Diário do Amapá - 14 e 15/12/2025
➔ E-mail: luizmello.da@uol.com.br ➔ Instagram: @luizmelodiario© 2018 ➔ twitter: @luizmelodiario Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira. RÁPIDAS ● Cautela... Alarmistas seguem dando eco ao eco sobre os já vencidos e vencedores ao GEA e Senado, em 26. Já outros, menos afoitos, sugerem olhos nas estrelas, mas pés no chão, porque noutros filmes, vistos, os de baixo sobem e os de cima descem, ao cabo. ● Dando certo ... Balançando a rede no Sebrae, logo em momento de ‘altíssimo astral’, Josiel Alcolumbre tem saido pela tangente sobre voltar às urnas políticas. “Por tudo que me permitiu fazer de bom e melhor, o Sebrae tem sido uma flexada muito doce na minha vida. É um farol aceso para o aprendizado”, tem dito. ● Carona ... A carta na manga de Lucas Barreto para se reeleger em outubro responde pelo nome de ‘voto de segunda opção’, destrinchou um PhD em política. Lucas teria voto até mesmo da cola de adversários políticos, disse um interlocutor da coluna. Ronald Reagan Ex-presidente dos Estados Estados Unidos ● Reforço... Falam nos bastidores, mas ainda sem confirmação, Dorinaldo Malafaia por uns tempos como secretário estadual de saúde. A exemplo de Paulo Lemos, já na Seed, também para fortalecer politicamente time em campo pela reeleição de Clécio, em outubro. Aquele que engana sempre encontrará quem se deixe enganar Maquiavel Deolho... Tudo bem que os poderes também botem um dinheirinho no futebol amapaense, que segue muito mal das pernas - tipo dieta de cardíaco: ‘sem açucar, nem sal’. Mas que fiscalize, porque, se bem aplicado, logo, logo também estaremos balançando as redes. ● Sobre ir ou não ao Senado, como sugerem uns, outros e terceiros, presidente Alliny (Alap) não sai de seu eixo habitual de não meter pés pelas mãos. E resume: “Sou uma soldada do meu partido. E meu líder político é Davi. É dele a última palavra”, disse. Fidelidade… Frustração.. No resumo do resumo, as pesquisas que têm ido aos ares, ultimamente, sinalizam tendências para o GEA e Senado, sem dúvida - as mais crí- veis, bem entendido. Mas aquelas produzidas com defeito de fábrica, nas coxas, apenas ilu- dem candidatos pendurados emmentiras. ● WGóes integrava ‘dispositivo’ de entrega do Cerntro de Radioterapia, recentemente. Mas, apesar de ministro de Lula, fora do script do cerimonial para também falar - o suficiente para que pedetistas acendessem uma faísca de insatisfação. Cadê? Se mal pergunto, alguém sabe do pa- radeiro do Moisés Souza, o ex-deputado estadual? Acabaram os perrengues, mas quando imaginavam que logo, logo voltaria a buscar lugar ao sol, calado es- tava, calado ficou. E sumido. Ninguém sabe, ninguém viu. Desrespeito... É impossível não sentir vergonha do cenário atual da política, quando assistimos cenas como aquela do Glauber, do PSol, com a bunda na poltrona do presidente Motta e a polícia le- gislativa usando a força para tirá-lo dali. Pior: povaréu vota nos mesmos, em outubro. ● Reação... Presidente Alliny (Alap) não tem ficado só no ‘tal- vez, apenas talvez’. É “mexeu comuma, mexeu com todas” - a propósito do crescimento assustador de crimes de feminicídos, país adentro. ● “ “ |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 14 E 15 DE DEZEMBRO DE 2025 3 FROM / LuizMelo violência representa um dos maiores problemas da sociedade contemporânea. Paradoxalmente ela esteve, pormotivos de sobrevivência, entre as três necessidades básicas fundamentais do gênero humano, cujo controle lhe assegurou a condição de espécie mais dominante na face da Terra e de sua controladora — tudo no projeto de Deus. O homem, inclua-se a mulher, como deve ser a forma correta de tratamento, sempre precisaram para sobreviver de alimentação, segurança e vestuário. A primeira para so- brevivência f ísica; a segunda, segurança, está ligada à primeira, para escapar dos predadores, e a terceira para poder adaptar-se ao clima, aos rigores do frio e do calor. O instinto violento do homem fez dele, segundo Lévy Straus, além de um ser