Diário do Amapá - 15 a 17/11/2025
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO A SEGUNDA-FEIRA | 15 A 17 DE NOVEMBRO DE 2025 2 N umdia de sábado, Josué descobriu seu genro fumando. –O que está fazendo, Abraão, não tem vergonha? –O que foi querido sogro? – perguntou espantado o jovem. – Como pode umhebreu esquecer que hoje é sábado? –Mas eu não esqueci que hoje é sábado – foi a simples resposta do genro. – E então o que aconteceu? – Aconteceu que me esqueci de ser hebreu! No 18º Domingo do Tempo Comum continuamos a leitura do capítulo 6 do evangelho de João. Como já expliquei, outras vezes, esse evangelista temum jeito própriode nos comunicar a suamensagem.Ofaz através de perguntas e respostas, comparações emal-entendidos que permitemaprofundar o assunto. Por exemplo, na página do evangelho deste domingo devemos prestar atenção às palavras que acompanhamos dois tipos de alimentos: “aquele que se perde” e “aquele que per- manece até a vida eterna e que o Filho doHomemvos dará” (Jo 6,27). Após amul- tiplicaçãodos pães e dos peixes, quando todos ficaramsatisfeitos, opovo continua a procurar Jesus. Ele entende o esforço daquelas pessoas para encontrá-lo novamente, mas as exorta a procurar um alimento novo, diferente. O próprio Jesus apresenta a si mesmo como esse “novo” alimento e diz: “Eu sou o pão da vida. Quemvemamimnão terámais fome e quemcrê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Aparece claro, a essa altura, que Jesus não está mais falando de umalimento qualquer, perecível, como foi omaná que caiu do céu no deserto no tempo de Moisés. Ele fala agora de umalimento novo para uma vida nova, a vida “eterna”, ou plena, que somente pode ser domde Deus Pai que dá o “verdadeiropãodo céu” (Jo6,32) enviando aquele que “marcou com o seu selo” (Jo 6,27). É nele, Jesus, que devem acreditar aqueles e aquelas que querem realizar “as obras de Deus” (Jo 6,29). Refletindo sobre todas essas palavras bonitas do evangelho de João, o nosso pensamento vai imediata- mente à Eucaristia que celebramos e da qual nos ali- mentamos como Jesus mandou fazer em memória dele. Os sinais são aqueles escolhidos do pão e do vinho,masdeveficar claroqueacelebraçãodaEucaristia nos quer conduzir muito mais longe em nossa vida de cristãos. Faz parte danossa experiência saber que todos nós precisamos de alimentos e de bens materiais para sobreviver. Alguns desses bens são absolutamente ne- cessários, outros acabam se tornando indispensáveis conforme o nosso jeito de viver. Oexemplomais fácil é o da própria internet. Até alguns anos atrás nem sabíamos o que era, hoje ficamos angustiados se a ve- locidade e o tamanho do sinal não correspondem ime- diatamente às nossas expectativas. Também hoje funciona perfeitamente a chamada indústria da diversão. Afinal ninguémé de ferro, precisamos nos divertir, relaxar, consumir aquilo que nos é apresentado como capaz de dar prazer e felicidade. Nemcertas formas de religiosidade escapamdessa busca de bem-estar e de satisfação individual. Estamos esquecendo o essencial, ou seja, que a vida é muito mais do que tudo isso. Ela é feita, em primeiro lugar, de relações entre as pessoas com as quais nos confrontamos e nosos ajudamos a resolver as grandes questões da existência. Por ocupada que seja, é pobre e, talvez, vazia, a vida de quem não sente a falta dos seus pais, dos seus irmãos, de amigos com quem partilhar sonhos e esperanças junto com os medos e as decepções que todos en- frentamos. Estamos fugindo das grandes perguntas das quais ninguém pode se esquivar, aquelas que dão sentido aonosso amar, sofrer e, umdia,morrer. Celebrar a Eucaristia de Jesus é reconhecer nele alguém que viveu plenamente porque nunca buscou satisfações pessoais, mas passou neste mundo “fazendo o bem” a quem precisava. Ensinou que é doando vida aos outros que salvamos a nossa do vazio e do tédio. Precisamos resgatar a nossa fome e a nossa sede de amor, de paz, de justiça e fraternidade. Por causa daquilo que passa e perece, do material e do virtual, estamos esquecendo do essencial. Acreditar e confiar em Jesus é ter a “certeza da fé”: só quando amamos realizamos “as obras de Deus”, umDeus que é amor, bondade e compaixão. