Diário do Amapá - 27/11/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUINTA-FEIRA | 27 DE NOVEMBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA A Europa, durante muito tempo um continente de migrantes, enfrenta agora uma das maiores crises migratórias da sua história recente. De Lisboa a Helsínquia, o afluxo de pessoas em busca de uma vida melhor, fugindo de conflitos e perseguições, suscitou acesos debates e pôs em causa os valores fundamentais da nossa sociedade. Esta crise, intensificada pelos aconte- cimentos da primavera Árabe e outras instabilidades regionais, exige uma reflexão profunda e uma resposta coordenada por parte de todos os Estados- Membros da UE. Historicamente, a Europa sempre foi vista como um paraíso de estabilidade política e económica, atraindo migrantes em busca de segurança, melhores oportunidades de emprego, acesso a cuidados de saúde de qualidade e educação para os seus filhos. A relativa prosperidade e o respeito pelos direitos humanos fizeram do continente um destino desejável para aqueles que enfrentam condições dif íceis nos seus países de origem. Os países doMédio Oriente, Ásia e África são os principais emissores de migrantes, onde as atuais crises sociais, políticas e económicas impulsionam a migração emmassa para a Europa. A primavera Árabe, que teve início em 2010, foi um catalisador significativo para a recente vaga de migração. As revoltas populares noNorte de África e no Médio Oriente desestabilizaram os governos e desencadearam conflitos que levaram milhões de pessoas a procurar refúgio na Europa. A queda de re- gimes e a subsequente instabilidade em países como a Líbia, o Egito e a Tunísia não só geraram um vazio de poder, como também exacerbaram a escassez de oportunidades e segurança, levandomuitos a embarcar em perigosas viagens através do Mediterrâneo. Neste contexto, a União Europeia encontra-se numa posição delicada, dividida entre o acolhimento humanitário e a necessidade de controlar as suas fronteiras. As políticas de acolhimento, embora bem intencionadas, têm sido deficientes na sua aplicação, resultando na sobrelotação dos campos de refugiados e num aumento preocupante do tráfico de seres hu- manos. Ao mesmo tempo, a falta de consenso entre os Estados-Membros sobre a distribuição equitativa dos refugiados criou uma divisão que enfraquece a capacidade daUE para responder eficazmente à crise. Países como a Alemanha e a Suécia adotaram uma postura mais acolhedora, enquanto outros, como a Hungria e a Polónia, resistiram fortemente a aceitar novos migrantes, destacando uma Europa dividida e tensa. A busca por melhores condições de vida, salários mais altos e a promessa de estabilidade são forças motrizes que atraem migrantes de regiões devastadas pela guerra e pela pobreza. A diferença gritante entre segurança e prosperidade na Europa e violência e instabilidade nos países de origemé uma fortemotivação para aqueles que procuram um futuro melhor. A barreira linguística, a discriminação e a necessidade de políticas de integração eficazes são obstáculos que têm de ser ultrapassados para garantir a coesão social. Em Portugal, como noutros países europeus, a questão das migrações tem gerado um intenso debate sobre como equilibrar o dever de acolhimento com a responsabilidade de manter a ordem e a segurança. É imperativo que este debate se baseie na compaixão e na razão, reconhecendo a necessidade de acolher aqueles que fogemde situações desesperadas, protegendo simultaneamente os interesses nacionais. A resposta à crise migratória deve ser uma resposta que reflita os valores de solidariedade, justiça e humanidade que a Europa se orgulha de defender. Só através de uma abordagem coletiva e coordenada poderemos enfrentar este desafio de forma eficaz e construir um futuro melhor para todos. ■ A busca por melhores condições de vida, salários mais altos e a promessa de estabilidade são forças motrizes que atraem migrantes de regiões devastadas pela guerra e pela pobreza. A diferença gritante entre segurança e prosperidade na Europa e violência e instabilidade nos países de origem é uma forte motivação para aqueles que procuram um futuro melhor. Desafios e perspetivas da crise migratória e da Europa E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO Q uando eu cursava a matéria Inteligência Artificial durante o mestrado no INPE, criei um Neurônio Artificial interessante que motivou o professor Lorena a convidar-me para a área, de- veria ter aceitado! Anos depois, tornei-me professor de IA. Testemunhei o fracasso dos Sistemas Especialistas e vejo com desconfianças essas promessas deslumbradas. No dia seguinte do manifesto das celebridades tecnológicas contra o desenvolvimento sem controle de IA, resolvi testar o ChatGPT usando os conhecimentos que adquiri nas áreas de tecnologia e religião. Re- produzo as mais interessantes. Perguntei sobre a origem do universo, a IA deu uma resposta super- ficial, mas suficiente sobre o Big Bang. Então, perguntei quem era o autor da teoria, respondeu que fora desenvolvida por George Gamow, Fred Hoyle e Edwin Hubble, e apontou Lemaitre como autor... Um erro que uma criança faria seria apontar Hoyle como coautor, ele era autor da outra teoria e deu o nome de Big Bang (grande explosão) zombando da teoria. Primeira conclusão, estudante ou profissional que utiliza a IA está fazendo trabalhos de baixa qualidade, escrito em estilo Lero-Lero (velho conhecido) e não enganará professores de ver- dade. Então, perguntei sobre a congregação mariana. A resposta novamente parece acertada, mas disse que foi fundada por um grupo de estudantes jesuítas liderados por São João Berchmans. Re- pliquei que Berchmans nascera em 1599, não tinha como. A IA desculpou-se e afirmou que fora Santo Inácio de Loyola, outro erro. Cito Leunis (o fundador), então, ela incorpora essa informação e diz que além de Leunis, podemos mencionar os nomes de Jean du Drac e Jean de Bonnelles. Digo que Drac morreu em 1473. Ela se corrige, mas mantém o outro Jean. E eu de- sisto. Segunda conclusão, a IA sofre do complexo de superioridade ilusória (ou efeito Dunning- Kruger), faz afirmações erradas acreditando que está certa, uma situação terrível, tanto para hu- manos (p.ex ., médicos que negam as vacinas), quanto para robôs. E a insistência em fornecer informações erradas torna-a mentirosa, uma falha inescusável para uma IA. Realmente preo- cupante desenvolver uma inteligência assim. Pedi que fizesse alguns programas simples de computador em lin- guagem Pascal, saiu-se bem. Então, pedi "um programa em pascal que leia nomes de um arquivo, até cem no máximo, e que embaralhe esses nomes, depois escreva em outro arquivo". O resultado me surpreendeu, o ChatGPT usou um método que eu desconhecia e mais eficiente que eu faria (eu geraria dois índices aleatórios e trocaria os nomes indicados), mas ao criar um "procedure", ela gerou um erro dif ícil para um leigo achar. Ou seja, terceira conclusão, só traz ganhos para quem já sabe fazer, porque haverá erros. Quando eu for criar um programa de computador, certamente usarei essa IA, faz em 1 segundo o que eu levaria mais de meia hora. Não creio que devamos nos comportar como inquisidores contra Copérnico e evangélicos criacionistas contra Darwin, apenas jamais realimentar a IA com pensamentos de pessoas medíocres e de pessoas más. Ética a IA, ou seja, com controle. ■ A burrice artificial do ChatGPT Pedi que fizesse alguns programas simples de computador em linguagem Pascal, saiu-se bem. Então, pedi "um programa em pascal que leia nomes de um arquivo, até cem no máximo, e que embaralhe esses nomes, depois escreva em outro arquivo". E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sênior MARIO EUGENIO

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