Diário do Amapá - 30/11 e 01/12/2025
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 30 DE NOVEMBRO E 01 DE DEZEMBRO DE 2025 2 D isse um isse um velho sábio: “Quem tem palavras, mas não tem obras, é como uma árvore que tem folhas, mas não tem frutos. Contudo, como uma árvore com frutos tem muitas folhas, assim aquele que cumpre boas obras tem também palavras boas”. No 33º Domingo do Tempo Comum, continuamos a leitura do capítulo 25 do evangelho de Mateus e encontramos a parábola dos talentos, uma das mais conhecidas e comentadas. Lendo-a somos tentados de identificar cada personagem com alguém e os próprios talentos com qualidades e aptidões que, muitas vezes, reconhecemos em nós e nas outras pessoas. Podemos fazer isso e até imaginar que Jesus esteja nos convidando a multiplicar os talentos com uma visão interesseira de negócios lucrativos. Afinal, este pa- trão-Senhor chama de bons e fiéis os servos que dobraram o patrimônio recebido. Todas as parábolas correm este risco: ser lidas com o nosso olhar atual, preocupados em manter os nossos pontos de vista. Sem dúvida, a parábola é uma exortação à laboriosidade e não à preguiça e à acomodação. Contudo, a questão que deve chamar mais a nossa atenção é o relacionamento entre o patrão-Senhor e os servos e como eles o reconhecem de maneira tão diferente. O “homem” que vai viajar entrega os seus bens aos empregados e, dessa forma, manifesta uma extrema confiança neles. Distribui os seus bens “de acordo com a capacidade” de cada um (capacidade, não merecimentos) e não lhes dá nenhuma indicação sobre como devem usar aqueles bens. Por isso é bastante evidente que os três empregados agem li- vremente, mas, ao mesmo tempo, conforme o que pensam do patrão. Os dois primeiros entendem que foram agraciados com aqueles talentos e se sentem na obrigação de multiplicá-los, reconhecendo assim o valor do dom recebido com total gratuidade e confiança do patrão. Quando o Senhor volta, eles apresentam o resultado do seu trabalho com a mesma atitude de generosidade, não pretendem e nem reclamam recompensa. É o próprio patrão-Se- nhor que os elogia e diz que foram fiéis “na admi- nistração de tão pouco”, merecem mais confiança ainda. A relação de gratuidade e colaboração entre eles e o patrão continua na participação da alegria daquele Senhor. Bem diferente é o pensamento do terceiro em- pregado que é de medo do patrão. Para ele o Senhor é “um homem severo” que colhe onde não plantou e ceifa onde não semeou (Mt 25,24-25). Esse último empregado não acolheu o talento como um dom, nem pensou na confiança do patrão que queria tê- lo, de fato, como parceiro na plantação e na colheita. Simplesmente ele não fez nada e pensou que o patrão, por sua vez, recebendo o talento inteiro de volta, não podia lhe cobrar mais nada. Assim, o servo “mau e preguiçoso” e ainda “inútil”, não participou da alegria do seu Senhor porque, afinal, não o reconheceu como alguém que lhe dava a maior confiança e a maior liberdade para corresponder com criatividade àquela imerecida gratuidade. Não preciso juntar mais explicações. Talvez a parábola dos talentos seja, afinal, a parábola da nossa vida, de tudo aquilo que somos e temos e que re- cebemos da bondade de Deus. De maneira especial, como cristãos, quanto e quantas vezes continuamos a pedir a Deus mais coisas, mais bens, mais solução de problemas que nós criamos, como se nunca tivéssemos recebido nada, como se Deus nunca nos tivesse entregue a vida e o planeta no qual passamos os poucos dias da nossa existência. Quantos talentos desperdiçamos, usamos de forma egoísta e interesseira ou deixamos enterrados por não querer entender a única “cobrança” que o Deus-Pai que Jesus nos fez conhecer nos solicita. Justamente aquela de usar de tantos bens recebidos com tanta variedade, bens materiais e espirituais, para multiplicar a bondade, a solida- riedade, a partilha e assim convocar todas as pessoas a participar da alegria do Senhor que nos quer todos irmãos porque todos somos seus filhos amados. Menos palavras inúteis e mais ações então. Ou mais palavras boas que sirvam para entender, amar e agradecer o único Pai de todos. