Diário do Amapá - 02/02/2022
www.diariodoamapa.com @diariodoamapa @diariodoamapa A epidemia iniciada em dezembro pelo novo coronavírus (Covid-19) está ganhando status de pandemia, atingindo proporções globais. Até o fechamento desta edição, mais de 83mil casos já foram conϐirmados, com 2.858 mortes. Números obviamente alarmante e preocupantes, justiϐicando todas as medidas preventivas que a Organização Mundial de Saúde e demais órgãos estão tomando para conter a epidemia. Mas será que o novo coronavírus se tornou o principal problema de saúde pública no mundo hoje? Se não, como explicar o sentimento de histeria coletiva que tomou conta da imprensa e da popula- ção? Mesmo com a alta letalidade, o novo coronavírus está longe de alcançar taxas de mortalidade como na tuberculose (1,5 milhão/ano) ou mesmo da gripe comum (cerca de 650mil/ano no mundo). Como então explicar o temor causado pela nova epidemia? Publicado em 2005 por um jornalista e um eco- nomista de Chicago, o livro Freakonomics explica eventos semelhantes, onde um ataque terrorista causa muito mais pavor que um infarto (inϐinita- mente mais comum); ou mesmo de uma morte por afogamento de uma criança em uma piscina não gerar tanta comoção como um acidente doméstico por arma de fogo (cerca de 900x menos comumque o primeiro). Segundo os autores, todo risco que corremos pode ser calculado no imaginário comum através da seguinte fórmula: risco = perigo x indignação. Sendo que, nesta equação de “riscos”, indignação e perigo não possuempesos semelhantes. Quando o perigo é grande e a indignação é pequena, a reação do público é insuϐiciente. Porém, quando o perigo é pequeno e a indignação grande, a reação é exacerbada. E este sentimento de indignação está muito associado a presença ou não de nosso controle sobre o evento. No exemplo citado acima, um ato terrorista geraria indignação por estar fora de nosso controle. Ao con- trário, comer batatas fritas e infartar está, de certa forma, sob nosso controle, daí gerar menos revolta. Números Quemnunca ouviu falar que andar de avião é es- tatisticamente mais seguro que viajar de automóvel? Então porque os acidentes aéreos geram tanta reper- cussão e indignação? Justamente por estarem fora do controle dos passageiros. Da mesma forma, uma epidemia que, mesmo não oferecendo tanto perigo, gera indignação por não oportunizar controle de sua disseminação por parte da população geral. A pandemia é iminente e todos os cuidados na prevenção da disseminação devem ser encorajados. Mas informação e cautela são ainda mais importante para que um colapso na rotina de todos e o pânico geral não venha de forma gratuita e equivocada. █
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