Diário do Amapá - 18/10/2025

A RÁDIO O JORNAL AGORA WEBTV Luiz Melo |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 18 DE OUTUBRO DE 2025 FALECOMOLUIZMELO E-mail: luizmello.da@uol.com.br Blog: www.luiz melo.blog.br Twitter: @luizmelodiario Instagram: @luizmelodiario© 2018 3 FROM O jovembrasileiro é umser à deriva. Não porque lhe falte sonho— sonho é o que mais tem—, mas porque o país insiste em não lhe dar chão. Desde cedo, ele aprende que há portas que nunca se abrem, salas onde nunca será chamado e palcos que só pode admirar do lado de fora. Ainda menino, é empurrado para a escola pública — não por escolha, mas por falta dela. E ali descobre que o ensino é umcampo de batalha onde se sobrevive mais do que se aprende. Os prédios caemaos pedaços, os professores resistemheroicamente e o aluno, que é o retrato da esperança, é tratado como estatística. Na escola particular, as portas estão fechadas — não por falta de capacidade, mas por falta de dinheiro. É o pri- meiro “não” que ele ouve da sociedade. Oprimeiro de muitos. Quando cresce, vemo segundo: o “não” domercado de trabalho. O jovembrasileiro chega como currículo namão, o rosto limpo, o coração cheio de boa vontade — e encontra uma fila interminável de candidatos, muitos formados em boas escolas, vindos de famílias que lhes deram tempo e preparo. A ele, que estudou à noite, trabalhou de dia e dormiu pouco, sobra a des- vantagemdo cansaço. Sobra tambémo silêncio do te- lefone que não toca. Mas o país não o rejeita apenas nos estudos e no trabalho. O país o rejeita também na alegria. Nos shows, nos teatros, nos festivais, ele é o que vende sal- gadinhos, o que serve cerveja, o que corre atrás de clientes na calçada. O espetáculo acontece a poucos metros, mas parece a um mundo de distância. O jovem brasileiro é o público que nunca se senta na plateia. Quando tenta reagir e sonha comuma universidade pública, vem o terceiro “não”. A concorrência é cruel. Passamos que tiveramcursinhos, apostilas, professores particulares, tempo para estudar. Aos que precisaram trabalhar, restam as faculdades particulares — caras, cansativas, muitas vezes de qualidade duvidosa. E ele vai, porque desistir não é opção. Trabalha o dobro, dorme a metade, estuda o que pode e paga o que não tem. Sai com um diploma na mão e um cansaço que parece não ter fim. Mas o país ainda lhe deve o último golpe: o “não” da vida profissional. Sempadrinhos, semsobrenomes importantes, sem indicações, ele se vê de novo do lado de fora—agora não mais de uma escola, nemde um show, mas do próprio futuro. Muitos acabam em empregos que nada têm a ver com a formação: o ad- vogado que dirige aplicativo, o economista que vende plano de celular, o administrador que vira garçom. E não por falta demérito, mas porque o Brasil é umpaís que premia o berço e castiga o esforço. O jovem brasileiro é, no fundo, um sobrevivente. Ele nasce num país que o rejeita, cresce num sistema que o exclui e, ainda assim, insiste em acreditar. Há algo de heroico nisso — e talvez de trágico também. Porque nenhuma nação se sustenta quando empurra seus jovens para a margem. Nenhum país cresce quando transforma o talento em subemprego e o sonho em estatística. O jovem brasileiro não quer piedade. Quer opor- tunidade. Quer ser lembrado antes de ser esquecido, ouvido antes de ser silenciado. Quer que o país olhe para ele não como problema, mas como promessa. ■ O País que rejeita os seus jovens E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br GREGÓRIOJOSÉ Jornalista/Radialista/Filósofo RAPIDINHAS DESCONFORTO - O Aeroporto de Macapá não precisa melhorar só suas centrais de ar, que já não esfriam o ambiente de passageiros, mas também o seu sistema de som, cuja comunicação ninguém entende bulhufas - por equipamentos já ultrapassados, supõe-se. ■ PAVIO CURTO - Depois de quase uma década no PDT, Ciro Gomes saiu. Não engoliu o partido ao lado de Lula e agora conversa com o PSDB. Fala-se em Senado ou governo do Ceará. Ciro segue igual: não muda o discurso, muda de partido. ■ Atualidade Ministro Dino (STF), em Macapá para evento da Defenap, defendeu uso da tecnologia na área trabalhista, mas sem sacrificar conquistas constitucionais, como férias e descanso semanal remunerado. s Sabatina Prefeitura de Tartarugalzinho inova no estado com lançamento do programa ‘Sabor Nosso’, que garante alimentos produzidos no próprio município nos refeitórios da escolas como pièce de rèsistance da merenda escolar. A convite, governador Clécio (Solidariedade/AP) será o entrevistado deste domingo, 20, na TV Band Nacional, direto de seus estúdios em São Paulo. Ainda é cedo pra dizer se teremos Lula vs. Tarcísio em 2026. O governador paulista não bateu o martelo sobre o futuro político — mas que tem gente pedindo pra ele encarar a Presidência, isso tem. Dúvida cruel Questionada sobre o pleito de 2026, deputada Aldilene Souza foi direta: “Vamos falar de eleição em outro momento; minha prioridade é trabalhar pelo Amapá. E ao lado de Clécio, um gestor comprometido com o desenvolvimento do estado; sigo com quem age pelo bem dos amapaenses — e ele é um desses”, finalizou a parlamentar. Apoio Gianfranco, do PSTU, avalia entrar novamente na corrida pelo governo do Amapá l, em 2026. Desejo No último ato como ministro, Barroso (STF) votou a favor da descriminalização do aborto até 12 semanas. Chamou a interrupção de questão de saúde pública, não penal. Gilmar Mendes pediu destaque e o julgamento foi suspenso. Barroso se despede provocando, deixando ruas e redes em debate aceso sobre o tema. Aborto Boa! Senador Randolfe foi um dos muitos ilustres que prestigiaram lançamento da Revista da Defensoria Pública, na sede do órgão, na manhã desta sexta, 17. Institucional Defensor público-geral do estado, José Rodrigues mostra que o direito é uma marca de conhecimento produzido nas elites para as elites, isso no Brasil e no mundo, enquanto Revista da Defensoria Pública- Geral do Amapá é exatamente o contrário, pois fomenta conhecimento jurídico e político voltado para população mais vulnerável. Contraponto Com Clécio em viagem de interesse do estado, coube ao vice- governador Teles Júnior a representação do Setentrião no concorrido evento na manhã desta sexta, 17, na Defensoria Pública. Presença Além de Flávio Dino, do STF, Congresso de Lançamento da Revista da Defensoria Pública, nesta sexta, 17, em Macapá, contou com participação dos ministros Marco Buzzi e Afrânio Vilela, ambos do STJ. Autoridades

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