Diário do Amapá - 12 e 13/10/2025
A retirada de pauta que levou à medida provisória al- ternativa à elevação do Imposto sobre Operações Fi- nanceiras (IOF) a caducar foi escolha deliberada doCongresso para prejudicar os mais pobres, disse nesta quinta-feira (9) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em postagem nas redes sociais, oministro lembrouos protestos recentes contra o Congresso e deu a entender que o processo pode se repe- tir. “Apesar demuita negociação, ontemo lobby dos privile- giados prevaleceu no Congresso e derrubou essa medida. Não foi descuido, foi escolha. A escolha consciente de tirar direitos dos mais pobres, para proteger os privilegiados. De blindar os mesmos amigos de sempre e forçar cortes contra aqueles que mais precisam do Estado”, disse Haddad. Comonos últimos dias, oministro reiterou que amedida provisória, que pretendia elevar a tributação de alguns in- vestimentos e acabar com a isenção de outros, pretendia atingir osmais ricos e as bets (empresas de apostas eletrônicas). Segundo Haddad, a arrecadação de R$ 17 bilhões para o próximo ano seria usada para garantir os investimentos em saúde, educação e previdência social em 2026. “A medida buscava cobrar o mínimo de bilionários, bancos e betes, uma operação simples e justa. Proteger os di- reitos daqueles que ganham menos, cobrando a justa parte dos que ganhammuito e não pagamquase nada”, comentou. Protestos Oministro ressaltou que a medida provisória ajudaria a equilibrar as contas públicas no próximo ano e a bancar par- cialmente a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Sem citar diretamente, a proposta de emenda àConstituição (PEC) que pretendia blindar políticos, derrubada no Senado após protestos, Haddad ressaltou que a população pode ficar indignada novamente. ■ PROTESTOS “Não foi descuido, foi escolha”, diz Haddad sobre rejeição de MP ● IPCA Preços dos alimentos caem pelo 4º mês consecutivo, diz IBGE O preço dos alimentos caiu pelo quarto mês seguido no Brasil. Em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou negativo em -0,26% no grupo alimentação e bebidas. O IPCA é o índice que mede a inflação oficial do país. Nos últimos quatro meses, alimentos e bebidas apresentaram deflação, situação em que os preços ficam mais baratos (inflação negativa). O recuo acu- mulado ficou em -1,17%. Os alimentos que apresentaram queda mais acen- tuada de preços foram tomate (-11,52%), cebola (- 10,16%), alho (-8,70%), batata (-8,55%) e arroz (- 2,14%). No caso da alimentação no domicílio, a deflação ficou em -0,41% em setembro, contra queda de - 0,83% anotada em agosto. Desaceleração A alimentação fora do domicílio apresentou de- saceleração entre agosto (0,50%) e setembro (0,11%). De acordo com o IBGE, o subitem lanche recuou de 0,83% para 0,53%. A queda, em alguns casos, e a desaceleração dos preços, em outros, influenciaram o resultado geral do mês de setembro, quando a inflação oficial do país (IPCA) ficou em 0,48%. No acumulado de 12 meses, o índice acumula 5,17%.Em agosto, o IPCA do país foi negativo, em -0,11%, caracterizando-o também como de deflação. ■ ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 12 E 13 DE OUTUBRO DE 2025 E m um dia de turbulência no mer- cado doméstico e externo, o dólar teve uma disparada, superando a barreira de R$ 5,50 pela primeira vez desde o início de agosto. A bolsa de va- lores recuou pelo segundo dia seguido e acumula queda de quase 4% em outubro, em meio a novas tensões comerciais entre Estados Unidos e China e preocu- pações com as contas públicas brasilei- ras. O dólar comercial encerrou esta sex- ta-feira (10) vendido a R$ 5,503, com alta de R$ 0,128 (+2,38%) em apenas um dia. A cotação chegou a abrir o dia em queda, recuando para R$ 5,36, mas in- verteu o movimento nos primeiros mi- nutos de negociação. Na máxima do dia, pouco depois das 14h, chegou a R$ 5,51. A moeda norte-americana está no maior nível desde 5 de agosto. Com o desempenho desta sexta-feira, a divisa subiu 3,13% na semana e acumula valo- rização de 3,39% em outubro. Em 2025, o dólar cai 10,95%. O dia também foi turbulento no mer- cado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 140.680 pontos, com recuo de 0,73%. No menor nível desde 3 de setembro, o indicador perdeu 2,44% na semana. No mês, registra perda de 3,8%. A combinação entre a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e o aumento das preocupações com o quadro fiscal brasileiro pressionou o real, que teve o pior desempenho entre as moedas emergentes. Guerra comercial No cenário internacional, a nova ofensiva comercial deWashington contra Pequim pressionou os mercados globais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na plataforma Truth Social que o governo “está calculando um grande aumento de tarifas sobre produtos da China”, em retaliação à de- cisão chinesa de ampliar os controles de exportação sobre terras raras, insumo estratégico para a indústria de tecnolo- gia. No início da noite desta sexta (10), Trump anunciou a imposição de uma nova tarifa de 100% sobre produtos chi- neses. A decisão deve pressionar ainda mais o mercado financeiro internacional na segunda-feira (13). Os preços do petróleo recuarammais de 4%, atingindo o menor nível em cinco meses. A cotação do barril do Tipo Brent, usado nas negociações internacionais, encerrou o dia emUS$ 62,73, com queda de 3,82%. As bolsas dos Estados Unidos tam- bém fecharam em forte queda. O S&P 500, das 500 maiores empresas, caiu 2,71%; o Nasdaq, das empresas de tec- nologia, recuou 3,56%; e o Dow Jones, das empresas industriais, perdeu 1,88%. Diante do aumento da incerteza, inves- tidores buscaram proteção em ativos considerados seguros, como ouro e títulos do Tesouro dos Estados Unidos. No Brasil, a turbulência externa se somou a novos receios sobre as contas públicas em 2026. A derrubada da medida provisória (MP) que pretendia aumentar a tributação de investimentos trouxe um rombo de R$ 17 bilhões para as contas do governo no próximo ano, que terá eleições. Na próxima semana, o governo discutirá alternativas para compensar a perda de validade da MP. *com informações da Reuters ■ DÓLAR DISPARA PARA R$ 5,50 COM TENSÃO ENTRE EUA E CHINA GUERRA COMERCIAL V Foto/ Valter Campanato/Agência Brasil
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