Diário do Amapá - 07 a 09/12/2025
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO A TERÇA-FEIRA | 07 A 09 DE DEZEMBRO DE 2025 2 U m rei tinha dois escravos muito capacitados, obedientes e prestativos. Um dia, por causa da fidelidade deles, quis premiá-los. Chamou o primeiro e lhe disse: - Como recompensa do seu trabalho lhe dou a liberdade e uma boa quantia de dinheiro para viver bem com a sua família. Vá em paz! Depois chamou o segundo e lhe disse: - Como recompensa do seu trabalho lhe dou a liberdade. Quero, porém, que fique aqui comigo como meu conselheiro e amigo. Depois disso, os dois antigos escravos se encontrarame partilharamas decisões do rei. Apesar da liberdade e do dinheiro, o primeiro não ficou satisfeito e voltou com o rei para saber das razões do tratamento desigual. Logo perguntou: - Senhor, omeu serviço não era tão bomcomo aquele do outro, por que esta di- ferença? O rei respondeu: - Você tem razão, o serviço de ambos sempre foi excelente, mas você me obedecia por medo de ser castigado. Desejava a liberdade. Foi o que lhe dei. O outro, ao contrário, sempre obedecia para ter, em primeiro lugar, a minha estima e a minha amizade. Por isso, eu quis ficar com ele. No evangelho de João deste 21º Domingo doTempo Comum, chegamos à conclusão do capítulo 6, cujo assunto principal, é bom lembrar, é a apresentação de Jesus como “o pão descido do céu”, “o pão da vida”. Nos versículos anteriores, Jesus afirma que o sinal do pão, é “carne” – ou seja o corpo-vida - dele - e é verdadeiro ali- mento para os que acreditam. Igualmente, o sinal do vinho – o sangue-vida derramado na cruz - é verdadeira bebida. Para entender essa passagemdo “pão” (e vinho) para “a carne e o sangue” precisamos confrontar as duas afirmações que encontramos em João 6,51: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente” e em João 6, 54: “Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. Esse jeito de falar gera a dúvida dos judeus que não compreendem o sentido do sinal do “pão” e se perguntam: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” (Jo 6,52). Os discípulos também não entendem e dizem que é uma palavra “dura” demais: “Quem consegue escutá-la?” (Jo 6,60). Acreditar, de verdade, é exigente, pede escolhas. “A partir daquelemomento, muitos discípulos”, diz o evan- gelho, “voltaram atrás e não andavammais com ele” (Jo 6,66). Por isso, Jesus pergunta aos doze se também querem ir embora. A resposta de Simão Pedro: “Aquem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68) além de uma declaração de fé no “Santo de Deus”, é o reconhecimento dele como presença e fonte daquela vida plena que somente Deus pode dar. O nosso pensamento vai de imediato a quantos passaram e passam pelas nossas paróquias, comunidades, grupos e movimentos, a quantos recebemos sacramentos, e depois... não participammais. Jesus não obriga ninguém a segui-lo contra a sua vontade ou por medo. Mas ele, também, não quer seguidores de qualquer jeito. Conseguimos acompanhar Jesus – mais ou menos e cada um com o seu jeito – somente se reconhecermos nele “palavras de vida eterna”, ou seja, algo que possa realmente abrir novos horizontes para a nossa existência. Todo o esforço da Igreja com a sua organização e as suas atividades, de fato, deve ter uma só finalidade: anunciar a fé em Jesus de uma forma que permita o encontro livre e pessoal com ele. Devoções, costumes, conjunto de doutrinas, planejamentos, tudo pode ajudar, mas nada substitui a nossa adesão consciente e responsável à pessoa de Jesus. É ele que precisamos conhecer mais e melhor. É a sua palavra e o seu exemplo que devem ecoar em nossa consciência, quando somos chamados a tomar as grandes decisões da nossa vida, quando exultamos e agradecemos pelas metas alcançadas. Contudo, é com o tempo que passa, no serviço cotidiano, cansativo e rotineiro, na fidelidade humilde e escondida, na oração e no silêncio da nossa secreta interioridade, que amadurecemos a amizade com Jesus. Se formos cristãos por amor ao Senhor e não para aparecer ou para ganhar alguma coisa, será ele mesmo a nos chamar, um dia, de amigos seus e não mais de servos (Jo 15,15). ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá O nosso pensamento vai de imediato a quantos passaram e passam pelas nossas paróquias, comunidades, grupos e movimentos, a quantos recebem os sacramentos, e depois... não participam mais. Jesus não obriga ninguém a segui-lo contra a sua vontade ou por medo. Os dois escravos A tecnologia digital se desenvolve com uma velocidade sem precedente na história da humanidade, leva-nos a uma de- sorientação na vida individual e social. O que constatamos perante esse grande fenômeno? Alguns rejeitam totalmente; outros são atraídos por esta tecnologia, sem conseguir, efetivamente, entrar em sua lógica. Enfim, há outros que se identificam em fazer uma só coisa com esta nova tecnologia. Aqueles que rejeitam este fenômeno digital sustentam a tese de que essa nova realidade não condiz com suas idades já avançadas nem com seus hábitos e rotinas. A vida deles já foi planejada e, portanto, foram acostumados a um estilo de vida que não permite mais se aventurar em outras experiências. Existe um imobilismo nesta situação. Aqueles que se tornaram eufóricos perante a nova tecnologia foram, praticamente, os primeiros fregueses, adquirindo produtos sem, porém, conhecê-los de maneira correta. Podemos dizer, de maneira muito simples, que há uma total dependência e entusiasmo pela estética dos meios. Aqueles, no entanto, que se lançaram totalmente à tecnologia digital se integraram na nova realidade, quase se identificando com ela. Quem são eles? São os verdadeiros especialistas que criaram outra dependência: sem esta tecnologia parece quase impossível viver. Aqui nasce uma nova maneira de viver e pensar. Um novo mundo se direciona para esta realidade, aliás, que transforma totalmente a mesma realidade do passado e não a continua, como alguns a consideram. Perante este novo cenário, nós nos cons- cientizamos do quanto é dif ícil a convivência dessas três realidades. Eu diria que nos deixa um pouquinho inquietos, perplexos, e assim surgem espontaneamente essas per- guntas: como dialogar com essas três rea- lidades? Como fazer para não exasperar a convivência uns com os outros? Quais os elementos que poderiam unir no lugar de dividir? Como fazer do mundo digital um verdadeiro serviço a humanidade? Como a evangelização pode usar esse mundo digital? O novo mundo digital pode favorecer mais justiça e fraternidade no mundo? O novo mundo digital será a verdadeira mudança do mundo por sua correta compreensão? A virtualização e a ilusão do contato f ísico levam para problemas de reconhecimento, comportamento, privacidade e de ética em geral. A fragilidade do sistema é dada pelo seu formato transmissível na rede e é totalmente dependente da energia ou de outros com- ponentes técnicos que quando falham põe em crise a mesma so- ciedade. A Igreja é provocada a enfrentar tal realidade, não como uma simples expectadora, mas como uma verdadeira protagonista. Educar permanentemente em todo o lugar subsiste para sempre. Por isso, também, esse novo mundo digital precisa ser instruído conforme o mandato de Jesus, o Ressurgido. A nova cultura virtual requer tempo, espaço e estrutura nova para uma nova evangelização. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. A virtualização e a ilusão do contato físico levam para problemas de reconhecimento, comportamento, privacidade e de ética em geral. A fragilidade do sistema é dada pelo seu formato transmissível na rede e é totalmente dependente da energia ou de outros componentes técnicos que quando falham põe em crise a mesma sociedade. O mundo digital
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