Diário do Amapá - 18/03/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / bviamente, a jogada inteligente seria a indústria da tecnologia sair na frente e limpar sua própria poluição. Há ativistas como TristanHar- ris, do Time Well Spent (Tempo Bem Gasto), que está tentando levar o mundo da tecnologia para a direção certa. Há também algumas boas respostas de engenharia. Eu uso um aplicativo chamado Moment, que rastreia e con- trola meu uso do telefone. O grande avanço chegará quando os executivos de tecnologia reconhecerem claramente a verdade central: seus pro- dutos são extremamente úteis para as tarefas e lazer que exigem formas de consciência mais superficiais, mas muitas vezes dominam e destroem as formas mais profundas de consciência das quais as pessoas precisam para pros- perar. O mundo on-line é um lugar para o contato humano, mas não para a intim- idade. É um lugar de informação, mas não de reflexão. Ele fornece o primeiro pensamento estereotipado sobre uma pessoa ou uma situação, mas é difícil criar o tempo e o espaço para o terceiro, o 15º e o 43º pensa- mento. O mundo on-line é um lugar para a exploração, mas desencoraja acoesão. Ele assumeocontroleda sua atenção ea dispersapor umavasta gama de entretenimento. Porém, nos sentimos mais felizes quando levamos nossasvidas comumameta, quandofocamos aatenção e a vontade em uma coisa, de todo o coração, com todas as nossas forças. O rabino Abraham Joshua Heschel escreveu que fazemos uma pausa das distrações do mundo não como um des- canso que nos dá mais força para voltar, mas como o clímax da vida. “O sétimo dia é umpalácio no tempo que construí- mos. É feito de alma, alegria e ret- icência”, disse ele. Ao diminuirmos a quantidade de tra- balho e o uso da tecnologia, entramos em um estado de con- sciência diferente, uma dimen- são do tempo e uma atmosfera diferentes, uma mina onde o metal precioso do espírito pode ser encontrado. Imagine se, em vez de reivindicar o papel de nos oferecer as boas coisas da vida, a tecnologia simplesmente se visse como fornecedor de dispositivos efi- cientes. Suas inovações podemnos poupar tempo em tarefas de nível inferior para que possamos ficar off-line e experimentar o que a vida nos dá de melhor. Imagine se a tecnologia se propusesse a fazer isso. Esse seria um incrível show de realismo e, principalmente, de humil- dade que, hoje em dia, é a tecnologia de ponta mais problemática. psicólogo e cientista canadense Steven Pinker defende que a sociedade deve se preocupar com a pobreza e não com a desigualdade. O que importa é quanto das pes- soas na camada de baixo estão bem, e não quan- tas vezes melhor estão as de cima. A não ser que se parta do pressuposto de que a riqueza é fixa e limitada, e que o fato de alguns terem mais necessariamente leva outros a terem menos. O que não é verdadeiro, uma vez que o bolo da riqueza vem crescendo. As discussões populistas sugerem que uma melhora nopadrão de vida dos mais pobres pas- sa por reduzir a riqueza dos que têmmais, invo- cando medidas como aumentos e criação de tri- butos sobre renda, doações, heranças e divi- dendos. Essas são medidas que geram resulta- dos fáceis no curto prazo, mas desestimulam a geração de poupança e investimentos privados e afetam a capacidade de geração de riquezas. O princípio “Robin Hood” dificilmente levará a um crescimento consistente e duradouro do nível de bem-estar das pessoas mais pobres, até porque o Estado é ineficiente na gestão dos recursos arrecadados. O caminho mais eficaz para distribuir renda é a criação de empregos qualificados O caminho mais eficaz para distribuir renda é a criação de empregos qualificados. Então provavelmente a discussão mais pertinente seja em torno de estímulos para que os detentores de poupança apliquem seus recursos de modo a maximizar a geração de riqueza para a sociedade, somada à implementa- ção de políticas públicas mais efi- cientes. O estudo Emprego e crescimento: a agenda da produtividade, publicado pelo Banco Mundial, alerta que, se o Brasil quiser gerar crescimento econômico sustentável e inclusivo, reduzir pobreza e melhorar o padrão de vida das pessoas, deve necessariamente encarar a agenda de reformas. Melhorar a produtividade para aumentar a com- petitividade é essencial para viabilizar uma eco- nomia que necessariamente deverá ser mais aberta, mais integrada ao comércio internacio- nal. O banco aponta para a complexidade da estrutura tributária, o forte aumento da carga de impostos que houve no país, o encolhimento dos investimentos, comprometendo a infraes- trutura e a qualidade dos serviços públicos, a ineficiência do mercado financeiro, a má alo- cação de recursos e a perda de dinamismo da economia. Para compensar os elevados custos de produzir no país, o Governo cria meca- nismos de proteção e compensação que não funcionam. O estudo sugere abrir o mercado, reduzir o Custo Brasil e aumentar a eficiência dosgastos públi- cos. Como coloca Roberto Castello Branco, diretor da FGV Crescimento & Desenvolvimento, a sociedade e os políticos brasileiros não “podem se dei- xar levar pela pregação populista de que ajuste fiscal e reformas estruturais pre- judicam os mais pobres e/ou ‘desnaciona- lizam’ a economia. Pelo contrário, elas bene- ficiam os mais pobres e fortalecem a economia brasileira”. “Bem-estar” é um conceito absoluto e não relativo. O crescimento de uns não depende do encolhimento de outros. Mais consistente é dis- cutirmos como fazer todoscrescerem juntos, não necessariamente em velocidades iguais, mascom oportunidades mais equilibradas, sem fugir dos preceitos dos regimeseconômicos ocidentais que têm permitido uma melhor evolução das socie- dades. Como afirma Pinker, “apesar de toda a obsessão com desigualdade ao longo da última década, ela não é uma dimensão fundamental do bem-estar humano”.

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