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá O exemplo mais fácil é o da própria internet. Até alguns anos atrás nem sabíamos o que era, hoje ficamos angustiados se a velocidade e o tamanho do sinal não correspondem imediatamente às nossas expectativas. Esquecer o essencial N a angustia, Israel levanta esse hino ao seu Deus. Umhino poético-li- túrgico que manifesta toda a confiança ao Senhor, rei de todos os povos. O salmo 107, das Sagradas Escrituras, é um clamor de reco- nhecimento e partilha da potência de Deus. Leia atentamente o encanto dessa oração. "Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; vou cantar e salmodiar. Desperta-te, ó minha alma; 3. despertai-vos, harpa e cítara; quero acordar a aurora. 4. Entre os povos, Senhor, vos louvarei; salmodiarei a vós entre as nações, porque acima dos céus se eleva a vossa misericórdia, e até as nuvens a vossa fidelidade. 6. Resplandecei, ó Deus, nas alturas dos céus, e brilhe a vossa glória sobre a terra inteira. 7. Para ficarem livres vossos amigos, ajudai-nos com vossa mão, ouvi-nos. 8. Deus falou no seu santuário: Triunfarei, e me apoderarei de Siquém, medirei com o cordel o vale de Sucot. 9. Minha é a terra de Galaad, minha a de Manassés; Efraim será o elmo de minha cabeça; Judá, o meu cetro; 10. Moab, a bacia em que me lavo. Sobre Edom porei minhas sandálias, cantarei vitória sobre a Filistéia. 11. Quemme conduzirá à cidade fortificada? Quemme levará até Edom? 12. Quem, senão vós, Senhor, que nos repelistes, e já não andais à frente dos nossos exércitos?" "Dai-nos auxílio contra o inimigo, porque é vão qualquer socorro humano. 14. Com Deus faremos proezas, ele es- magará os nossos inimigos." Israel não pode ficar sem Ywhè (Deus) e, por- tanto, o busca de todo coração. Sem Deus, se sente perdido e, por isso, no versículo 12, diz o seguinte: “Quem, senão vós, Senhor, que nos re- pelistes, e já não andais à frente dos nossos exér- citos?” E Deus responde lá no seu Santuário dizendo que triunfará em toda a Palestina, desde Siquém até o vale de Sucot emTransjordânia, das regiões de Galaad e Manassés àquelas de Efraim e Judá até aos territórios deMoab, Edome Filisteia. APalavra de Deus se torna uma fonte de segurança e de esperança para Israel. Assim sendo, começa o dia com um canto de louvor e salmodiando: “Desperta-te, ó minha alma; despertai-vos, harpa e cítara; quero acordar a aurora.” Isto significa que a previsão da Palavra de Deus se torna realidade, verdade; Israel vai readquirir a liberdade próprio entre os confins da terra prometida. O salmo termina com uma antí- fona cheia de esperança, segura à eficácia da Palavra divina: “ComDeus faremos proezas”. Com tudo isso, nós aprendemos que tendo a certeza que Deus reina no mundo todo e na mesma história da humanidade nos revigora nos nossos compromissos e atividades humanas em nunca desanimar e ter sempre a fronte erguida para en- frentar os problemas do cotidiano. “Ahistória da Igreja é rica de exemplos de pessoas que viveram tribulações e sofrimentos terríveis com serenidade, porque tinham a consciência de estar firmemente nas mãos de Deus”. Continua o papa Francisco, Deus “é um Pai fiel e cuidadoso que jamais abandona os seus filhos, permanecer firmes no Senhor, caminhar na esperança, trabalhar para construir um mundo melhor, apesar das dificuldades e os fatos tristes que marcam a existência pessoal e coletiva é o que conta realmente”. Sempre o papa Francisco, no final do jubileu da Misericórdia: “De um lado, o Ano Santo nos solicitou a manter fixo o olhar na realização do Reino de Deus; de outro, a construir o futuro nesta terra, trabalhando para evangelizar o presente”. Enfim, termina o pontífice: “Na mente e no coração a certeza de que Deus conduz a nossa história e conhece o fim último das coisas e dos acontecimentos”. É esta experiência de um Deus presente na vida que nos sustenta ao longo da nossa caminhada da vida, nos permite de enfrentar o nosso dia a dia com uma mentalidade firme e forte e muita esperançosa. Então, o nosso Deus, encarnado entre nós, é o verdadeiro aliado que nos permite discernir a verdadeira vida. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Sempre o papa Francisco, no final do jubileu da Misericórdia: “De um lado, o Ano Santo nos solicitou a manter fixo o olhar na realização do Reino de Deus; de outro, a construir o futuro nesta terra, trabalhando para evangelizar o presente”. Meu coração está firme, ó Deus!
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