Diário do Amapá - 01/11/2025

A RÁDIO O JORNAL AGORA WEBTV Luiz Melo |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 01 DE NOVEMBRO DE 2025 FALECOMOLUIZMELO E-mail: luizmello.da@uol.com.br Blog: www.luiz melo.blog.br Twitter: @luizmelodiario Instagram: @luizmelodiario© 2018 3 FROM RAPIDINHAS MARTELO - STJ consolida tese de que condição de gênero feminino é suficiente para aplicação da Lei Maria da Penha em casos de violência doméstica e familiar, mesmo quando vítima é criança ou adolescente. Entendimento tem efeito vinculante para todos os tribunais do país. ■ BENEFÍCIO - Senado aprovou projeto de assistência fisioterapêutica no SUS a pacientes submetidos à mastectomia - cirurgia de retirada parcial ou total da mama para tratamento de câncer. Atualmente, mulheres submetidas à mastectomia têm direito à cirurgia plástica reconstrutiva. Novo projeto amplia benefício, incluindo fisioterapia, tanto para mulheres quanto para homens em tratamento de câncer de mama. ■ Beleza! Prefeito Furlan abre oficialmente nesta sexta, 31, às 16h, a Orla do Perpétuo Socorro, que há alguns meses esteve fechada em obras de recuperação. Segundo informado, extensão de quase quilômetro e meio foi totalmente trabalhada para que valoroso rio Amazonas seja descortinado por moradores de Macapá e turistas. Compromissos Delegado Ronaldo Coelho se aposentou nesta sexta, 31/10, por meio do Programa de Aposentadoria Incentivada. Nas redes sociais, governador Clécio homenageou o delegado, dizendo que foi um servidor público exemplar, dedicado e comprometido com a segurança pública do nosso estado. “Não há quem, ao conhecer suas ações, não tenha sentido firmeza em suas palavras e orgulho pelo seu trabalho”, disse Clécio. Diretor-presidente da Agência Amapá, Pitaluga, sempre divulgando estado com perspectiva de exploração de petróleo, do Rio, onde esteve participando da OTC, foi a Maricá, que é só progresso com royalties do óleo negro, e na manhã desta sexta, 31, já estava na Bahia. Kátia Paulino, reitora da Ueap, em visita ao parque tecnológico de Macaé (RJ), disse, guardadas as devidas proporções, já existir uma iniciativa desta no Amapá, mas voltada para a sociobiodiversidade. Comparação Centro Cultural João Batista de Azevedo Picanço será modernizado com recursos de emenda do senador Randolfe Rodrigues no valor de R$ 2,5 mi. Lançamento oficial da obra ocorre no finzinho da tarde desta sexta, 31. Reforço Voz geral na comitiva do Amapá que visitou Macaé (RJ), a ‘capital nacional do petróleo’, é que políticas sociais e econômicas da prefeitura de lá servem de parâmetro para o estado sobre destinação dos futuros royalties de petróleo e gás. Exemplo Dentro do que governador Clécio já disse, acerca de diversificar a economia do estado com parte dos royalties do petróleo, Wandenberg Pitaluga (Agência Amapá) vê que pesquisa para fármacos pode vir a ser uma das bases para isto. Perspectiva Exemplo Aprocuradora da Mulher da Alap, deputada Telma Nery, instala núcleo da Mulher em Calçoene, ampliando a presença institucional no estado. Iniciativa reforça o compromisso com a defesa e promoção dos direitos das mulheres amapaenses. Participaramda cerimônia as procuradoras-adjuntas Zeneide Costa e Aldilene Souza, alémde outras autoridades. Objetivo é levar o projeto aoAmapá inteiro. Mulher Comprodução e elenco locais, Teatro Municipal de Macapá desce as cortinas para apresentação da peça ‘O auto da compadecida’, nesta sexta, 31, às 19h, e tambémpara ‘O corcunda de Note Drame’, amanhã, às 18h. Cultura N o próximo domingo, 2 de novembro, milhões de brasileiros vão repetir o mesmo ritual de todos os anos que é comprar flores, velas, verter lágrimas contidas e promessas murmuradas. É o Dia de Finados, data de reflexão e saudade — ou, como se diz hoje, “data de reconexão com a memória afetiva”. Sim, até o luto ganhou marketing. Há quemainda vá ao cemitério por devoção. Outros, por costume. E há os que vão por foto — a selfie diante do túmulo, legenda pronta “Saudades eternas”. O que antes era silêncio virou postagem. O que era saudade virou conteúdo. E o que era um gesto íntimo se transformou num ato de performance pública, cuidadosamente filtrado e ilu- minado. Mas sejamos justos, o Brasil sempre teve esse talento para misturar o sagrado e o espetáculo, o pranto e a co- memoração. Somos o país onde o velório pode ter música, piada e cafezinho— e ainda assim ser sincero. É o chorar semperder a ternura. Ainda assim, é impossível ignorar a nova face do luto. Os cemitérios estãoficando cada vezmais tecnológicos —comQRCodes nos jazigos, velas virtuais e plataformas que prometem “memórias eternas em nuvem”. Antes, osmortos eram lembrados comflores. Agora, com login e senha. Aeternidade virouumpacote digital, commensalidade e atualização de software. No Sul, há quem solte balões biodegradáveis com se- mentes de ipê. Bonito. Poético. Mas há algo de estranho nesse desejo de “compensar” a morte com um gesto ambiental. É como se a culpa de viver pesasse — e fosse preciso plantar uma árvore pra equilibrar o destino. De tanto querer ressignificar o luto, estamos quase transformando o cemitério emparque temático da trans- cendência. Claro, há uma beleza nisso tudo. Rituais são importantes, mudam com o tempo, ajudam a viver o que é insuportável. Mas o risco está em transformar o ato de lembrar em ato de consumo. Hoje, o luto se terceiriza e o florista entrega, o aplicativo acende a vela, o site publica a homenagem, o helicóptero espalha pétalas. Amorte virou evento premium, comdireito a pacote de lembranças digitais e assinatura de streaming da sau- dade. E, enquanto isso, o país que não cuida dos vivos segue reinventando maneiras de homenagear os mor- tos. Cemitérios commúsica, mas hospitais sem remédio. Memoriais digitais, mas escolas em ruína. QRCodes para quempartiu, e nenhumcódigomoral pra quem governa. Talvez Finados ainda seja, sim, um dia de reflexão — mas não sobre a morte, e sim sobre como lidamos com a vida. Porque, no fim, entre a vela e o aplicativo, entre o choro e o post, entre o ipê plantado e o helicóptero de pétalas, o Brasil segue igual como nunca, emocionado, criativo, contraditório e profundamente hábil em trans- formar até a saudade em espetáculo. ■ O Brasil que transforma o luto em evento E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br GREGÓRIO JOSÉ Jornalista/Radialista/Filósofo

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