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá Não preciso juntar mais explicações. Talvez a parábola dos talentos seja, afinal, a parábola da nossa vida, de tudo aquilo que somos e temos e que recebemos da bondade de Deus. De maneira especial, como cristãos, quanto e quantas vezes continuamos a pedir a Deus mais coisas, mais bens. Folhas e frutos T odos temos de convir que uma vida urbana é bem diferente de uma vida rural. O nível de comunicação entre as pessoas, portanto, também é di- ferente. Os laços de união entre as pessoas na vida rural são bem mais consistentes que na vida urbana. O sentido de pertencer a um grupo ou família é bem determinante. No entanto, na vida urbana, a pessoa se individualiza cada vez mais, sendo levada a tomar decisões sozinha, praticamente isolando-se. A pessoa no mundo urbano se torna o centro de tudo, e a comunidade ou grupo torna-se somente uma referência optativa. Exatamente ao contrário do mundo rural. O ser humano do mundo urbano é sempre mais solitário, porém, com o prazer de estar, às vezes, imergido na massa popular. Gosta do anonimato. Portanto, uma população con- centrada na maior parte nas cidades, temos como consequência uma população marcada por um excesso de individualização. Aí a gente se pergunta: qual é a comuni- cação que prevalece nesse tipo de vivência? Reconhecemos que o mundo urbano oferece também grandes possibilidades de conheci- mento e de progresso, mas deixa as pessoas fragilizadas no tecido comunitário, e também sem rumo. Por que isso? Porque a pessoa em si, ainda que seja forte e preparada, não tem capacidade de viver sozinha. Não suporta uma vida determinada no isolamento. Não é suficiente viver encostados uns nos outros. Precisamos compartilhar. No final, a verdadeira comunicaçao é isso próprio: é um processo de identificação entre as pessoas. Com isso, estamos vendo que se torna dif ícil uma co- municação no mundo urbano, embora que se possua uma inúmera tecnologia de comu- nicação. O indivíduo urbano tem a sua disposição uma mídia avançada, mas se torna incapaz de fazer uma verdadeira comunicação. Se- gundo pesquisas religiosas realizadas alguns anos atrás, a maioria dos brasileiros fez opção da religião por motivação pessoal, ditada pelos seus interesses de circunstância. Veja como o critério da subjetividade se tornou mais importante do que o critério da objetividade. A cultura urbana enaltece esse tipo de opção de vida subjetiva. Qual o resultado de tudo isso? Nesse caso, temos um crescimento de pluralismo religioso. O ser humano da cultura urbana tenta uma identidade, também na questão religiosa, a partir das suas necessidades, e quer uma resposta imediata. Com isso, o pluralismo do novo fenômeno religioso responde aos seus anseios. Ele entra solitário e sai reconhecido. Fortalece uma nova identidade humana. O ser humano imergido em uma cultura urbana é cada vez mais lançado além das suas fronteiras, dos seus limites. Torna-se planetário e, assim, perde de vista aquele espaço de intercomunicação mais próxima. Tem dificuldades de se comunicar com as pessoas que vivem perto dele. Assim sendo, precisa resgatar uma comunicação que saiba valorizar o intercâmbio humano, e tentar relativizar a importância dos grandes meios de comunicação na convivência social. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. O indivíduo urbano tem a sua disposição uma mídia avançada, mas se torna incapaz de fazer uma verdadeira comunicação. Segundo pesquisas religiosas realizadas alguns anos atrás, a maioria dos brasileiros fez opção da religião por motivação pessoal, ditada pelos seus interesses de circunstância. Comunicação: processo de identificação entre as pessoas
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