Diário do Amapá - 17/12/2024
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 17 DE DEZEMBRO DE 2024 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA Advogado E-mail: caio@libris.com.br D e repente, toca seu telefone celular, do outro lado, um amigo que você não via há tempos dizendo: estou te ligando p dizer que o Clau- dinho morreu, nosso amigo de infância, você lamenta demais, pergunta se a família precisa de algo, e em seguida desliga e comenta com seus familiares mais próximos. E todos procuram rezar por eles. Uma hora depois, você entra nas redes sociais e vê que uma cantora, de quem você sempre foi fã e profundo admirador, acabou de falecer. Novamente, você divide o assunto com aquele pequeno núcleo familiar com os quais você ainda consegue estar realmente próximo. Três horas depois, um grupo de colegas de profissão via WhatsApp acaba noticiando o estado gravíssimo de mais uma pessoa querida por você. Na mesma noite, já perto da hora de dormir, mais uma vez seu telefone toca dando notícia de que um parente amado acaba de te deixar. Então, você chama seu núcleo familiar e todos sentem demais pelo passamento com lágrimas que não são poupadas. Você, então, já cansado daquele dia e daquela parte da noite, decide ir para a televisão buscando alguma distração para si. Houve apenas três notícias, uma primeira dizendo que estamos muito longe de receber vacinas para imunização; a segunda, dando conta das aglome- rações existentes, uma por aqueles que efetivamente precisam trabalhar, e dependem dos transportes públicos, que precisam abrir seus pequenos negócios, e outra por aqueles que insistem em dançar ao som dos aparelhos da UTI e do barulho do zíper do saco preto que revela a morte do que eles chamam de “outros”, ignorando o sacrif ício de todos os profissionais da saúde. Como terceira no- tícia, consequência das duas primeiras, de sua cama, você observa o seu televisor anunciar o número de morte daqueles que aqueles chamam de “outros” que beira 4000 (quatro mil) humanos por dia. Esse contexto, repetido em maior ou menor grau diariamente durante mais de 365 dias, inde- pendente da sua situação financeira, independente de quem você é, independente da marca de roupa que você pode usar, independente do vinho que você pode tomar, independente do carro que você pode comprar, independente do grau de instrução que você possa ter, independente do poder que você julga ter é simplesmente avassalador, destruidor do nosso mínimo equilíbrio emocional. Não haverá aqui comentários sobre o culpado ou os culpados dessa destruição que nos foi causada ou pelo menos sobremaneira agravada por esse ou aquele posicionamento. Nosso pedido é apenas para que não nos tratem como os “outros” pois há um grande risco de vocês entrarem para esse grupo em breve. Vamos usar o “nós” como inicial função de nossos diálogos, vamos abraçar nossos queridos, ser sinceros, e principalmente, tudo que você não conseguir fazer em razão desse momento, respeite seu corpo, não faça. Você não está sozinho na dificuldade de concentração, na angústia da alteração tão radical da sua vida, na falta de vontade de se exercitar, pois saiba que sair da cama muitas vezes é passar novamente por tudo que está na parte inicial desse pequeno texto, todos os dias. Aceite sua condição de humano, aceite estar fraco um dia, admita que não é o salvador do mundo (pois Ele por nós já deu a vida). Procure algo para fazer que lhe propicie alguma alegria, fuja do que te deprime, assista um bom filme, vá para cozinha fazer sua comida preferida, brinque com seu cachorro, leia um bom livro, e acima de tudo sorria com seus filhos e pais. E saiba eu e você jamais seremos os “outros”, “nós” seremos sempre “nós”, sim- plesmente humanos. ■ Vamos usar o “nós” como inicial função de nossos diálogos, vamos abraçar nossos queridos, ser sinceros, e principalmente, tudo que você não conseguir fazer em razão desse momento, respeite seu corpo, não faça. Momento vivido RICARDO PEREIRA O s desastres ambientais deMariana e de Brumadinho revelarampara omundo a negligência de empresas brasileiras quanto a gestão socioambiental, e, alémdas perdas irreparáveis para o meio ambiente e para a sociedade impactada, outra consequência foi a crescente perda de investimentos