Diário do Amapá - 18/10/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 18 DE OUTUBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA N o coração pulsante do Amapá, um grupo de mulheres enfrenta diariamente desafios que vão muito além da maternidade convencional. As mães atípicas, são aquelas que cuidam de filhos com deficiência ou necessidade especial, síndromes rara, ou outras condições neurológicas e de desenvolvimento que exigem cuidados e desafios diferentes do padrão, como o autismo, TDAH, ou doenças genéticas. O termo "atípica" não é pejorativo, mas sim para destacar a necessidade de reconhe- cimento da sua jornada e das suas lutas específicas por inclusão, direitos, terapias e apoio. Elas são verdadeiras heroínas, navegando por um mar de dificuldades, mas também contando com o poder da lei como um aliado essencial em sua jornada. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados do módulo “Pessoas comdeficiência e Pessoas diagnosticadas comTranstorno do Espectro Autista” do Censo Demográfico 2022 para o estado do Amapá. Pela primeira vez, o Censo 2022 incluiu um quesito específico sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), abrangendo todos os moradores dos domicílios. Essa inclusão atende à Lei nº 13.861/2019, que estabeleceu a obrigatoriedade da coleta dessas informações nos censos demográficos. Em2022, oAmapá registrou 50,3mil pessoas comdeficiência, representando 7,1% da população total do estado. Desse total, 23,6 mil (6,7%) eram homens e 26,7 mil (7,5%) mulheres. Em 19,1% (38,5 mil) dos domicílios no Amapá havia ao menos ummorador com deficiência. ALei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) emerge como um marco importante, estabelecendo direitos fun- damentais para as pessoas com deficiência. No Amapá, a Lei Ordinária nº 2460/201, institui o Cadastro Estadual de Pessoas comDeficiência para facilitar a adoção de medidas de apoio pelo poder público e otimizar o atendimento a esses cidadãos. No entanto, a implementação efetiva dessas leis é o que realmente faz a diferença na vida de mães e filhos. Os profissionais que atuam diariamente com mães atípicas, enfatizam que "as leis são essenciais, mas sem a efetividade, elas se tornam apenas palavras". As dificuldades enfrentadas pelas mães atípicas são palpáveis. Muitas delas relatam a luta constante por acesso a serviços de saúde adequados e à educação inclusiva. O sistemamuitas vezes deixa a desejar, e a escassez de recursos se torna uma barreira significativa. "Não temos acesso a te- rapias adequadas, e isso afeta diretamente o desenvolvimento dos nossos filhos", explica uma mãe que preferiu não se identificar. O preconceito social também pesa como uma sombra na vida dessas mulheres. Mães atípicas frequentemente se deparam com olhares julgadores e comentários insensíveis em ambientes que deveriam ser acolhedores. A inclusão delas, certamente ainda é um desafio. No entanto, há um fio de esperança que permeia essa realidade. No Amapá, iniciativas comunitárias têm surgido como luz em meio à escuridão. Grupos de apoio foram formados, onde mães compartilham experiências e oferecem suporte emocional. Eventos de conscientização promovem a inclusão e a sen- sibilização sobre as dificuldades enfrentadas. Esses movi- mentos, embora ainda pequenos, representam um passo significativo na luta por reco- nhecimento e apoio. As histórias de mães atípicas não são apenas relatos de dificuldades, mas tambémde resiliência e amor incondicional. Elas mostram a importância de uma sociedade que se une em torno da causa da inclusão. O papel da mídia, das instituições e da comunidade é crucial para desmistificar preconceitos e promover uma cultura de acolhimento. À medida que avançamos, é vital que não esqueçamos o poder que a legislação pode ter, mas reconheçamos que ela precisa ser acompanhada por ações concretas e mudança de mentalidade. O implementação de políticas públicas de atendimento a mães atípicas é de grande relevância social, pois, promove justiça social, equidade e proteção à mulher, ao reconhecer e apoiar as sobrecargas f ísicas, emocionais e financeiras que elas enfrentam. É fato que o futuro das mães atípicas e de seus filhos não depende apenas das leis, mas da mobilização de todos nós. A trajetória dasmães atípicas noAmapá é um lembrete poderoso