Diário do Amapá - 23/10/2025

ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 QUINTA-FEIRA | 23 DE OUTUBRO DE 2025 U m estudo do InstitutoMobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) mostra que, dos 15,5 milhões de jovens de 7 a 16 anos que, em dezembro de 2012, recebiam o Bolsa Família como dependentes, 10,3milhões (ou 66,5%deles) conseguiram deixar o programa nos 12 anos seguintes, até 2024, indicandomelhora ascensão socioeconômica. Já 5,2 milhões (33,5%) dos jovens per- maneciam, no ano passado, recebendo recursos do programa, evidenciando, se- gundo o levantamento, a persistência de condições de pobreza e a complexidade dos mecanismos de mobilidade social no Brasil. Segundo o IMDS, os resultados re- forçam a importância da transferência de renda para o alívio imediato da pobreza, assim como a necessidade de políticas complementares em educação, saúde e geração de emprego para quebrar o ciclo da vulnerabilidade social. “Oestudo evidencia que oBolsa Família é crucial para garantir condições mínimas de sobrevivência, mas também revela que, sozinho, não é suficiente para promover mobilidade ampla e sustentada, pois não é desenhado para isso. É preciso integrar políticas de transferência a estratégias que fortaleçam a formação de capital humano e a inserção produtiva dos jovens”, destacou o presidente do IMDC, Paulo Tafner. Para o presidente do instituto, o ca- minho para os beneficiários do programa deixarem a pobreza passa pelo ambiente macroeconômico do país, a escolaridade dos pais e a infraestrutura no nível muni- cipal. “Educação de qualidade e saneamento no município têm sido, historicamente, associados à saída da armadilha da po- breza.” Cadastro Único O estudo destaca ainda que, dos 15,5 milhões de jovens analisados, 7,6 milhões se desligaram completamente da rede de proteção social e deixaram, até 2024, in- clusive o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) – sistema de identifi- cação e caracterização socioeconômica que reúne informações detalhadas sobre famílias de baixa renda em todo o território nacional – sugerindo trajetórias mais ex- pressivas de ascensão socioeconômica. A análise revelou que o desligamento do Cadastro Único esteve fortemente as- sociado às condições iniciais das famílias em 2012. Famílias com responsáveis mais escolarizados e com rendimentos ligeira- mentemais altos apresentarammaior pro- babilidade de saída, sugerindo trajetórias de ascensão. A baixa escolaridade dos jo- vens, por sua vez, elevou as chances de permanência no cadastro nos 12 anos se- guintes. Homens apresentaramchance superior ao demulheres de desligamento do cadastro e jovens pretos e pardos tiveram maior probabilidade de permanecer na rede de proteção social. Desigualdades regionais e perfil dos beneficiários O estudo identificou uma acentuada diferença regional nos padrões de desli- gamento do Bolsa Família e do CadÚnico. Enquanto as regiões Sul, Sudeste e Cen- tro-Oeste apresentaramtaxasmais elevadas de saída do programa e do cadastro, os municípios do Nordeste e parte da Ama- zônia Legal registrarammaior permanência noCadÚnico e no Bolsa Família, refletindo, segundo o levantamento, vulnerabilidades históricas. ■ EM 12 ANOS, 66,5% DOS JOVENS CONSEGUIRAM DEIXAR O BOLSA FAMÍLIA ASCENSÃO SOCIOECONÔMICA V Foto/ Petrobras/Divulgação

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