externos. Diante desse cenário, com o objetivo de mitigar perdas, o mercado nacional busca pela sustentabilidade pautada em três princípios fundamentais: ambiental, social e de governança, da sigla em inglês ESG – enviromment, social, governance. Os critérios ESG surgem como métricas para avaliar a sustentabilidade das instituições emrelação às práticas ambientais, sociais e de governança e, assim, classificar seu desempenho financeiro. Sem a adoção de critérios mínimos, empresas perderão in- vestimentos e competitividade em um futuro próximo. Em entrevista à Revista Exame, Iuri Rapoport, sócio e co-head de ESG do Banco BTG Pactual afirma: “empresas que levam em consideração os critérios ambientais, sociais e de governança têmmais resiliência e capacidade de superar crises econômicas e sociais”. Sua afirmação ratifica a necessidade de adoção de práticas de sustentabilidade ESG. Alémdisso, justifica a valorização dos grupos que atendem os critérios na bolsa de valores, e também de empresas que pretendem fazer IPO - initial public offering, em português, oferta pública inicial, que em linhas gerais é a oferta pública em que as ações de uma empresa são vendidas ao público na bolsa de valores pela primeira vez. Oobjetivo desse artigo não é tratar sobre a bolsa de va- lores, mas sim trazer à baila a discussão do tema na admi- nistração pública municipal. Inúmeras políticas públicas tratam sobre os temas e submetema administração públicamunicipal aos critérios ESG. Bons exemplos e que guardam relação como social e o ambiental são o NovoMarco do Saneamento e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, leis 14026/2020 e 12305/2010 que dão diretrizes para a gestão do saneamento, para o fortalecimento das cooperativas de catadores e para a res- ponsabilidade compartilhada entre a administração pública e todos os personagens da cadeia produtiva pelos impactos ambientais. Outros exemplos no ordenamento jurídico são a Lei de Complience - LF 12.846 de agosto de 2013 que trata sobre a prática de atos lesivos à administração pública, bem como a Lei Geral de Licitações - LF 8.666/1993, que, dentre outras, prioriza, com critérios, a contratação de microem- presas e de empresas de pequeno porte pelos entes públi- cos. Na prática ESG já é prioridade de governo, ainda que com muitas das suas políticas apartadas ou sem uma conexão direta entre elas. Agora, lhe pergunto: Como essas políticas públicas acontecem na prática? Que métricas são utilizadas para mensuração dos resultados? Ouvir seus cidadãos é, de certo, uma maneira de identificar gaps na execução de qualquer política pública. Para isso, a administração deve se ater aos portais da transparência e de ouvidoria que são canais capazes de estreitar a relação com a população e que, se utilizados de forma ágil e otimizada, trazem bons resultados em curto prazo. Uma forma de dar visibilidade e transparência sobre políticas públicas e conformidade aos critérios ESG é divulgar, promover os resultados das ações que se relacionam diretamente como tema. É fundamental que se transmita verdade, pois a promoção das ações não deve se confundir comcampanha política ou comgreenwashing**. Aproposta é a de dar transparência as ações efetivamente realizadas pela administração. Estar em conformidade com as diretrizes ESG não é uma tarefa fácil, e é raso afirmar que estamos no caminho certo ao passo que vivemos o ponto mais crítico da pandemia da Covid-19. O foco hoje é preservar vidas. Entretanto, a administração pública deverá desenvolver sua capacidade de governança para atrair investimentos ex- ternos. Medidas de conformidade ESG ainda não aconteceram no setor público de forma estruturada. Mas fica aqui a constatação: ESG é um caminho sem volta. ■ Os critérios ESG e a administração pública municipal Ouvir seus cidadãos é, de certo, uma maneira de identificar gaps na execução de qualquer política pública. Para isso, a administração deve se ater aos portais da transparência e de ouvidoria que são canais capazes de estreitar a relação com a população e que, se utilizados de forma ágil e otimizada, trazem bons resultados em curto prazo. SUZETTE RENAULT E-mail: ian@libris.com.br Gestora socioambiental
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