de que, na busca por inclusão e dignidade, todos nós temos umpapel a desempenhar. A construção de uma so- ciedade mais acolhedora começa com a compreensão e o respeito por cada história, por cada vida que merece ser valorizada. E assim, passo a passo, podemos transformar a realidade dessas mães, que são, sem dúvida, as verdadeiras heroínas do cotidiano. ■ As histórias de mães atípicas não são apenas relatos de di.culdades, mas também de resiliência e amor incondicional. Elas mostram a importância de uma sociedade que se une em torno da causa da inclusão. O papel da mídia, das instituições e da comunidade é crucial para desmisti.car preconceitos e promover uma cultura de acolhimento. Mães atípicas: o poder da lei na rotina de quem cuida E-mail: drrodrigolimajunior@gmail.com . A proveitando a COP-30, mostro resumidamente o que os cientistas Ismael e Carlos Nobre propuseram, o Projeto Amazônia 4.0, uma opção de desenvolvimento econômico e social sustentável, alicerçado na biodiversidade e nas tradições e modos locais, e explorando as potencialidades da Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0. A floresta amazônica, resultado de longa evolução, em ecossistemas aquáticos e terrestres, é uma extraordinária riqueza de produtos naturais. Esses ativos biológicos podem resultar em produtos farma- cêuticos, cosméticos e alimentícios, ou até mesmo na pesquisa de novos materiais, soluções energéticas e de mobilidade, com grande po- tencial de lucro. Um componente do perfumes Chanel Nº 5, o óleo de pau rosa, é cotado a 200 dólares o litro. O óleo de amêndoa de castanha do Pará, usado em cosméticos, é vendido a 30 dólares o litro, ou em cápsulas como suplemento alimentar, chegando a 150 dólares o litro. A ucuúba, que era usada para fazer cabo de vassoura, também tem enorme potencial na in- dústria de cosméticos. Hoje, a renda anual gerada por uma árvore de ucuúba em pé é três vezes maior do que a gerada com o corte da mesma árvore. O caso de maior sucesso que demonstra o projeto é o açaí, que pode ser manejado tanto em pequena como em larga escala. Até 1995, era consumido basicamente na região Norte, mas nos últimos 20 anos, o açaí conquistou o resto do país e os mercados globais. Presente em quase todos os municípios da região, o lucro líquido da produção de açaí varia de 200 dólares por hectare por ano em sistemas não manejados até 1.500 dólares em sistemas agroflorestais ma- nejados no Pará. A produção de polpa de açaí já ultrapassa 250 mil toneladas por ano, beneficia mais de 300 mil produtores e agrega pelo menos 1 bilhão de dólares à economia amazônica a cada ano. Estados Unidos, Europa e Japão são grandes consumidores. E uma pesquisa da Embrapa mostrou que, a partir do pigmento antocianina presente no açaí, é possível produzir um evi- denciador de placa bacteriana dental, um grande benef ício para a saúde bucal a baixo custo. Já o camu-camu possui vitamina C na proporção de 1.888mg/100g, enquanto a laranja contém apenas 53mg/100g. E o buriti tem duas vezes mais vitamina A do que a cenoura. As plantas da Amazônia contêm segredos bioquímicos que podem resultar em produtos de alto valor. Veja o que sabemos, que as formigas cortadeiras utilizam algumas folhas como manta para cultivo de fungos e evitam deliberadamente outras folhas ricas em fungicidas naturais. Nas folhas rejeitadas pode estar um novo fungicida natural. Foi descoberta recentemente em um lago da Amazônia, uma enzima, chamada Beta glicosidase amazônica, que quando utilizada na fabricação de etanol de cana de açúcar, resulta em aumento de produtividade de até 50%. Mas é claro, sempre tem a alternativa de alguns "gênios": tacar fogo na floresta! E substituir por pastos para ganhar de 30 a 100 dólares por hectare por ano com gado. Ou plantar soja, 100 a 200 dólares por hectare por ano. Alternativa estúpida, claro! ■ O Projeto Amazônia 4.0 Já o camu-camu possui vitamina C na proporção de 1.888mg/100g, enquanto a laranja contém apenas 53mg/100g. E o buriti tem duas vezes mais vitamina A do que a cenoura. As plantas da Amazônia contêm segredos bioquímicos que podem resultar em produtos de alto valor. MARIO EUGENIO E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sênior Teólogo, pedagogo e advogado RODRIGO LIMA JUNIOR

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