Diário do Amapá - 21/12/2024
| ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 ECONOMIA SÁBADO | 21 DE DEZEMBRO DE 2024 M ais pessoas estão morando so- zinhas em todo o país, mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Carac- terísticas Gerais dos Domicílios e dos Moradores 2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divul- gada nesta sexta-feira (20). Em 2012, os chamados domicílios unipessoais eram 12,2% e, em 2023, passaram a representar 18% do total, quase um a cada cinco lares do país. Já os lares ocupados por famílias re- duziram. Apesar do recuo, o arranjo do- miciliar da maioria dos brasileiros segue sendo a nuclear, ou seja, lares ocupados por um único núcleo formado pelo casal, com ou sem filhos ou enteados. Esses domicílios representam 65,9% do total no país. Em 2012 eram 68,3%. São tam- bém nucleares as unidades domésticas compostas por mãe com filhos ou pai com filhos, as chamadas monoparen- tais. As chamadas estendidas, compostas por pessoa responsável com pelo menos um parente, formando uma família que não se enquadre em um dos tipos des- critos como nuclear, também apresen- taram queda, passando de 17,9% em 2012 para 14,8% em 2023. Os lares com- postos, ocupados por pessoas sem pa- rentesco, caíram de 1,6% para 1,3% no mesmo período. “[O arranjo] nuclear apresenta queda, porque estão surgindo novos domicílios unipessoais. São as pessoas que estão passando a sair da sua moradia e viver sozinhas ou que deixam a casa dos pais e vão morar sozinhas ou, então, após um divórcio, o pai vai morar sozinho, ou a mãe vai morar sozinha, e as crianças ficam com o pai ou com a mãe”, diz o economista analista da Pnad Wiliam Araujo Kratochwill. Em relação às regiões, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram os percen- tuais mais elevados de domicílios com apenas ummorador, as duas com 18,9%. A região Norte registrou a menor pro- porção, 13,9%. O Norte e Nordeste registraram as maiores proporções de unidades domi- ciliares estendidas, com 21,4% e 16,6%, respectivamente, enquanto na Região Sul essa configuração representou 12,2% dos domicílios. Morando só O percentual de pessoas morando sozinhas foi o único que cresceu no pe- ríodo analisado. Os dados mostram que os homens são maioria nesse arranjo. Em 2023, eles correspondiam a 54,9% das pessoas que moravam sozinhas, en- quanto as mulheres, a 45,1%. As porcentagens variam de acordo com a região. No Sul, as mulheres esta- vam presentes em quase metade dos ar- ranjos unipessoais, 48,2%. Já na região Norte, esse percentual era 35,5%. Em relação à idade, 12,1% tinham 15 a 29 anos; 47%, 30 a 59 anos; e 40,9%, 60 anos ou mais. O perfil dos homens e das mulheres que moram sozinhos é di- ferente. Enquanto a maioria (56,4%) dos homens de lares unipessoais tinha 30 a 59 anos, a maior parte (55%) das mulheres tinha 60 anos ou mais. ■ DADOS DOMICÍLIOS COM UMA PESSOA SÃO OS QUE MAIS CRESCEM NO BRASIL O pacote de corte de gastos apro- vado pelo Congresso representa apenas a “primeira leva” de me- didas do ajuste fiscal do governo, disse nesta sexta-feira (20) o ministro da Fa- zenda, Fernando Haddad. Em café da manhã com jornalistas, ele afirmou que a revisão de despesas será permanente e que decidiu enviar as propostas agora, perto do fim do ano, para reduzir as in- certezas em relação ao arcabouço fiscal. “Apenas esse pacote não é o suficiente. Estamos chegando ao último dia do ano legislativo. Ou eu mandava agora para aprovar uma primeira leva de ajustes, ou deixava um pacote mais robusto para o próximo ano, o que geraria mais in- certeza. Melhor submeter ao Congresso o que está pacificado entre os ministérios, o Legislativo, os deputados e senadores da base, do que esperar para ter uma coisa [economia de gastos] mais robusta, mais vistosa”, declarou o ministro. Na avaliação do ministro, faz mais sentido enviar ao Congresso o que está amadurecido nos debates internos do que esperar um pacote mais amplo até março. Por causa das eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado em fevereiro, somente em março o Congresso elegerá as comissões, o que faria o governo perder ainda mais tempo do que se não tivesse enviado as medidas no fim de novembro. Haddad, no entanto, admitiu que de- fendeu mais medidas no pacote, mas que teve de fazer um trabalho de con- vencimento dentro do governo, carac- terístico do regime democrático. “Lutei por mais [medidas]. Todo mundo sabe. O papel da Fazenda é esse, mas existe uma mediação que passa por outros mi- nistérios e o Congresso”, justificou. Trabalho constante Segundo Haddad, a revisão de gastos públicos será constante daqui para a frente. “Se depender de mim, essa agenda teve um início importante e não deveria parar. Deveria ser prática rotineira do Poder Executivo fazer isso [rever gastos]. Isso vale inclusive para os governos locais. A prefeitura, o estado, precisa ter uma rotina de revisão de gastos. Isso não deveria ser algo extraordinário e surpreendente. Assim que [o Poder Exe- cutivo] identifica que algo sai do previsto do que o Legislador imaginou, deve re- visar a despesa”, declarou. Entre os exemplos de gastos que cresceram além do previsto nos últimos anos, o ministro citou o Benef ício de Prestação Continuada (BPC), benef ício pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. Segundo Haddad, os afrouxamentos nas regras de governos anteriores levaram as despesas com o benef ício a subir fortemente. Nos 12 meses terminados em outubro, os gastos aumentaram 16%. “As mudanças que desorganizaram o BPC deram margem a interpretações frouxas, sendo revistas agora à luz do que aconteceu no programa nos últimos anos. São temas sensíveis, inclusive do ponto de vista da opinião pública, mas que têm de ser tratados”, afirmou o mi- nistro. ■ HADDAD PROMETE NOVAS MEDIDAS DE CORTE DE GASTOS EM 2025 AJUSTE FISCAL V Foto/ Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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