Diário do Amapá - 25/11/2025
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 25 DE NOVEMBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA A té parece que o Papa ouviu os protestantes e evangélicos em uma queixa antiga e persistente: não há como Maria ser corredentora, nem medianeira. Embora o Papa não se guie pelo que pensam os que estão fora da Igreja, sua origem norte-americana deve ter pesado na hora de assinar, afinal é um tema presente nos últimos 30 anos. E, no dia 7 de outubro, o Papa Leão XIV aprovou a Nota "Mater Populi fidelis" (Mãe do Povo fiel), sobre a cooperação de Maria na obra da Salvação. Maria é contemplada com afeto e admiração pelos cristãos porque é a expressão mais perfeita de tudo quanto pode operar a graça de Cristo no ser humano. (MPf 1). Tradicionalmente, a cooperação de Maria ocorre na Redenção de Cristo, durante sua vida e na Páscoa, atestada nas Escrituras, e a influência que ela tem atualmente (MPf 4). Assim, Maria é prefigurada em Gn 3,15, porque é a mulher que participa da vitória definitiva contra a serpente. Por isso, não chama a atenção que Jesus se dirija a Maria com a denominação de "Mulher" na cena do Calvário (Jo 19,26), como já o fizera em Caná (Jo 2,4) (MPf 5). Ali, na Hora da Cruz, ela novamente pronuncia o “sim” da Anunciação nesse momento sagrado que o Evangelho apresenta-a como "Mãe" (Jo 19,27). O Evangelho, como resposta, utiliza um verbo que assume o sentido de “acolher” (labon, ἔ λαβεν, παρέλαβον, ἔ λαβον etc.) na fé (cf. Jo 1,11-12; 5,43 e 13,20). Só então Jesus reconhece que "tudo se consumara" (Jo 19,28). De modo se- melhante, o Apocalipse apresenta a "Mulher" (Ap 12,1) como mãe do Messias (cf. Ap 12, 5) e como mãe do "resto da sua descendência" (Ap 12, 17) (MPf 6). E Maria ainda é a "testemunha privilegiada" dos eventos narrados nos Evangelhos (cf. Lc 1-2; Mt 1-2) que marcaram a concepção, o nascimento e a infância de Jesus. E, ainda junto à cruz (Jo 19, 25) e no Pentecostes (Act 1, 14) (MPf 7). Em Lucas, Maria é a nova Filha de Sião que recebe e transmite a alegria da salvação (cf. Sf 3,14-17; Zc 9,9). Nela se cumprem as promessas que fizeram saltar de alegria João Batista (cf. Lc 1, 41). Isabel apresenta-se como indigna de recebe sua visita (Lc 1, 43). E ela não diz: “Donde me é dado que venha ter comigo o meu Senhor?”. Re- fere-se diretamente à mãe. Isabel fala cheia do Espírito Santo (cf. Lc 1, 41): "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" (Lc 1, 42). Chama a atenção que não lhe baste chamar de “bendito” a Jesus, mas também a mãe. E Maria aparece como a “Feliz” por excelência: "Feliz de ti que acreditaste" (Lc 1, 45); "o meu espírito se alegra" (Lc 1, 47); "me chamarão bem-aventurada todas as gerações" (Lc 1, 48). Esta fe- licidade (cf. Lc 6, 20-23)é o cumprimento das promessas messiânicas nos pequenos, que têm uma grande recompensa no céu (MPf 8). Já nos primeiros séculos, interessaram-se pela maternidade divina de Maria (Theotokos), pela sua virgindade perpétua (Aeiparthenos), pela sua perfeita santidade durante toda a sua vida (Panagia) e pela sua função de nova Eva, vários Pais da Igreja primitiva, como S. Justino, S. Irineu de Lião, e Tertuliano. ■ Maria é mãe do povo fiel? Já nos primeiros séculos, interessaram-se pela maternidade divina de Maria (Theotokos), pela sua virgindade perpétua (Aeiparthenos), pela sua perfeita santidade durante toda a sua vida (Panagia) e pela sua função de nova Eva, vários Pais da Igreja primitiva... E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sênior MARIOEUGENIOSATURNO H á quem diga que as crianças de hoje nascem com o dedo preparado para deslizar telas. Exagero. Elas nascem, isto sim, com um receituário esperando na maternidade — um receituário que, se não for assinado no berçário, o será logo nos primeiros tropeços da alfabetização. E assim, antes que aprendam a amarrar os cadarços, já carregam rótulos clínicos tão pesados quanto mochilas de escola pública. O mais novo deles, aquele que circula como celebridade em corredor de consultório, chama-se TDAH. Um diagnóstico que, de tão frequente, já parece figurante de novela. O mundo inteiro assiste, preocupado e ligeiramente perplexo, ao desfile de números: milhões de pequenos — não adolescentes, pequenos — alinhados em estatísticas que dariam frio na espinha de qualquer adulto ra- zoável. Mas a verdadeira história começa quando chega o comprimido. Porque o comprimido, este humilde comprimido, é um protagonista ambicioso: ele nunca entra sozinho em cena. Primeiro surge como solução. Depois, como problema. A criança, antes inquieta, agora perde o sono. Ou o apetite. Ou a paciência. Então, alguém conclui que talvez seja necessário mais um com- primido — algo para “balancear”. Palavra doce, quase culinária, que transforma um consultório médico numa espécie de cozinha experimental. E assim, o segundo remédio vem convocado como bombeiro. O terceiro, como psicólogo. O quarto, como segurança particular. A farmacologia vira uma espécie de condomínio: cada pílula com sua função, sua vaga na garagem, sua taxa de ma- nutenção. Enquanto isso, a infância — aquela criatura frágil e ruidosa, feita de joelhos ralados e perguntas incômodas — vai ficando soterrada sob bulas. Omais inquietante é ver que, quanto mais cedo começa a ópera medicamentosa, mais longa ela tende a ser. A criança de quatro anos que deveria estar discutindo se prefere brincar de massinha ou pega-pega acaba, anos mais tarde, discutindo do- sagem. A menina que mal sabe escrever o próprio nome já precisa decorar o nome de um estabilizador de humor. Não é exclusividade de um país ou outro. Há lugares onde se fala até em “intoxicação medicamentosa” como se fosse categoria olímpica. O que antes era caso raro virou prontuário cotidiano — com quedas de pressão, dificuldade respiratória e outras modernidades que ninguém pediria como presente de aniversário. E o que fazemos diante disso? Algumas pessoas suspiram. Outras culpam a escola, a sociedade, a pressa, os celulares, os pais, a genética, a lua em Ca- pricórnio. Omundo contemporâneo é pródigo em culpados, mas econômico em soluções. Enquanto buscamos respostas, talvez valha lembrar de algo muito simples: criança não é máquina que precisa ser recalibrada a cada ruído; criança é caos, é improviso, é poesia em volume alto. E, convenhamos, a última coisa de que a poesia precisa é receita controlada. ■ A infância medicada E o que fazemos diante disso? Algumas pessoas suspiram. Outras culpam a escola, a sociedade, a pressa, os celulares, os pais, a genética, a lua em Capricórnio. O mundo contemporâneo é pródigo em culpados, mas econômico em soluções. GREGÓRIOJ.L. SIMÃO E-mail: gregoriojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia
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