predador, o maior poluidor. Mas hoje, a sua necessidade de segurança, uma daquelas três preocupações básicas do homem primitivo, evoluiu a novo patamar: a ameaça não é somente a individual, como também a global, coma possibilidade de destruição nuclear e a inter- nacionalização do crime com suas conexões com as drogas e a utilização do conhecimento e da ciência para sua mun- dialização. Mas o que desejo abordar é sem dúvida um fenômeno novo: a vulgarização da tragédia do crime desprezível da violência contra amulher. Já não podemos assistir à televisão nem ler jornais e revistas, de qualquer mídia, semque a pre- dominância seja a dos crimes e tratamentosmais hediondos contra o gênero feminino. Esses fatos vêm num crescendo que está merecendo, em todas as partes da Terra, revolta e protestos fortes que motivem não somente mulheres, mas também todos os homens, pois estes foram destinados a compartilhar a felicidade da igualdade comamulher, fazendo parte umda vida do outro, igualmente responsáveis por dar continuidade à espécie humana. É inaceitável que a ameaça à sobrevivência das mulheres venha do próprio homem. Acredito que se a ciência, em todos os seus domínios, foi capaz de chegar às profundezas do micromundos dos átomos e até das naves espaciais e de nossa presença no uni- verso, tendo por marco inicial o homem na Lua, pode e deve também se debruçar sobre o sentimento humano para transformá-lo, pesquisando-se a raiz e os fatores dessa violência, o que está desencadeando essa tragédia de nossos dias. Não se pode excluir dessa busca o fracasso dosmétodos atuais, a responsabilidade dos governos, já que eles foram constituídos e instituídos para conjurar os problemas, entre eles o da violência. Isso não pode ser feito sem uma cooperação efetiva de todos os segmentos da sociedade; e, em nosso caso, sem os diversos setores da União, dos Estados e Municípios, dos Poderes constituídos, Executivo, Legislativo e Judiciário—mas, infelizmente, o que testemu- nhamos nos últimos dias, em vez de cooperação, foi o mais condenável exemplo de falha na conduta de algunsmembros desses Poderes. Outros motivos estão à vista: a dolorosa desigualdade social, que faz com que sejam mulheres negras e de pouca idade a maior parte das vítimas dessas mãos assassinas, numa cruel mistura de misoginia, racismo e desigualdade social. Outras causas subjetivas também nos dão uma pista. Elas vêmda literatura. Shakespeare, na sua genial construção da tragédia no seu teatro, nos oferece um exemplo do amor deformado pelo ciúme — que sempre esteve associado ao amor doentio que rapidamente descamba para violência. É o exemplo de “Otelo, o Mouro de Veneza”, em que sua esposa, Desdêmona, é vítima do seu amor e do ciúme do marido, dominado por intrigas de Iago, que, por revanche, cria uma teia de mentiras e intriga convencendo Otelo de que a esposa o traía, num romance que não existia. Ele, Otelo, mata Desdêmona, asfixiando-a, e depois, quando descobre que não era verdadeira a traição, mata-se. A tragédia de Otelo desdobra-se genialmente com muitas nuances, mas traz também, como toda literatura genial, a oportunidade de refletirmos sobre a verdade, a mentira e suas consequências destrutivas. Esse dilema se repete na in- ternet, com a divulgação de tantas mentiras — como fez Iago—, multiplicando-se os riscos de violência. E terminamos por não saber o que é verdade e o que é mentira. E quanto perigo há nisso! Eu também me sinto violentado por essa violência. Re- cuso-me a absorver o relato completodesses fatos repugnantes. Sou forçado a tomar conhecimento desses crimes, mas me perturbam o sono e o viver.Minha solidariedade a todas as mulheres que sofreram e sofrem nessa tragédia do nosso tempo. Se a internet e a Igreja moderna exorcizaram o diabo, eis que ele ressurge na figura desses monstros: assassinos, espancadores e violentadores de mulheres. ■ Amor e Ciúme E-mail: j.sarney@uol.com.br Ex Presidente do Brasil JOSÉSARNEY A Desgosto
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