Diário do Amapá - 22 e 23/12/2024
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 22 E 23 DE DEZEMBRO DE 2024 2 N unes era umhumilde motorista de caminhão. Para ele, a religião não tinha nenhuma importância e até discutia com aqueles que falassem sobre isso. Mas, para Deus, tudo tem a sua hora. Numa tarde, o nosso motorista viajava a grande velocidade quando, à certa distância, avistou, bem no meio da estrada, uma enorme caixa de papelão. Não teve dúvida. Brincalhão como era, decidiu passar a roda do pesado caminhão bem em cima da caixa. Firmou o volante. Contudo, quando estava próximo, num gesto contrário à sua vontade, desviou totalmente da caixa. Amanobra foi tão violenta que chegou a sair fora da pista. Voltando ao asfalto continuou a sua viagemcomo se nada tivesse acontecido. Porém, após ter andado mais de um quilômetro, parou e começou a refletir: “Por que eu quis passar em cima da caixa e não o fiz? O caminhão saiu do asfalto e quase capotou. Não poderia outromotorista fazer omesmo e sofrer um acidente? É melhor que eu volte e retire aquela caixa.” Nunes volta e quando se dirige para perto da caixa, a fim de apanhá-la, percebe que a caixa está andando. Levanta a caixa e vê que dentro dela estava uma criança brincando. Coloca a criança na cabine do caminhão. Atira a caixa no mato e, sem saber ainda por quê, começa a chorar. Entrega o menino aos pais. Ainda não sabe explicar como tudo aquilo aconteceu, mas agora acredita que Deus tem diversas maneiras para nos alcançar e manifestar o seu amor por nós. Essa pequena história não chega a ser um conto de Natal, mas pode nos ajudar a pensar e a rezar nesses últimos dias antes do 25 de dezembro. Fala de alguém que pouco pensava em Deus, tinha outros interesses o motorista. De repente, aparece uma caixa de papelão. Comonãopensar nos tantos pacotes grandes e pequenos dos presentes deNatal?Muitos deles são sinais sinceros de afeto; estão cheios de carinho e gratidão. Muitos outros são só uma obrigação, cumpremàs formalidades de um costume de boa educação entre pessoas que, por exemplo, trabalham ou vivem juntas o ano inteiro. Que bomse esses pacotes estivessemcheios, aomenos, de sorrisos e apertos demão, de desculpas pelas palavras ditas ou não ditas, de promessas para um novo tempo mais fraterno e harmonioso. A caixa de papelão da his- tória, esconde uma criança, que, andando sem saber do perigo, foi parar nomeio da pista. Como não pensar no Menino Jesus, o grande “presente” de Natal para todos nós? Assim acreditaram as duas mães, Maria e Isabel ao se encontrarem, apesar de ainda não poderem ver os rostos dos seus filhos. A idosa, já no sexto mês de gravidez, e a jovem, ainda no começo daquela gestação, obra misteriosa do Espírito Santo, exultaram cheias de alegria como nos lembra o evangelho de Lucas, que ouviremos neste Quarto Domingo de Ad- vento. Isabel proclama Maria “bem-aventurada”, porque acreditou e assim tornou possível o comprimento das promessas de Deus (Lc 1,45). Ter fé é, sem dúvida, um dom de Deus, mas nós não podemos deixar de pedir que ele a aumente e a confirme. Todos somos convidados a prestar mais atenção aos sinais do amor de Deus, a não desprezar as oportunidades que ele nos dá para abrirmos os nossos olhos e o nosso coração. Não precisa esperar algumevento extraordinário, porque Deus se serve das pessoas ao nosso redor para nos alcançar e quebrar o muro da nossa incredulidade. Quantas mãos nos tiraram de situações perigosas, quantas nos conduziram pelos caminhos certos da vida, quantas enxugaram as nossas lágrimas e nos sus- tentaram nos momentos de fraqueza. Quantas mãos estendidas pediram a nossa ajuda para nos acordar da nossa indiferença. Quantas mãos se juntaram às nossas para rezar, agradecer, pedir a paz, o perdão e a reconciliação. Talvez nós teríamos passado por cima de tudo na corrida desenfreada atrás dos nossos interesses, fechados em nosso orgulho ou na busca exclusiva do nosso prazer. Se alguém nos ajudou a reavivar a mecha fumegante da nossa fé, porque não agradecer, por que não reconhecer o amor de Deus? Melhor ainda se formos nós a ajudar outros, porque acreditamos que encontrar Jesus no caminho da nossa vida, será sempre o maior presente de Deus para nós e para todos. E não só no Natal. