Diário do Amapá - 08/11/2025

FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 SÁBADO | 08 DE NOVEMBRO DE 2025 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar na próxima semana o Projeto de Lei nº 1.087/2025, aprovado nas duas casas do Congresso Nacional. A expectativa é que a sanção ocorra a partir do dia 11 (terça-feira), após Lula retornar de Belém, onde participa da Cú- pula do Clima. A matéria - proposta pelo governo federal há cerca de um ano - isenta do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil mensais e reduz alíquotas do tributo para salários entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. O projeto ainda aumenta a taxação de altas rendas, a partir de R$ 600 mil anuais (ou R$ 50 mil mensais) – esses recursos compensarão as perdas com as isenções. Consumo pode aumentar As medidas só entrarão em vigor no próximo ano. Para analistas de diversos setores ouvidos pelaAgência Brasil, quando a futura lei terá potencial redistributivo, ela aumentará o consumo das famílias, poderá diminuir o endividamento e im- pactará positivamente no crescimento da economia. O economista João Leme, da Consul- toria Tendências, estima que o Produto Interno Bruto (PIB) ganhará impulso de 0,15 a 0,2 ponto percentual. No bolso dos trabalhadores, o impacto será “de um 14º salário, mas distribuído todos os meses do ano.” Nas contas de Pedro Humberto de Carvalho, do Instituto de Pesquisa Eco- nômica Aplicada (Ipea), os estratos infe- riores da classe média deverão dispor de mais R$ 350 a R$ 550 mensais, emmédia. “Vai ser uma folga orçamentária con- siderável”, opina. Inflação e desigualdade Otimista, Carvalho não descarta, no entanto, a possibilidade de haver inflação localizada. “Toda vez que há maior renda disponível para a população tem de se aumentar o consumo por serviços”, como comércio, educação, saúde, tecnologia da informação e turismo. “Serviços é um setor muito sensível à inflação”, observa, ao descartar que haja aumento vigoroso no preço dos alimen- tos. Na percepção do diretor técnico ad- junto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Victor Pagani, a inflação não será problema, pois “está sob controle” e em processo de “desaceleração.” Em sua opinião, outro efeitomais pro- vável é bastante desejável: diminuição da desigualdade econômica ao isentar os me- nores rendimentos de impostos e passar a cobrar tributos dos mais ricos. “Essa medida resgata o princípio constitucional da tributação de acordo com a capacidade contributiva”, argumenta. O advogado Bruno Medeiros Durão, tributarista e especialista em finanças, acredita que a correção da tabela do Im- posto de Renda é “um passo importante na direção da justiça fiscal”, mas não é o suficiente. “O problema do nosso Imposto de Renda não é fiscal, é de justiça social. Por isso, as medidas têm que ser estruturais”, diz. Para ele, a principal medida estrutural é “voltar a tributar lucros e dividendos.” Em sua avaliação, “é impensável um país manter a isenção sobre o rendimento de capital dos mais ricos, enquanto o traba- lhador paga Imposto de Renda (IR) sobre o salário. O IR tem que incidir sobre toda a renda”, pondera. O advogado avalia que a tabela do Imposto de Renda está defasada e tem poucas alíquotas. “O ideal é corrigir a tabela anualmente, vincular essa correção à inflação, aumentar o número de faixas e, crucialmente, criar uma alíquota máxima mais alta para a al- tíssima renda, que hoje se esquiva de pagar o que deveria”, critica. ■ ISENÇÃO DO IR REDUZ DESIGUALDADE E INCENTIVA CONSUMO, DIZ ESPECIALISTA FOLGA ORÇAMENTÁRIA V Foto/ Marcello Casal jr/Agência Brasil A China suspendeu a proibição de compra de carne de frango brasileira, medida adotada em maio após o primeiro registro de contaminação por gripe aviária, em uma granja comercial no município gaúcho de Montenegro. O comunicado da suspensão, feito pela administração das alfândegas chinesas nesta sexta-feira (7), foi confirmado e comemorado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que creditou o resultado à “competência técnica e diplomática do Brasil”. “A suspensão ocorreu no contexto do único foco re- gistrado – e que já foi totalmente superado – de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) na produção co- mercial de carne de frango do Brasil”, recorda a nota da associação. A suspensão da compra do produto, pela China, foi anunciada em maio, quando o país era, segundo a asso- ciação, o maior comprador da carne de frango brasileira, com embarques de 562,2 mil toneladas em 2024, cerca de 10,8% do total. “Até maio [de 2025], mês da ocorrência de IAAP, a China era a maior importadora de carne de frango do Brasil. Apenas entre janeiro e maio, o país havia importado 228,2 mil toneladas de carne de frango (10,4% do total exportado pelo Brasil até então), gerando receita de US$ 545,8 milhões”, detalhou a ABPA, após o anúncio da sus- pensão chinesa. No dia 18 de junho, o Brasil se declarou livre da doença após a desinfecção da granja afetada e não ter registrado nenhum outro caso pelo prazo de 28 dias. Em setembro, foi a vez de a União Europeia reconhecer que o país estava livre da doença, permitindo a retomada das exportações para o bloco. ■ RETOMADA China suspende proibição de compra de carne de frango do Brasil ● SUSTENTABILIDADE Brasil capta US$ 2,25 bilhões em títulos no mercado internacional O Tesouro Nacional anunciou nesta quinta-feira (5) o resultado da terceira emissão de títulos soberanos sustentáveis do Brasil nomercado internacional. Aoperação, realizada nos EstadosUnidos, movimentouUS$ 2,25 bilhões, com a emissão de um novo título de sete anos — o Global 2033 Sustentável — e a reabertura do título Global 2035. O Global 2033 Sustentável, com vencimento em 4 de fevereiro de 2033, foi emitido no valor de US$ 1,5 bilhão, com juros de 5,75% ao ano, ou seja, pagando 5,75% ao ano aos investidores. Além disso, há um cupom de 5,5% ao ano a ser pago semestralmente, em fevereiro e em agosto. Destinado a financiar projetos sociais e ambientais, o título sustentável teve um spread 187,4 pontos-base (1,874 ponto percentual) acima do título do Tesouro dos Estados Unidos. Segundo oTesouro, o prêmio de risco é considerado historicamente baixo, refletindo a percepção favorável do mercado internacional sobre a credibilidade fiscal do país. Os recursos captados com o título sustentável serão destinados a despesas elegíveis nas áreas ambiental e social, conforme o Arcabouço Brasileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis. De acordo com o Relatório Pré-Emissão di- vulgado em agosto de 2025, a aplicação seguirá intervalos indicativos de 50% a 60% para gastos ambientais e 40% a 50% para gastos sociais, promovendo transparência na alo- cação. A primeira emissão de títulos verdes, realizada em no- vembro de 2023, rendeu US$ 2 bilhões ao financiamento de projetos sociais e ambientais. O Tesouro também captou US$ 2 bilhões no segundo lançamento, em junho deste ano. Global 2035 Além do novo papel, o governo ampliou em US$ 750 milhões o volume do Global 2035, lançado em fevereiro deste ano. Com isso, o título soma US$ 4,5 bilhões em cir- culação, incluindo todas as emissões. ■ ●

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=