Diário do Amapá - 28/11/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SEXTA-FEIRA | 28 DE NOVEMBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA N o imaginário corporativo, o termo "branding" ainda reside em um plano quase estético, associado a projetos de identidade visual, logotipos ou campanhas publicitárias. Essa visão, entretanto, é perigosamente limitada. Em um ambiente de negócios cada vez mais volátil e complexo, o branding não é uma camada de verniz sobre a empresa. É, na sua essência, a arquitetura estratégica de um negócio, um processo contínuo de tornar tangível o que a empresa precisa ser para continuar relevante e competitiva. O que grandes marcas globais como Instagram e Pepsi fizeramnos últimos anos, por exemplo, transcende a simples reestilização. Esses movimentos evi- denciama compreensão de que amarca não é apenas umvetor de comunicação, mas um sistema operacional de decisões. É ela que conecta a cultura interna ao posicionamento externo, que direciona o desenvolvimento do portfólio, que reorganiza prioridades comerciais e reposiciona a companhia em seu ecossistema competitivo. Na prática, uma marca bem construída funciona como uma matriz de clareza, orientando a ação em todos os níveis — do board ao time comercial, do produto à área de pes- soas. A tese é validada por estudos consolidados que endossam o branding como uma alavanca real de valor e competitividade. Uma análise da McKinsey, que acompanhou 300 empresas por cinco anos, mostrou que organizações compráticas consistentes de design e construção de marca registraram um crescimento de receita 32 pontos percentuais superior à média. De acordo com a Harvard Business Review, 64% dos consumidores afirmam que valores com- partilhados são a principal razão para a sua lealdade, evidenciando o impacto direto que a consistência da marca exerce na resiliência do mercado. Esse cenário se torna ainda mais crítico no universo B2B. Neste contexto, as decisões de compra não são movidas por impulso, mas por critérios ra- cionais: o cliente compra clareza, governança, esca- labilidade, vantagemcompetitiva e, sobretudo, retorno sobre o investimento. Emmercados de alta comple- xidade e pressão por performance, como o de tec- nologia, a marca precisa ser uma promessa de con- sistência. Não basta comunicar bem. É preciso entregar o que se comunica, com disciplina e preci- são. E o que acontece quando essa visão é colocada em prática? A marca funciona como um catalisador da transformação. Essa transformação pode ser de- mandada por ciclos de grande crescimento e momentos estratégicos como o ingresso de investidores e processos de fusão e aquisição. Momentos assim fazem da revisão da marca uma inevitabilidade. Esse é um processo que não se limita à estética. Envolve a revisão do portfólio de soluções, a formalização de ritos culturais, a construção de novos critérios de priorização estratégica e, acima de tudo, a internalização de um novo mindset: o de que o branding é responsabilidade de toda a organização, e não apenas da área de marketing. Essa abordagem é o que permite que a marca se torne um sistema de decisão estratégica, em que cada ponto de contato comomercado traduz a coerência entre identidade, entrega e ambição de futuro. A reflexão que se impõe às empresas, especialmente àquelas em setores tradicionalmente céticos ao papel da marca, é simples: se seu branding não está moldando decisões internas, guiando a cultura, orientando o portfólio e habilitando o crescimento real, talvez o problema não esteja no conceito. Talvez a questão esteja em como as lideranças, a começar do CMO, estão en- xergando o papel da marca. ■ Marca não é verniz! É arquitetura de negócios Esse é um processo que não se limita à estética. Envolve a revisão do portfólio de soluções, a formalização de ritos culturais, a construção de novos critérios de priorização estratégica e, acima de tudo, a internalização de um novo mindset: o de que o branding é responsabilidade de toda a organização, e não apenas da área de marketing. E-mail: anna.mattos@rpmacomunicacao.com.br Chief Marketing Officer (CMO) da Nava THAIS TRAPP Tecnologista Sênior E-mail: mariosaturno@uol.com.br P rovavelmente, você já assistiu ao filme Total Recall do Arnold Schwarzenegger, de 1.990, ouMatrix, de 1.999, e suas continuações, cujo argumento é que todos os seres humanos vivem em uma si- mulação. Bem, nem todos, há Morfeus, que vive no mundo real e invade o sistema libertando pessoas da simulação. De qualquer forma, são seres vivos biológicos, mas havia também os seres artificiais compostos de uma inteligência artificial (IA), como a Oráculo. Em 2.003, o filósofo Nick Bostrom escreveu um artigo na revista Phi- losophical Quarterly em que propôs que o nosso universo poderia ser uma simulação de computador, ou seja, seríamos inteligências artificiais em ummundo simulado. Fouad Khan escreveu uma interessantematéria na Scientific American sobre o assunto apontando que a ideia teve adesão de alguns "gênios" da atualidade como ElonMusk e do cientista Neil deGrasse Tyson, discípulo de Carl Sagan. Já o f ísico Frank Wilczek não acredita nisso, seu argumento é que há muita complexidade desperdiçada emnosso uni- verso para ser simulada. A complexidade de um edif ício requer energia e tempo. Por que um "designer" de realidades desperdiçaria tantos re- cursos para tornar nosso mundo mais complexo do que precisa ser? Isso não é exatamente ver- dadeiro, como em um jogo, precisaria apenas si- mular com detalhes aquilo que está no foco dos nossos sentidos, como visão e audição. Também a f ísica e comunicadora científica Sabine Hossenfelder entende que essa hipótese não é científica, não podemos realmente testá-la ou refutá-la e, portanto, não vale a pena investigar seriamente. Mas isso tambémnão é inteiramente verdade. Há algumas operações de computador que demoramomesmo tempo, porque depende da capacidade operacional do computador. Por exemplo, emum computador moderno, o tempo de somar 1+1 é igual ao de somar 458.391+763.611, ou seja, se você demorar, pode ser um indicativo de viver na realidade... Ou a simulação é muito boa! De qualquer forma, a simulação não precisa ser muito boa, apenas boa o suficiente para en- ganar as inteligências simuladas. Mesmo assim, precisa- se de muita capacidade computacional. Por exemplo, Bostrom estimou que para cada ser humano simulado seria necessário de 10^33 (quatrilhões de quintilhão) a 10^36 (quintilhão de quintilhão) de operações por segundo. Usando a tecnologia atual, um computador tão grande quanto nosso planeta Terra, simularia ummilhão de seres humanos. Acapacidade computacional dos computadores cresceram incrivelmente nos últimos 50 anos e deve crescer ainda mais, mas há um limite f ísico para isso. Provavelmente, a tecnologia evoluirá para simular um cérebro com capacidade cognitiva de um ser humano, mas ainda será grande demais, o cérebro biológico parece ser imbatível em solução viável. Fouad Khan intitulou sua matéria de "Confirmado! Vivemos em uma Simulação" e que foi publicado em primeiro de abril, o dia da mentira, ou dos tolos, como dizem os americanos. Um dia excelente para pregar uma peça nos leitores, mas nesse caso, para dizer que a própria realidade que vivemos pode ser uma mentira de fato. ■ A capacidade computacional dos computadores cresceram incrivelmente nos últimos 50 anos e deve crescer ainda mais, mas há um limite físico para isso. Provavelmente, a tecnologia evoluirá para simular um cérebro com capacidade cognitiva de um ser humano, mas ainda será grande demais. Você realmente está vivo? MARIO EUGENIO

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