Diário do Amapá - 10/12/2024

ESPLANADA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 10 DE DEZEMBRO DE 2024 5 ComWalmor Parente (DF), BethPaiva (RJ) eHenrique Barbosa (PE) E-mail: reportagem@colunaesplanada.com.br LEANDRO MAZZINI PODER , POLÍTICAEMERCADO Será que vai? O que dizem entre portas amigas do ex-presidente é que Jair Bolsonaro espera a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, dia 20 de janeiro, para correr à Embaixada americana e pedir asilo político, alegando perseguição de um ministro (não do STF). Alexandre de Moraes, o relator do inquérito dos atos antidemocráticos e otras cositas más, tem a caneta na mão para decidir a qualquer hora. Castelinho Algum gênio do Palácio do Planalto sugeriu retirar a placa do tradicional comitê de imprensa de homenagem a Carlos Castelo Branco, o Castelinho. Foi alertado a tempo de que se trata do grande jornalista, não do ex-presidente militar. Precisam ler mais as crônicas do Castelinho, o maior articulista político do Brasil até hoje. Ah, NY... Não se fala em outro assunto na Esplanada além do corte de gastos: o mistério da agenda de Fernando Haddad e Simone Tebet em Nova York cancelada pelo presidente Lula da Silva. Eles viajariam com assessores para explicar o pacote a investidores, nos dias da eleição presidencial e do resultado nos EUA, numa semana “morta” para isso. Na rota A minirreforma de Lula da Silva pode trazer surpresas na composição da governabilidade. A despeito do partido federado com o PSDB, o deputado Arnaldo Jardim (Cid-SP) articulou filiação de 30 prefeitos paulistas ao PSD e pode ter voz na eventual escolha de um ministro da Agricultura. Desafios de Helder Um receio de crise se forja no céu de Belém quando se fala em COP-30, que será realizada no fim de 2025. Apesar do zelo da cidade e do Estado no preparo da estrutura, há três desafios enormes: os índices históricos de desmatamento no Pará (sim, ainda existe nas sombras da floresta, com madeira de lei tida como a melhor para o mercado); a falta de leitos de hotel para comitivas de quase 100 países (a ideia de navios-hotéis no rio ainda não vingou); e um fator alheio às mãos do governador Helder Barbalho (MDB), escolhido por Lula da Silva o anfitrião: a falta de acordo para uma Carta, ainda mais agora com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Há risco de o evento se tornar um passeio diplomático na floresta. Há dias, foi cancelada a audiência que a Comissão de Meio Ambiente da Câmara faria para tratar da COP-30. N ovo lote de vacinas contra covid-19 será entregue a todos os estados e ao Distrito Federal, até esta terça- feira (10). São cerca de 1,5 milhão de doses da vacina Serum, que tem eficácia comprovada de 90% contra casos sintomáticos em adultos. Elas fazem parte de um lote de quase 70 milhões doses adquiridas peloMinistério da Saúde emumpregão eletrônico paramanter os estoques do SistemaÚnico de Saúde abastecidos por dois anos. O Programa Nacional de Imunizações espera distribuir pelo país novas remessas nas próximas semanas, totalizando 5 milhões de doses entregas até o fim do mês. Além de ter apresentado bons resultados nos testes de eficácia e segurança, a vacina produzida pela Zálika Farma- cêutica temmaior prazo de validade, e pode ser transportada e conservada de forma mais simples. O imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação em pessoas acima de 12 anos. Por isso, as crianças continuarão recebendo o imunizante produzido pela Pfizer. O Ministério da Saúde também está aproveitando as novas entregas para enviar um documento aos estados com orientações sobre a estratégia atual de vacinação contra a co- vid-19. Desde o começo do ano, a vacina faz parte do calendáriobásicodas crianças. Alémdisso, ainda é recomendada a vacinação de gestantes, e reforços periódicos para idosos e pessoas que fazem parte de grupos vulneráveis. As crianças devem receber a primeira dose a partir dos seis meses de idade, e a segunda deve ser tomada quatro se- manas depois. Esse esquema básico vale para todas com menos de 5 anos e depois disso é preciso tomar uma dose de reforço. Já as gestantes devem receber uma dose durante a gestação, e caso isso não aconteça, precisam se vacinar durante o puerpério. Os idosos commais de 60 anos devemreforçar a vacinação a cada seis meses, assim como todas as pessoas commais de 5 anos que tenham alguma imunodeficiência. ■ DISTRIBUIÇÃO Vacinas contra covid-19 serão enviadas até terça para todo o Brasil N esta segunda-feira (9), a TVBrasil exibiu, às 23h, uma edição inédita doCaminhos da Reportagemque destaca histórias de imigrantes no Brasil. O programa “Um lar além das fronteiras” revela a falta de perspectiva e de políticas públicas para esta população vinda de países diversos, como Venezuela, Síria e República Dominicana. No extremo leste de São Paulo, depois do bairrode SãoMateus, uma comunidade formada apenas por venezuelanos recebeu o nome de Veneza City. Entre ruas de terra, casas improvisadas feitas demadeira compensada formam o bairro. Hoje cerca de 300 pessoas vivem no local.WendyHerrera é uma delas. Designer de moda na Venezuela, ela chegou ao Brasil em2020. E de travessia emtravessia, foi viver em Veneza City. “Eu não sei porque, um dia falei assim: eu vou morar em São Mateus. Meu marido falou: você é louca? Eu falei: bom, não sei o porquê, mas eu sinto uma vibração boa de lá. Eu falei para o meu marido: eu sinto uma energia boa de lá. E aí eu vim para cá e consegui um barraco”. Assim como Wendy, a comerciante Carmen Noriega saiu da Venezuela em busca de melhores condições de vida. O filho dela foi um dos primeiros a chegar emVenezaCity. Ela conta que ele começou a vender produtos nos semáforos para complementar a renda da família. E que agora resolveram abrir uma vendinha, ao lado da casa onde vivem. “Pouco a pouco decidi vender ovo, geladinho, sorvetes, doces, balas…e hoje vendemos também batata, cebola, alho.” E conclui: “Aqui estamos bem. Mas meu sonho é voltar para o meu país”. A área onde foi estabelecida Veneza City é uma área pública que hoje está em disputa judicial. Além de Carmen e Wendy, o Brasil já acolheu outrosmilhares de venezuelanos, nos últimos anos. De acordo com o Mi- nistério da Justiça e Segurança Pública, de janeiro de 2017 a janeiro de 2022 che- garam 689.694 venezuelanos ao Brasil. E muitos deles vieram para ficar, como explica Paulo Illes, coordenador de relações institucionais do Centro de Direitos Hu- manos eCidadania do Imigrante (CDHIC). “Eu costumodizer que uma boa prática migratória é apolíticaque reduz aomáximo o tempo de permanência dessas pessoas no abrigamento. Porque o imigrante não vem para São Paulo, não vem ao Brasil, para ficar emabrigo. Ele vemporque quer trabalhar, juntar dinheiro e ajudar a famí- lia.” É neste momento que o imigrante es- barra na falta de política pública voltada para a moradia definitiva, como afirma Carla Aguilar, assistente social e gerente doCentro deApoio e Pastoral doMigrante (Cami). ■ PROGRAMA CAMINHOS DA REPORTAGEM MOSTRA SITUAÇÃO DE IMIGRANTES NO PAÍS V Foto/ Marcelo Camargo/Agência Brasil

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