Diário do Amapá - 17/03/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / m janeiro, o ex-médico da seleção americana de ginástica feminina, Larry Nassar, foi condenado a cum- prir pena de 40 a 175 anos de prisão por abusar sexualmente de atletas. Em abril, foi a vez do Brasil se chocar. O ex-téc- nico da seleção brasileira de ginástica artística, Fernando de Carvalho Lopes, foi acusado de praticar abusos sexuais em atletas. Um fato gravíssimo, que colo- ca a sociedade brasileira em alerta sobre esse assunto. A questão do assédio sexual por parte de alguns adultos criminosos pode acon- tecer em várias esferas da sociedade, especificamente no esporte, pelo contato direto da criança com o adulto na correção dos exercícios (situação na qual o contato é mais próximo) e, principalmente, nos esportes individuais, nos quais a iniciação acontece mais cedo que nos esportes cole- tivos – dessa forma, a criança, sendo mais nova, é mais facilmente envolvida em situações de abuso sexual. Como podemos ficar atentos a essa situação preocupante? Não podemos generalizar: há muito mais pessoas idôneas envolvidas no esporte que perversas. Para que tenhamos tranquilidade, se faz necessária a participação da família no pro- cesso de iniciação esportiva. E no esporte, em geral, é necessá- rio observar o ambiente onde são praticadas as atividades esporti- vas, como a equipe técnica está envolvida, se há uma equipe ou apenas uma pessoa comandando as atividades com as crianças e, princi- palmente, os feedbacks dados por seus filhos após as atividades. Mesmo que a criança não tenha ideia de determinados gestos, todas as informações dadas por ela são importantes para a condução na iniciação esportiva. A participação da família é fundamental neste processo. Certamente devem ter acontecido vários casos dessa natureza no esporte brasileiro, que não vieram à tona por diversos motivos – entre eles a coação dos atletas em função de benefícios finan- ceiros ou na ascensão da carreira do atle- ta. Os treinadores detêm o poder de sele- cionar e indicar, em muitos dos casos, o direcionamento para obtenção de recursos financeiros. A influência para participações em seleções municipais, esta- duais e nacionais também pode ser um fator de repressão dos atletas na divulgação de deter- minados atos criminosos. A sociedade deve estar atenta e denunciar qualquer tipo de assédio, seja moral ou sexual. Não podemos per- mitir que uma minoria contamine o traba- lho virtuoso do esporte, os vários projetos sociais que temos hoje no Brasil afora, os centros de treinamento qualificados e pro- fissionais competentes envolvidos e lutando pelo esporte brasileiro. Os valores essen- ciais éticos do esporte, como determinação, respeito ao próximo, superação, socializa- ção, persistência e tantos outros valores morais envolvidos no dia a dia de quem pratica esporte e estão presentes na forma- ção de nossas crianças e adolescentes não podem ser afetados por pessoas que, cer- tamente, devem ser denunciadas e pagar, na forma da lei, por seus atos. écadas de populismo legaram ao Brasil danos econômicos, culturais e éticos que, à primeira vista parecem irrever- síveis, tamanha a indigência moral que con- tamina setores representativos da sociedade. Com sua pretensão de deter o monopólio de todas as virtudes, militâncias organizadas, em torno do que chamam de “pautas pro- gressistas”, ditam o que é verdade, o que é justo, o que é certo, o que é “inclusivo” e o que é politicamente correto. E ai de quem contrariar a sua cartilha e o verborrágico novo moralismo dissimulado e de tom autoritário e fascistoide. Um discurso baseado em raciocínios rasos, fortemente estruturado nos métodos diversionistas dos partidos de esquerda e consolidado no quase 14 anos de governo do PT, arraigou no país um forte ressenti- mento contra as chamadas elites, como se fosse pecado ganhar dinheiro, crescer, evo- luir, buscar o sucesso e ser bem sucedido na vida. Elite, no palanque histérico dos mili- tantes, tornou-se um ente abstrato formado por capitalistas exploradores, ricos insensí- veis que encarnam todo o mal do mundo movidos pela ganância. Com a ajuda prestimosa de setores expressivos da inteligência nacional, da imprensa e de aduladores da academia, o legado de rancor deixado pelo PT e seus aliados talvez viceje ainda por muitos anos na sociedade brasileira. O mito Lula foi construído com base nesses métodos de construção de ressentimentos. Não à toa, disse ele tempos atrás: “A elite brasilei- ra não quer que eu seja candidato. Para isso, eles vão tentar me deixar inelegível”. A propósito, soa bizar- ra essa afirmação na boca de um homem rico, há muito tempo acostu- mado a viver do bom e do melhor. Henry Hazlitt (1894-1993), filósofo libertário, economista e jornalista, em sua obra fundamental Economia em uma única lição, assevera: “Todo o evangelho de Karl Marx pode ser resumido em duas frases: Odeie o indivíduo mais bem-sucedido que você. Odeie qualquer pessoa que esteja em melhor situação do que a sua.” E ainda: “Se você jogar fora o materialismo dialético, o arcabouço hegeliano, os jargões técnicos, a análise ‘científica’ e todas as inúmeras pala- vras presunçosas, você ainda assim ficará com o núcleo do marxismo: o ódio e a inveja doentia do sucesso, que são a razão de ser de toda esta ideologia.” Ou seja, todo o apa- rato pseudocientífico não esconde o caráter maligno dessa ideologia que se propõe cons- truir uma nova sociedade à custa da destrui- ção de nossos valores. Vemos claramente hoje em nosso país que estes métodos foram e continuam sendo muito bem utilizadas por lideranças e partidos de ideologias utópicas – e sabemos perfeitamente aonde nos levam as utopias – para manipular as mas- sas. Nessa cultura do atraso, do vitimismo e do coitadismo, parece que todo aquele que for bem suce- dido o terá sido à custa da explora- ção do outro. Não soubemos nos contrapor à atua- ção organizada e hegemônica dos defen- sores desse populismo tão corrosivo para as bases da sociedade. A esquerda sabe muito bem conduzir a guerra de informação e é com- petente nisso. As pessoas de bem precisam perder o medo de defender suas convicções. Ninguém deve sentir vergonha pelo que con- quistou com suor e trabalho honesto. É neces- sário refutar com veemência a desonestidade intelectual desses grupos que, com seu opor- tunismo de praxe, inventaram uma tal “onda conservadora” que estaria incitando ódio con- tra as minorias e os excluídos. Aquele que trabalha e produz riquezas deve ser respeitado pelo que faz. Coloque- mos no centro de nossas preocupações a defesa do regime democrático para que as oportunidades de ascensão social sejam iguais para todos. Que cada um possa alme- jar ser elite. Este, sim, é um objetivo pelo qual devemos lutar.

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