Diário do Amapá - 24/10/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SEXTA-FEIRA | 24 DE OUTUBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA O Fórum Econômico Mundial fez um interessante artigo dentro de sua temática para acelerar ações em Saúde e Cuidados Médicos e que divulga os resultados do relatório Edelman Trust Barometer 2023. O Edelman Trust Institute realiza todo ano um estudo que mede a confiança do público em instituições como governo, empresas, mídia e organizações não governamentais. Ele é conduzido pela Edelman, que é uma das maiores empresas de comunicação do mundo. Esperava-se que 2023 seria o ano da recuperação do desastre que a Covid-19 causou, mas foi um ano de crises: guerra prolongada na Ucrânia, ameaças climáticas intensificadas, insegurança alimentar global e inflação acelerada, entre outros. Nesse cenário, grande parte da população do mundo está em crise grave por conta do custo de vida e da saúde. O estudo incluiu 13 países de primeiro mundo e a grande conclusão foi que o custo tornou-se a maior barreira para uma saúde melhor, com a desigualdade de renda agravando a crise de saúde. Há diferenças de dois dígitos entre as taxas de saúde relatadas por pessoas de alta e baixa renda e, como esperado, na confiança de que as insti- tuições "farão o que é certo" em relação à saúde. Para a maioria dos entrevistados, o desempenho de governos, empresas, ONG e mídia em garantir a saúde está abaixo do ideal, apenas "meu empre- gador" foi citado como instituição que atua bem. De uma forma geral, 52% das pessoas relatam uma lacuna significativa entre como cuidam da saúde e como gostariam que fosse cuidada, um aumento de 14 pontos percentuais (pp) desde 2022. Nos EUA foi de 45%, no Canadá 48% e Eu- ropa, Reino Unido, França e Alemanha, 46% cada. Os dados mais alarmantes vêm da Ásia desen- volvida: Coreia do Sul (66%, +23 pp) e Japão (60%, +16 pp). O custo é o fator dominante. Em 9 dos 13 países, a inflação foi apontada como o principal fator negativo para a saúde. E a saúde vai muito além do f ísico: dois terços dos entrevistados con- sideram saúde f ísica, mental, social e habitabilidade da comunidade ao avaliar o que seja ser saudável. Apenas 1% define saúde como puramente f ísica. O dado mais impressionante é que 91% inclua saúde mental em sua definição de bem-estar. Essa visão ampla abre novas oportunidades de engajamento, especialmente com os jovens. Para estabelecer caminhos para reconstruir a confiança, temos que ter em conta que 62% ainda confiam em empresas de saúde, mas querem ser vistos como indivíduos e que os relacionamentos com médicos sejam sólidos e que a confiança no ecossistema de saúde é um ponto importante para mudanças positivas. A maioria dos entrevistados afirmou que quando os especialistas em saúde querem promover mudanças é muito importante que eles: "in- cluam-me na ciência" (60%), "mostrem como isso se encaixa na minha vida" (62%), e "deem-me voz" (67%). A grande maioria dos funcionários acredita que os empregadores devam criar políticas para prevenir o excesso de trabalho e o "burnout" (83%), problema que 64% citou como prejudicial à saúde e é o que mais afeta a saúde dos entrevistados na China. E ainda respeitar os limites entre vida pessoal e profissional. ■ O custo da Saúde no mundo E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sênior A maioria dos entrevistados afirmou que quando os especialistas em saúde querem promover mudanças é muito importante que eles: "incluam-me na ciência" (60%), "mostrem como isso se encaixa na minha vida" (62%), e "deem-me voz" (67%). MARIO EUGENIO O Brasil moderno tem seus rituais. Já não se reza antes das refeições, mas se rastreia o entregador em tempo real. A missa de domingo foi substituída pela fé no aplicativo e, em vez de hóstias, consomem-se hambúrgueres. Milhões deles. Li- teralmente. De acordo com dados recentes do iFood – essa entidade que nos alimenta enquanto suga nossa espontaneidade culinária – o ham- búrguer é, pelo quinto ano consecutivo, o campeão nacional de pedidos na categoria Restaurante. Quase 250 milhões de unidades foram entregues em 2024. São 475 hambúrgueres por minuto. Que apetite voraz, que fome de gordura! Domingo, dia nacional da inércia, lidera o ranking do consumo. Coincidência? Claro que não. O brasileiro médio, espremido entre o cansaço e a geladeira vazia, encontrou no hambúrguer o santo graal da indulgência moderna: chega rápido, mastiga fácil e, com sorte, vem com batata frita. Mas o fenômeno vai além do delivery tra- dicional. O iFood também aponta que os pe- didos de hambúrguer congelado saltaram 238% no primeiro quadrimestre de 2025. Sim, a classe média cansou até de esperar o moto- boy. Agora, ela mesma grelha o disco de carne — entre uma reunião no Zoom e uma live sobre autocuidado. Comer virou um exercício de conveniência e culpa com gosto de ched- dar. A diretora de marketing do iFood, em tom quase poético, descreve o hambúrguer con- temporâneo como uma entidade plural: “ve- gano, vegetariano, low carb, de camarão, sal- mão, sushi, picanha, cordeiro e até linguiça”. Está tudo aí, menos o bom senso. A demo- cratização do hambúrguer reflete menos di- versidade alimentar do que uma compulsiva vontade de reinventar a roda — ou melhor, o pão com carne. No fundo, o que temos é uma epidemia de comodidade padroni- zada. A explosão de hambúrgueres não representa apenas o sucesso de uma receita americana tropicalizada, mas a falência de qualquer impulso criativo à mesa. Desaprendemos a cozinhar, a improvisar, a comer com tempo. Vivemos entre telas e entregas, terceirizando até o ato de alimentar-se. O hambúrguer tornou-se o símbolo de um país que desaprendeu a comer com prazer e começou a comer para preencher silêncios. Silêncios de domingo, de solidão, de tédio. Em vez de reunir a família, abrimos aplicativos. Em vez de panela, fritura pré-fabricada. Em vez de memória afetiva, ketchup industrializado. E assim seguimos, entregues — no duplo sentido da palavra — a um modo de vida onde o máximo de liberdade está em escolher entre cheddar duplo ou maionese verde. Uma revolução alimentada por algoritmos. E com gosto de carne processada. ■ Brasil, um país de hambúrgueres e domingos de sofá O hambúrguer tornou-se o símbolo de um país que desaprendeu a comer com prazer e começou a comer para preencher silêncios. Silêncios de domingo, de solidão, de tédio. Em vez de reunir a família, abrimos aplicativos. Em vez de panela, fritura pré-fabricada. E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br GREGÓRIOJ.L. SIMÃO Radialista e estudante de Filosofia

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=