Diário do Amapá - 18/12/2025
FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 QUINTA-FEIRA | 18 DE DEZEMBRO DE 2025 A economia brasileira recuou 0,3% em outubro na comparação comsetem- bro. O resultado é o segundo mês consecutivo com queda na atividade eco- nômica. Em setembro, o recuo havia sido de 0,6%. A explicação da perda de fôlego está no patamar elevado da taxa de juros, que serve como um freio na economia. Já na comparação comoutubro de 2024, houve expansão de 1% no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). No trimestre móvel terminado em ou- tubro, houve crescimento de 1,5% em com- paração com o mesmo trimestre de 2024. No acumulado de 12meses, o PIB brasileiro avança 2,3%. Os dados fazem parte do Monitor do PIB, estudomensal elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado nesta ter- ça-feira (16). Juro alto De acordo com a economista Juliana Trece, responsável pelo levantamento, a perda de fôlego na economia é “muito in- fluenciada pelo patamar elevado da taxa de juros”. A taxa básica de juros no país, a Selic, está em 15% ao ano, maior patamar desde julho de 2006, quando estava em 15,25%. A Selic é fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BancoCentral (BC), que defende o nível elevado como forma de combater inflação, que só voltou ao limite da meta do governo em novembro, depois de ter ficado 13 meses fora do espaço de to- lerância. A taxa de juros alta encarece toda a cadeia de crédito e desestimula o investi- mento, o que tende a diminuir a procura por bens e serviços, de forma a frear a alta de preços. Oefeito colateral é o esfriamento da atividade econômica, com menos força para geração de emprego e renda. Comportamentos Ocomportamento do PIB pode serme- dido pela ótica da demanda (quemestá gas- tando) ou da produção (quem produziu). “Pela ótica da produção, o desempenho da agropecuária e da indústria ajuda a explicar a queda na atividade econômica”, explica Juliana Trece. “Pela ótica da demanda, os investimentos [formação bruta de capital fixo] e o consumo do governo contribuíram negativamente para o resultado”, completa. Na comparação do trimestremóvel ter- minado em outubro com o mesmo período do ano passado, o consumo das famílias cresceu 0,5%. O consumo de bens não duráveis e o de duráveis contribuíram negativamente para o desempenho, enquanto o de serviços e o de bens semiduráveis compensaramas que- das e sustentaramo componente no campo positivo. As exportações, que também ajudaram a empurrar para cima a economia, cresceram 8,9% no trimestre móvel, empurradas por produtos agropecuários e da indústria ex- trativamineral.Ocomportamentodas vendas exteriores apresenta trajetória crescente em todos os trimestres móveis desde março de 2025. Em termos monetários, a FGV estima o PIB brasileiro no acumulado até outubro em R$ 10,530 trilhões. Resultado oficial O Monitor do PIB é um dos estudos que servemcomo termômetro da economia brasileira. Outro levantamento é o Índice de Ati- vidade Econômica do Banco Central (IBC- Br), divulgado na segunda-feira (15), que indicou recuo de 0,2% na passagem de se- tembro para outubro e crescimento de 2,5% no acumulado de 12 meses. Oresultado oficial do PIB é apresentado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No dia 4 de dezembro, o instituto informou que a eco- nomia cresceu 0,1% no terceiro trimestre e 2,7% em 12 meses. O IBGE divulgará o PIB do quarto tri- mestre de 2025 em 3 de março de 2026. ■ SOB EFEITO DO JURO ALTO, ECONOMIA RECUA 0,3% EM OUTUBRO SELIC V Foto/ Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo A decisão sobre o corte de benef ícios fiscais está agora nas mãos do Congresso Nacional, disse nesta terça-feira (16) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele ressaltou que o governo precisa de R$ 20 bilhões para equilibrar o Orçamento do próximo ano. Ementrevista na saída doMinistério da Fazenda, Haddad afirmou que o governo apresentou simulações e subsídios técnicos para viabilizar a votação do Orçamento de 2026 sem riscos fiscais. “Fizemos algumas simulações para o relator, e agora a decisão está com o Congresso Nacional, mas os subsídios foram entregues para que a conta pudesse fechar e o Orça- mento pudesse ser votado na quinta-feira”, afirmou Haddad após participar de reunião de líderes no Congresso nesta tarde. O principal instrumento defendido pelo Ministério da Fazenda para garantir essa arrecadação é um projeto que prevê o corte linear de 10% nos incentivos fiscais infracons- titucionais. Ficam de fora da proposta benef ícios previstos na Constituição, como os concedidos à Zona Franca de Manaus. Parlamentares, no entanto, negociam um acordo para escalonar a redução dos benef ícios ao longo de três ou quatro anos. Aestratégia busca reduzir resistências e permitir que os setores afetados se organizem, além de viabilizar a votação do texto ainda nesta terça-feira na Câmara dos De- putados. Haddad ressaltou que o calendário é apertado e que a aprovação precisa ocorrer rapidamente para evitar problemas na elaboração do Orçamento. “Teria que aprovar hoje naCâmara e amanhã no Senado. Porque aí o relator do Orçamento consegue fechar a peça orçamentária tranquilamente, sem risco de nós termos receitas que estão no Orçamento e não têm fonte”, disse. Bets e fintechs Nesta terça, o líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (AL), confirmou que a articulação inclui a incorporação de medidas que haviam ficado de fora ou enfrentaram dificuldades no Senado, como a taxação de apostas esportivas (bets) e de fintechs. Oministroda Fazenda participoudiretamente da reunião de líderes em que o tema foi discutido. De acordo com Haddad, a equipe econômica aguarda a versão final do texto para avaliar se o governo concorda com a proposta que será levada à votação. ■ ARRECADAÇÃO Orçamento de 2026 precisa de R$ 20 bi para ser fechado, diz Haddad ●
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