Diário do Amapá - 01/11/2025
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 01 DE NOVEMBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA E m 31 de outubro de 1517, um ato aparentemente simples, mas profundamente revolucionário, ecoou por toda a Europa: Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha. Esse gesto, que desafiava a autoridade da Igreja Católica, deu início à Reforma Protestante, um movimento que não apenas resgatou o evangelho autêntico, mas também transformou a sociedade da época de maneiras inesperadas. Naquele período, a Igreja Católica exercia um controle quase absoluto sobre a vida espiritual das pessoas. A prática da venda de indulgências, que prometia a remissão dos pecados em troca de dinheiro, escandalizou Lutero e outros pensadores. A Reforma trouxe à tona a verdade de que a salvação é um presente gratuito de Deus, acessível a todos por meio da fé em Jesus Cristo. Essa redescoberta do evangelho gerou um impacto profundo, permitindo que milhões de pessoas se libertassem das amarras de uma religiosidade superficial e se aproximassem do Deus verdadeiro. Os benef ícios sociais da Reforma foram significativos. O movimento fomentou a educação, com a criação de escolas e universidades onde a Bíblia e a teologia passaram a ser estudadas de forma crítica. O incentivo ao pensamento crítico e à leitura pessoal das Escrituras promoveu uma maior autonomia entre os indivíduos. Além disso, a Reforma também contribuiu para o desen- volvimento de uma ética de trabalho que valorizava a dignidade do ser humano e a importância da vocação, influenciando até mesmo a economia das nações. Mas, ao olharmos para o Brasil contemporâneo, surge a pergunta: onde está o evangelho hoje? Apesar da diver- sidade de denominações e interpretações, muitos princípios defendidos por Lutero ainda estão em jogo. A influência de um evangelho distorcido, que frequentemente se alinha mais a interesses políticos ou econômicos do que aos ensinamentos de Cristo, continua sendo uma realidade. Igrejas que prometem prosperidade em troca de fé, ou que exploram a vulnerabilidade das pessoas em busca de lucro, exemplificam como a mensagem do evangelho pode ser desvirtuada. Entretanto, um movimento crescente de cristãos busca resgatar a essência do evangelho. Comunidades que priorizam a justiça social, a inclusão e a prática do amor ao próximo estão se tornando cada vez mais visíveis. Esse retorno aos fundamentos da fé cristã é um sinal claro de que o desejo de uma nova reforma está presente entre os fiéis. A pergunta que se impõe, então, é: precisamos de uma nova reforma? A resposta parece ser um retumbante sim. A sociedade brasileira enfrenta desafios profundos, como a desigualdade social, a intolerância religiosa e a corrupção. Um evangelho que se limita a promessas de sucesso material ou a rituais vazios não é suficiente para transformar corações e comunidades. Esses desafios não apenas refletem questões sociais e espirituais urgentes, mas também oferecem uma oportunidade única para as igrejas se renovarem. Ao se engajar em busca de respostas para essas demandas, a igreja de Cristo pode cumprir sua missão de servir e amar ao próximo, resgatando o espírito da Reforma e trazendo esperança e transformação para a sociedade. Uma nova reforma poderia resgatar a essência da mensagem de Cristo, enfatizando não apenas a salvação pessoal, mas também a responsabilidade social e o amor ao próximo. Essa reforma não precisa ser necessariamente ummovimento institucional; pode surgir do coração de cada cristão que decide viver de forma autêntica e com- prometida com os ensinamentos de Jesus. A Reforma Protestante nos ensinou que a verdade deve ser buscada e defendida, e que a fé deve ser vivida em todas as áreas da vida. Assim como Martinho Lutero se levantou contra as injustiças de seu tempo, hoje somos chamados a levantar nossas vozes contra as injustiças que cercam nossa sociedade. A importância da Reforma Protestante vai além de um marco histórico; é um convite contínuo à reflexão e à transformação. Enquanto celebramos os legados deixados pelos reformadores, somos desafiados a olhar para o evangelho que professamos e questionar se ele está alinhado com os princípios de