Diário do Amapá - 07/10/2025
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o mercado de trabalho no Brasil é “o mais exuberante” das últimas três décadas. Disse também que, pelas expectativas do mercado, não se vê a inflação atingindo a meta pelo menos até 2028. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (6) durante palestra proferida no Instituto FernandoHenrique Cardoso, em São Paulo. “A série histórica dá a entender que talvez estejamos em pleno emprego. Temos dados bastante fortes do que vem acontecendo [em relação a isso]. Amassa salarial e o rendi- mento médio real têm uma alta bastante acentuada nesse sentido. Então acho que é dif ícil dizer que a gente não tem, provavelmente, o mercado de trabalho mais exuberante que a gente viu nas últimas três décadas”, disse o presidente do BC. Galípolo disse, ainda, que para o país continuar crescendo sem ter uma pressão inflacionária, é muito importante que esse crescimento se dê por aumento de produtividade. “Mas por uma produtividade que permita a gente ter uma susten- tabilidade, [de forma a termos] uma duração mais longa nesse crescimento”, complementou. Ele reiterou que a elevação dos juros se deve às pressões inflacionárias. “A gente sabe que 15% é uma taxa de juros elevada, mas percebam a situação que a gente tinha em abril: 57%dos itens que compõemo IPCAestavamsuperiores ao dobro da meta de inflação”, disse. “A gente não vê a inflação na meta em nenhum dos ho- rizontes, nematé 2028, pelas expectativas do Focus. É óbvio que o BC tem suas próprias projeções. E a gente incorpora todas essas projeções. Dentro das expectativas do Focus e dentro das nossas projeções, esse é um indicativo de bastante incômodo”, complementou. ■ SUSTENTABILIDADE Galípolo diz que mercado de trabalho é o mais exuberante em 3 décadas ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 TERÇA-FEIRA | 07 DE OUTUBRO DE 2025 R epresentantes doMinistério da Pre- vidência alertaram, nesta segunda- feira (6), que o avanço da chamada pejotização, que é a contratação de traba- lhadores como Pessoa Jurídica (PJ), ou seja, como uma empresa, levaria ao fim do modelo de previdência social como conhecemos no Brasil. “A pejotização é muito mais do que uma reforma da Previdência. É o fim do modelo de Previdência Social do Brasil”, afirmou o secretário-executivo do Minis- tério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha, emaudiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF). Convocada peloministroGilmarMen- des, o relator da ação que suspendeu todos os processos sobre suposta fraude contratual de trabalhadores via PJ, a audiência pública recebe 78 pessoas, entre representantes do governo, da sociedade civil, do setor empresarial, de sindicatos, entre outros. “[A pejotização] vai jogar quem está na CLT para fora dela. O que restará à so- ciedade e ao Estado são dois caminhos. Ou o Estado ampliará enormemente suas despesas com previdência nos próximos anos e décadas, ou, o que é bemmais pro- vável que aconteça, novas propostas de reforma da Previdência trarão cortes gi- gantescos nessa proteção social”, disse. Adroaldo alertou que 73% da Previ- dência é financiada pela folha de pagamento dos empregados contratados via CLT e que a substituição de 10% desses traba- lhadores para um regime de PJ traria uma perda anual de aproximadamente R$ 47 bilhões. A chamada pejotização vem substi- tuindo os contratos de trabalho via carteira de trabalho [CLT], levando a uma redução das obrigações trabalhistas por parte das empresas, que não precisam pagar a pre- vidência e o FGTS, por exemplo, causando perdas bilionárias ao INSS. A prática cos- tuma ser interpretada pela Justiça do Tra- balho como fraude. Odiretor doDepartamento de Regime Geral da Previdência Social do INSS, Eduardo da Silva Pereira, citou o envelhe- cimento da população como um fator que agrava o financiamento da Previdência. Para ele, o aumento da pejotização agravará a situação. “Nós já temos uma acentuada neces- sidade de financiamento e isso só agravaria o processo. O processo de pejotização desfaz o pacto social construído em torno da Previdência, em que nós temos um fi- nanciamento tripartite, empregadores, tra- balhadores e governo financiando a Pre- vidência. O processo de pejotização tira o empregador desse processo. Quem vai fi- nanciar é só o governo e o empregado”, pontuou. Nova arquitetura Especialistas ouvidos na audiência pú- blica do STFnesta segunda-feira, afirmaram que para evitar a perda de arrecadação da Previdência Social, seria preciso elaborar um novo modelo de financiamento. Oeconomista Felipe Salto, ex-secretário da Fazenda do governo de São Paulo, en- tende que a pejotização é um caminho sem volta e que não deve se alterar. “As novas relações domercado de tra- balho, a incorporação de novas tecnologias, amodernização, elas são irreversíveis. Nós não vamos mais conseguir voltar atrás e imaginar um mundo ideal em que todos estejam simplesmente contratados pela CLT”, disse. Para Salto, será preciso pensar em novas formas de arrecadação para sustentar as políticas públicas, sobretudo a Previ- dência Social. ■ ECONOMISTAS E SETOR PRODUTIVO VEEM AVANÇOS COM PL DA ISENÇÃO DE IR SUBSTITUIÇÃO V Foto/ José Cruz/Agência Brasil
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