Diário do Amapá - 30/12/2025
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 30 DE DEZEMBRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA O alívio que percorre o mundo após o dia 19 de dezembro de 2025 é palpável, contrastando drasticamente com o clima de fa- talismo que dominou as redes sociais e os noticiários desde que o objeto interestelar 3I/Atlas foi detectado por observatórios no Chile, em meados deste ano. Por meses, pregadores do apocalipse e teóricos do fim do mundo ali- mentaram o medo de uma extinção emmassa iminente numa hipotética colisão do objeto com o nosso planetinha azul. Confesso que mesmo aqui, emMacapá, fiquei um tanto apreensivo. Felizmente, a realidade se impôs: o visitante cósmico cruzou o nosso céu a uma distância "segura" de 269 milhões de quilômetros. No contexto da astronomia, onde as escalas são monumentais, essa distância assemelha-se a uma bola de futebol que raspa a trave, provocando o "uuuuuuiu" coletivo de uma torcida que, por um instante, prendeu a respiração diante do gol que parecia inevitável. Entretanto, a passagem silenciosa do 3I/Atlas não encerrou o debate; pelo contrário, acirrou uma disputa de narrativas entre o establishment científico e pesquisadores independentes sobre a verdadeira natureza deste corpo celeste. Enquanto a NASA e outras agências oficiais mantêm a postura de que o 3I/Atlas é apenas um cometa incomum com origem fora do nosso sistema solar, uma coalizão de astrof ísicos fi- nanciados por recursos privados e empresas de tecnologia questiona essa classificação simplista. A polêmica reside nas características anômalas do objeto, que não se comporta exatamente como as bolas de gelo sujo que estamos acostu- mados a monitorar. Para esses investigadores autônomos, o rótulo de "cometa" é uma explicação conveniente para evitar o pânico ou mascarar uma descoberta muito mais complexa. O foco agora se desloca para o próximo grande marco da jornada do 3I/Atlas: o gigante gasoso Júpiter. A previsão é que no dia 16 de março de 2026 o objeto atinja sua aproximação máxima do planeta, um evento que servirá como o teste definitivo para as teorias em conflito. O ponto crucial desta investigação será a interação do 3I/Atlas com a esfera de Hill de Júpiter — a região onde a gravidade do planeta domina sobre a do Sol. Se o objeto for um cometa comum, sua trajetória será ditada estritamente pelas leis da mecânica celeste e pelas forças gravitacionais do gigante. No entanto, se o 3I/Atlas realizar qualquer tipo de ajuste de curso ou manobra para evitar a captura gravitacional ou se distanciar da esfera de Hill de forma não natural, a comunidade científica terá a prova incontestável de que não estamos lidando com um pedaço inerte de rocha e gelo. Os astrof ísicos independentes sustentam que as agências governa- mentais possuem dados mais precisos do que os divulgados ao público e que o desvio em Júpiter poderá revelar se o objeto possui propulsão própria ou uma inteligência por trás de sua trajetória. Até março de 2026, a humanidade permanece em um estado de vigília curiosa, observando o 3I/Atlas se afastar da Terra para, talvez, revelar sua verdadeira identidade nas fronteiras do espaço profundo. ■ Entretanto, a passagem silenciosa do 3I/Atlas não encerrou o debate; pelo contrário, acirrou uma disputa de narrativas entre o establishment científico e pesquisadores independentes sobre a verdadeira natureza deste corpo celeste. Ufa! Escapamos por um triz... Teólogo e jornalista EMANOEL REIS A valoração socioeconômica e contabilidade dos danos ambientais constituem instrumentos analíticos desenvolvidos por algumas áreas da teoria econômica relacionadas à utilização de recursos naturais, ao consumo de insumos energéticos e à poluição. Sua abrangência, conforme se observa no que vem ocorrendo em nossa sociedade há décadas, vai desde problemas localizados, como a poluição gerada por uma planta industrial que impacta a comunidade vizinha, até questões de natureza e escalas muito mais abrangentes, como as que se relacionam com a perda de biodiversidade ou com os efeitos causados pelas mudanças climáticas em escala global. Tais exemplos demonstram a gama diferenciada de problemas sobre os quais as técnicas de valoração econômica existentes podem ser aplicadas. Estas procuram valorar desde os danos sobre recursos de uso direto (perda de produtividade do solo, de ecossistemas como manguezais, florestas ou do trabalho) até o próprio valor de existência de uma determinada área, passando pelas funções desempenhadas pelos di- ferentes ecossistemas (como o tratamento terciário de resíduos, gestão dos resíduos sólidos, emissões de gases de efeito estufa ou a proteção de regiões costeiras). No entanto, a incorporação desses valores em estudos de impactos socioambientais ou mesmo para fazer com que causadores dos prejuízos possam indenizar a população afetada ou o Estado pelo dano ou impacto gerado (Princípio do Poluidor- Pagador) tem se mostrado pouco efetiva no Brasil e mesmo no cenário internacional. Apesar disso, tais técnicas vêm sendo cada vez mais aperfeiçoadas e até recomendadas por organismos como o Banco Mundial para valorar esses recursos ou danos am- bientais, que anteriormente ficavam sem quaisquer indicações em termos de valores monetários. Hoje, alguns desses valores servem, ao menos, como pa- râmetros para que se possa efetuar uma avaliação de alternativas para os empreendimentos propostos nas distintas regiões, ou ainda para determinar possíveis indenizações e, com isso, reparar danos causados. Por outro lado, embora ecossistemas saudáveis forneçam recursos essenciais à vida humana, a di- mensão ambiental e as contribuições do capital natural ainda são amplamente ignoradas pelas formas de contabilidade convencionais. O mesmo se aplica aos custos sociais ou ambientais (as tais "externalidades", no jargão econômico) decorrente dos padrões de produção e consumo atuais, acarretando uma subvalorização dos "preços" de utilização desses recursos ambientais. Para tanto, a contabilidade de capital natural (NCA, em inglês) constitui um dos meios capazes de integrar as contribuições da natureza e os efeitos prejudiciais da atividade econômica ao meio ambiente, baseando-se em uma estrutura contábil consistente, ao fornecer indicadores e informações relevantes e apoiando a formulação de políticas públicas globais, incluindo o Acordo de Paris e a Agenda 2030, referente aos 17 Objetivos do Desen- volvimento Sustentável (ODS). Para se ampliar a visibilidade e o significado do capital natural, faz-se necessária, também, a difusão dos diferentes métodos que podem ser utilizados para efetuar a valoração de determinados danos ou recursos am- bientais. Um deles, o "Método de Valoração Contingente" (CVM), consiste na valoração indireta, com base em questionários que aferem a "disposição a pagar" dos possíveis interessados. Aplica-se a parques ou unidades de conservação futuras ou existentes e de valores de opção ou existência de determinada espécie ou ecossistema, dentre outros casos. ■ Tais exemplos demonstram a gama diferenciada de problemas sobre os quais as técnicas de valoração econômica existentes podem ser aplicadas. EUGENIOSINGER E-mail: : agata@viveiros.com.br PhD em Engenharia Ambiental A crescente importância da valoração de danos ambientais
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