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá Essa pequena história não chega a ser um conto de Natal, mas pode nos ajudar a pensar e a rezar nesses últimos dias antes do 25 de dezembro. Fala de alguém que pouco pensava em Deus, tinha outros interesses o motorista. De repente, aparece uma caixa de papelão. Como não pensar nos tantos pacotes grandes e pequenos dos presentes de Natal? A caixa de papelão Q ual é autonomia da ação do ser humano no âmbito da criação? Qual é o espaço da liberdade humana no contexto da criação? É livre? De fato, vivemos em um tempo em que a ação do ser humano tem sempre mais condições de modificar a realidade criada. Que sentido tem esse agir humano (livre e responsável) no contexto da criação feita por Deus? Para onde deve se en- caminhar a criatividade humana? Essas perguntas nos levam a entender o papel das pessoas. E o salmo 100, das Sagradas Escrituras, nos ajuda a dar algumas respostas a tudo isso. Quem faz a experiência de Deus na vida pode dizer que, através do louvor ao Senhor e o comportamento que não se confunde com o mal, poderá ter uma melhor compreensão no âmbito da criação. Agindo corretamente e louvando Deus não podemos confundir a nossa vida. Leia o que diz o salmo: "Cantarei a bondade e a justiça. A vós, Senhor, salmodiarei. Pelo caminho reto quero seguir. Oh, quando vireis a mim? Caminharei na inocência de coração, no seio de minha família. Não proporei ante meus olhos nenhum pensamento culpável. Terei horror àquele que pratica o mal, não será ele meu amigo. Estará sempre longe demimo coração perverso, não quero conhecer omal. Exterminarei oque emsegredocaluniar seupróximo.Não suportarei homem arrogante e de coração vaidoso. Meus olhos se voltarão para os fiéis da terra, para fazê-los habitar comigo. Serámeuservoohomemque segueocaminho reto. O fraudulento não há demorar jamais emminha casa. Não subsistirá o mentiroso ante meus olhos. Todos os dias extirparei da terra os ímpios, banindoda cidade do Senhor os que praticamomal." Este salmo pode ser rezado sempre, porque ajuda a enfrentar o reto comportamento do dia a dia da vida. O que ele focaliza? Em primeiro lugar põe em evidência o aspecto chamado ‘moral’ da vida humana. Osalmista é rigoroso emfocalizar umcomportamento severo em cumprir integralmente as leis de Deus e saber ouvir a própria consciência. No caminho, na ‘inocência de coração,’ o mesmo Deus vai ao seu en- contro e faz de tudo para sustenta-lo. Um Deus presente e forte para o seu fiel. Naturalmente, o com- promisso do fiel é tal que se opõe firmemente à injustiça e ao mal: “Terei horror àquele que pratica o mal, não será ele meu amigo”. Alémdisso, temoutro aspecto que se evidencia no compromisso social: “Meus olhos se voltarão para os fiéis da terra”. É um combate contra a calúnia e o falso testemunho nos tribunais, demonstrando uma hosti- lidade às classes poderosas e, ao mesmo tempo, uma defesa para os pobres indefesos e os justos. Tudo isso revela um grande compromisso para eliminar as injustiças e o mal que imperam na vida da sociedade. É um programa de justiça que quer imitar a ação de Deus na sociedade. E o final, descrito como uma cruel violência, um derramento de sangue, que gera certa inquietude nas pessoas, não é nada mais que um gênero literáriomuito usado no Oriente. Na verdade, é uma expressão semítica, adjetivo que se refere aos povos que tra- dicionalmente falaram línguas semíticas entre os quais os árabes e hebreus, de um sério e determinado compromisso para combater e eliminar o mal, a injustiça e a malvadez humana. Este salmo, eu creio, que ainda é atual. Precisamos combater o veneno da ambição que nega o outro, da soberba que radicaliza o egoísmo. E não só: lutar para que os poderes busquem sempre o bemdas pessoas, na verdade e na justiça. O papa Francisco no dia 23 de outubro 2013, Dia Mundial das Missões, falou o seguinte: “A luta contra omal é dura e longa, requer paciência e resistência”. E continuou o pontífice: “Clamar dia e noite’ a Deus! Impressiona-nos esta imagem da oração. Mas vamos nos perguntar: por que Deus quer isso? Ele já não conhece as nossas necessidades? Que sentido tem ‘insistir’ comDeus? Esta é uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspecto muito importante da fé: Deus nos convida a rezar com insistência, não porque não sabe do que precisamos, ou porque não nos ouve. Pelo contrário, Ele ouve sempre e sabe tudo sobre nós, com amor”... “Nós lutamos comele ao lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a sua presença, a sua misericórdia, a sua ajuda”. O Senhor está conosco e, portanto, canta a sua bondade. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Na verdade, é uma expressão semítica, adjetivo que se refere aos povos que tradicionalmente falaram línguas semíticas entre os quais os árabes e hebreus, de um sério e determinado compromisso para combater e eliminar o mal, a injustiça e a malvadez humana. Este salmo, eu creio, que ainda é atual. Cantarei a bondade e a justiça
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