Diário do Amapá - 04/05/2022

S abe-se que o tabaco é paixão e prazer muito antigos. Na Europa medieval o fumo era desconhecido, enquantona Amé- rica já era um hábito antigo dos nativos que nela habitavam. Consta do diário de bordo da ex- pedição de Cristóvão Colombo que em outubro de 1942 dois membros da sua tripulação,Ro- drigo de Xerez e Luís de Torres, aportaram no que seria atual- mente a ilha de Cuba e, ao anda- rem em direção ao interior da ilha, depararam-se com indígenas realizando um estranho ritual, inalavama fumava de folhas quei- madas por meio de um tubo. Quando retornaram ao conti- nente Europeu, além da expe- riência extraordinária vivida no novomundo, trouxeramna baga- gem o fumo do tabaco. Curiosa- mente, o desejo de Rodrigo de Xerez em repetir a exótica expe- riencia em sua casa, na localidade de Ayamonte Jerez em Espanha, tornou-o, possivelmente, o pri- meiro europeu a degustar um charuto fora do continente ame- rica N n o o. entanto, se a recordação daqueles momentos vívidos lhe foi boa, o arrojo foi trágico,pois Xerez, ao ser surpreendido sol- tando fumaça pelo nariz e boca, foi tido como possuído pelo de- mônio e enviado à prisão pelo Santo Oϐício. Passada a história ao longo dos séculos, e muito bons “cau- sos” em torno do tabaco, o cha- ruto hoje se tornou um item valorizado dentro do universo gourmet. Degustar umbompuro (como são conhecidos os charu- tos feitos amão) é umprazer que nos conduz a paz, tranquilidade e boas reϐlexões. Victor Hugo mesmo já dizia que o tabaco é a planta que transforma pensa- mentos em sonhos. É importante ressaltar que charuto não se confunde com ci- garro, visto que, nas palavras de Manoela Romeralo, considerada uma das maiores sommelière de charutos domundo, a única coisa que ambos têmemcomum é a fu- maça. Dentre as principais dife- renças, pode-se dizer queaquele nãodeve ser tragado, assimcomo o seu acendimento e degustação está envolto em todo um ritual. É imprescindível lembrar que o consumo do tabaco deve ser parcimonioso e esporádico. Eu, neste particular, aprecio oseuuso gastronômico, e gostode acendê- lo num momento especial, após um belo e lauto jantar,ou solita- riamente para ler um bom livro,ou, ainda, como combustível para uma boa conversa entre amigos.O charuto tem um apelo social edigestivo ímpar. www.diariodoamapa.com @diariodoamapa @diariodoamapa

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