposta de ofertarem sistemas de ensino integrados a partir da educação básica. Os movimentos realizados pelos players do setor nos últimos 20 anos apontam virão muitas novidades, seja na gestão dos gru- pos ou nos modelos que ofertarão, com a modalidade EAD, a composição de eixos de conhecimentos, a integração mais ampla dos níveis de educação e, espera-se, com o cumprimento das metas do Plano Nacio- nal de Educação. as grandes cidades, a chuva está longe de serumproblema apenas climático.Como temosvisto todos osanos,os assustadores alagamentos, enchentes e deslizamentos têm se tornado cada vez mais comuns. Não é novidade nenhuma que a urbanização ocorreude forma desenfreada,muitasvezessem o planejamento necessário e cobrindo rios que, anteriormente,faziamparte dessas cidades.Ava- liando desta forma, nãoprecisamos ser especia- listaspara saberque adrenagemda chuvaprecisa ser mais eficiente nos centros urbanos já que, por causa da pavimentação,a água não consegue achar um local para ser absorvida. Os bueiros, que deveriam ser uma solução para o excesso de água,acabam bloqueados pelo lixo e não dão conta da vazão, resultando em transbordamento nos períodos de fortes chuvas. Desde o início da história contemporânea, o ser humano sempre teve participação na degra- dação do meio ambiente. No entanto, antiga- mente a reposição natural desses recursosextraí- dos era feita de forma espontânea, orgânica. Atualmente, o que acontece são transformações no território e alterações nos ecossistemas e na biodiversidade de forma sistemática e em larga escala, o que tem colocado em risco a própria existência humana. Porcontadissoé que,nosúltimosanos, começaram a surgir as Soluções Basea- das na Natureza, que nada mais são do que intervenções humanas inspiradas em ecossistemassaudáveis,para solu- cionar desafiosurgentesda sociedade e que usam a própria natureza a favor disso.Osproblemaspodem ser diver- sos, desde o avanço do nível do mar até a escassez hídrica, por exemplo. Nós dependemos e sempre vamos dependerdopatrimônionatural; por isso, por meio dasSBNs, garantimos também a proteção da economia e sociedade. Oconceito ainda é novo no Brasil,o que difi- culta a aplicaçãoà realidade brasileira.Mas isso não querdizerque já nãoexistambonsexemplos de SBN por aqui.Algunsdeles, inclusive,foram selecionadosem uma chamada de casospromo- vidapelaFundaçãoGrupoBoticário,emparceria como Ministério do Meio Ambiente e o GVces, e reconhecidos como alternativas viáveis em diversas cidades do Brasil. E, para o caso das chuvas e inundações, algumas das soluções são muito simples. Vejamos um exemplo curitibano. O Parque Barigui, criado em 1972, foi construído com a intenção de conter as enchentes e preservar a mata nativa da bacia do Rio Barigui na região.Além dele, outrosparquesdacida- de foramprojetadoscom omesmo intui- to e são chamados de “parques linea- res”, que integram a proteção da bio- diversidade à criação de espaços de lazer e também à segurança da popu- lação. Essas áreas são essenciais para a infiltração da água das grandes tem- pestadese,em casodetransbordamento dosrios, nãocausa grandes prejuízos ao patrimônio público e privado por serem áreas verdes sem a presença de casas, ave- nidas e outras construções. Noentanto, é importante ressaltar que,quanto mais ocupada é uma área da cidade, maior é o desafio de incluir uma área verde no local. O exemplo do Barigui deu certo justamente por ter sido construído em uma área que não estava ocu- pada.Telhadosverdes,cisternaspara captação de água da chuva e recuperação de matas ciliaressão outros exemplos de ações que podem ser imple- mentadas em grandes cidades para diminuir os riscos das enchentes e dos alagamentos. Está cada vezmaisdifícil conseguirmosrever- ter os impactos criados ao longo do tempo, mas ainda é possível juntarmos forçascom a natureza para prevenirmos novos estragos. E a natureza é nossa maior aliada.

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