amor, justiça e verdade que Cristo nos ensinou. O chamado a uma nova reforma é, portanto, um chamado a reavaliar nossas práticas, nossas crenças e, acima de tudo, nosso coração. Somente assim poderemos ser verdadeiras luzes em um mundo que tanto precisa da esperança e da verdade do evangelho. ■ Reforma protestante: benefícios e desafios Uma nova reforma poderia resgatar a essência da mensagem de Cristo, enfatizando não apenas a salvação pessoal, mas também a responsabilidade social e o amor ao próximo. Essa reforma não precisa ser necessariamente um movimento institucional; pode surgir do coração de cada cristão que decide viver de forma autêntica e comprometida com os ensinamentos de Jesus. E-mail: drrodrigolimajunior@gmail.com . RODRIGO LIMA JUNIOR Teólogo, pedagogo e advogado A o contrário do que pensam alguns antipatriotas, o INPE é um celeiro de genialidades que contribuem muito para o progresso do Brasil. E a última notícia que engrandece o país é que um bra- sileiro foi escolhido para integrar a Royal Society, o climatologista Carlos Nobre. Antes dele, só Dom Pedro II. e Royal Society of London for Improving Natural Knowledge é uma sociedade do Reino Unido com a função de promover e apoiar a ciência, fornecer aconselhamento científico para políticas, educação e engajamento público e promover a cooperação internacional. Foi fundada em 28 de novembro de 1660. A sociedade é composta pelos membros, pelo Conselho, pelo o Pre- sidente e ainda os membros estrangeiros, titulados como Foreign Member of the Royal Society. Carlos Nobre ingressa como Membro Estrangeiro. Segundo a Royal Society, Carlos Nobre é um cientista do clima am- plamente reconhecido por seu trabalho sobre as interações biosfera- at- mosfera e os impactos climáticos do desmata- mento da Amazônia. E uma particularidade de seus estudos observacionais e de modelagem é que o desmatamento em grande escala aliado aos aumentos de temperatura que podem acon- tecer neste século poderão levar a floresta a tor- nar-se semelhante à savana no sul e leste da Amazônia. Carlos tem sido muito ativo na co- municação da ciência das mudanças climáticas e sustentabilidade para a sociedade nacional e internacional. Ele iniciou, organizou e liderou vários programas científicos que moldaram o desenvolvimento da ciência brasileira. No seu currículo Lattes, vê-se que ele foi gra- duado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA (1974) e dou- torado emMeteorologia pelo Massachusetts Ins- titute of Technology - MIT (1983). Foi pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA (1975-1981) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (1983 a 2012). Im- plantou o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - CEMADEN em 2015. Em 2021, Nobre recebeu ainda o prêmio da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) de Diplomacia Científica. Segundo a nota do comitê de premiação, o pesquisador é homenageado por "seu trabalho de longo prazo para compreender e proteger a biodiversidade e os povos indígenas da Ama- zônia". Uma nação que não valoriza aqueles que promovem seu progresso está fadada a ocupar lugares abaixo das nações desenvolvidas. Carlos e seu irmão Ismael Nobre propuseram um projeto de desenvolvimento denominado Projeto Amazônia 4.0, em que propõem soluções geniais e que destrói as falácias desenvolvimentistas que os simpatizantes do atual governo implementam à revelia da lei, destruindo florestas e fontes de água (estultícia mor). O Projeto do Nobre é ignorado pelos políticos brasileiros no geral, uma vergonha, pois contém o esforço que tornaria nossa nação ainda maior. Temos o potencial de ser a terceira potência econômica do planeta, mas elegemos nanicos intelectuais que são avessos ao trabalho árduo de construir uma Pátria tecnológica com vocação agroindustrial em um mundo cada vez mais faminto, quente e seco. ■ Nobre é do Brasil O Projeto do Nobre é ignorado pelos políticos brasileiros no geral, uma vergonha, pois contém o esforço que tornaria nossa nação ainda maior. Temos o potencial de ser a terceira potência econômica do planeta... E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sêniordo INPE MARIO EUGENIO
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