Diário do Amapá - 19/12/2024
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUINTA-FEIRA | 19 DE DEZEMBRO DE 2024 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA F oi concluído, no Vaticano, o processo de beatificação de Dom Hélder Câmara. A beatificação precede a canonização. Com a canonização, o tratamento reverencial devido será: Santo Hélder Câmara. Fico boquiaberto ao lembrar que apertei a mão de um santo, quando ele ainda vivia neste mundo. E mais que isto: falei com o santo. Quando já marquei, no calendário, a oitava década de vida neste mundo, essas lembranças trazem-me conforto espiritual. Meu último encontro com Hélder Câmara aconteceu no Recife, em 1997, dois anos antes da partida do santo em direção à morada definitiva, certamente mais confortável que a modesta morada que ele habitava, na periferia da capital de Per- nambuco, onde era vizinho dos pobres e aban- donados. Quando tomou posse como Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Hélder habitou o imponente Palácio Episcopal. Mas não se sentiu bem nesse nobre ende- reço. Vendeu o imóvel e aplicou o dinheiro na construção de casas para os pobres. Decidiu morar na periferia que, ali sim, es- taria junto daqueles que mais amava. A primeira coisa que observei, ao chegar (os juízes aprendem a observar detalhes), foi a total falta de proteção na casa. Embora isto não fosse da minha conta, supus que era do meu dever admoestá-lo: Dom Hélder, o senhor anda falando coisas que não são do agrado dos poderosos. Será fácil praticar aqui um as- sassinato, sem deixar pistas. Ele respondeu com um gesto e uma frase. Curvou a cabeça e disse: Está vendo estes fios de cabelo que ainda restam? Não cai um único fio sem que Deus permita. Eu respondi: o senhor é um homem de Fé, Dom Hélder. Minha Fé tem o tamanho de um grão de mostarda. Peço a Deus que este encontro com sua pessoa, que esta vinda a sua casa, aumente minha Fé. Fui atendido. Depois deste dia acreditei com muita mais força e vigor no Cristo de Dom Hélder Câmara. Por que usei a expressão Cristo de Dom Hélder Câmara? Que Cristo é esse? É o Cristo na visão do profeta Hélder. Não é o Cristo que fica dentro das igrejas. Não é apenas o Deus que se fez homem. É o Cristo que está nas periferias, nas prisões, nas filas quilométricas dos hospitais, nos corredores dos fóruns pedindo Justiça. Foi a este Cristo Vivo, não ao Cristo histórico, foi a esse Cristo que Hélder Câmara dedicou sua vida. ■ Apertei a mão de Dom Hélder Câmara Peço a Deus que este encontro com sua pessoa, que esta vinda a sua casa, aumente minha Fé. Fui atendido. Depois deste dia acreditei com muita mais força e vigor no Cristo de Dom Hélder Câmara. JB HERKENHOFF E-mail: jbpherkenhoff@gmail.com Juiz de Direito aposentado V imos no artigo "A Cidade Tessalônica" que o anúncio do Evangelho por Paulo e Silas criou grande tumulto na cidade a ponto de terem que sair da cidade. E, apesar disso, vários tessalonicenses (At 17,4) aderiram, nascendo aí uma comunidade cristã e corajosa também. A cidade era uma metrópole com porto movimentado, população diver- sificada por culturas, línguas, deuses, folclore, superstições e tradições. A língua mais usada era o grego, mas havia muitas outras, além dos dialetos. Havia ali hospedarias, saunas, teatros, praças públicas, sanitários e, inclusive, prostituição. E no campo havia rebanhos, cultivos de oliva, uva e outras frutas. As terras estão nas mãos dos latifundiários, mas no mar, muitos pes- cadores tiravam das águas o sustento que vai alimentar tantas outras pes- soas. Em meados dos anos 50 d.C., Paulo e Silas seguiram para a Bereia, Atenas e Corinto, de onde ele escreve a Primeira Carta aos Tessalonissenses entre o fim do ano de 50 ao início de 51. Essa carta é marcada pela alegria e, acima de tudo, pela ação de graças, apesar dos conflitos e temores, já que os Tessalonicenses passaram pelos mesmos conflitos enfrentados pelos autores da carta. Paulo, Silas (Silvano) e Timóteo tinhammotivos para temer, mas a atitude deles é de otimismo, alegria e agradecimento a Deus. As dificuldades enfrentadas não afetaram suas vidas, pelo contrário, eles acreditam que é justamente aí que se manifesta a graça e a paz de Deus (1 Ts 1,1). Os tessalonicenses testemunharam a integridade exterior de Paulo: "Não estávamos à procura de elogios dos homens, seja de vocês, seja de outros" (1 Ts 2,6). A integridade interior, que não pode ser detectada pela comunidade, mas é comprovada por Deus: "Nós não fomos levados por motivos in- teresseiros: Deus é testemunha" (1 Ts 2,5). A esse respeito, ele conclui: "Vocês são testemunhas, e o próprio Deus também, de como foi santo, justo e irrepreensível o nosso comportamento em relação a vocês que acreditaram" (1 Ts 2,10). As grandes cidades daquele tempo estavam cheias de pregadores ambulantes que faziam disso seu ganha-pão (1 Ts 2,9). Para conseguir seus objetivos, procuravam camuflar muito bem os interesses, procurando adular os ouvintes. Já Paulo e Silas traziam, por ocasião da fundação da comunidade, as marcas da flagelação sofrida em Filipos. Além disso, Paulo trabalhava de dia e com isso ganhava seu sustento. De fato, logo depois, seus adversários tentaram destruir por completo as sementes do Evangelho lançadas nessa comunidade. Paulo previa isso. Por essa razão é que não tem sossego. Ele está em Atenas, mas o coração e o espírito ainda estão em Tessalônica. Timóteo voltou de lá com ótimas notícias: a comunidade está firme, en- frentou a perseguição e venceu, está com saudade do seu fundador, e tantas outras notícias que provocam a ação de graças da equipe. Paulo tem a impressão de estar ressuscitando: "Agora já nos sentimos reanimados, pois sabemos que vocês estão firmes no Senhor" (1Ts 3,6-8). Ele põe em segundo plano os problemas e inquietações, pois é hora de dar graças a Deus e de escrever à comunidade. ■ Primeira Epístola aos Tessalonicenses De fato, logo depois, seus adversários tentaram destruir por completo as sementes do Evangelho lançadas nessa comunidade. Paulo previa isso. Por essa razão é que não tem sossego. E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sêniordo INPE MARIO EUGENIO
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