Diário do Amapá - 26/01/2022

www.diariodoamapa.com @diariodoamapa @diariodoamapa T alvez pelo fato de termos uma visão de perdão muito ligada à maioria das religiões, acabamos pensando muitas vezes que não temos a capacidade de perdoar. E quando pararmos de nos colocar no patamar de “santos”, teremos a oportunidade de experimentar o perdão de uma forma humana. Aϐinal, mesmo sem percebermos, temos diariamente que ex- ercitar o perdão. Perdão porque nos atrasamos, perdão porque não estudamos o suϐiciente para fazer uma prova, perdão porque não conseguimos cumprir nossa agenda diária, enϐim. Evidentemente que existem situações que acabam exigindo de nós uma capacidade muito maior do que possuímos para exercer o perdão. O perdão é um recurso psicológico de elaboração de uma situação que gerou sofrimento, seja da gente com a gente mesmo, seja da gente com o outro ou do outro com a gente. E isso ϐica guardado, muitas vezes remoendo, diϐicultando o an - damento de nossas vidas. Isso porque o ressentimento aprisiona, o perdão liberta. O que precisamos, mesmo, é entrar em contato com o que nos fez sofrer, recon- hecer isso, para que assim possamos elab- orar. Muitas vezes, isso delega tempo. E não podemos esquecer que perdoar não é voltar a conϐiar. Por exemplo, uma pessoa que foi abu- sada pelo pai. Cresce, e chega à conclusão que perdoou o pai, perguntando se pode deixar a ϐilha sob seus cuidados. Evidente - mente que não. Aϐinal, não é porque ela perdoou, que vai anular o ato de abuso, e que pode conϐiar no seu abusador deixando a ϐilha com ele. Por isso, não é conϐiar plenamente novamente. Talvez muitos estejam pensando, que se não es- queceu, não perdoou. Porque a visão san- tiϐicada do perdão ainda esteja muito arraigada, o que acaba colocando o perdão como forma inacessível.

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