Diário do Amapá - 09/04/2025

ESPLANADA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUARTA-FEIRA | 09 DE ABRIL DE 2025 5 ComWalmor Parente (DF), BethPaiva (RJ) eHenrique Barbosa (PE) E-mail: reportagem@colunaesplanada.com.br LEANDRO MAZZINI PODER , POLÍTICAEMERCADO Plano eleitoral A despeito dos números avassaladores contra Lula da Silva III – nunca antes na História desse País o presidente teve uma rejeição de 60% - há no Palácio um otimismo de veteranos, do ponto de vista eleitoral. Um ministro vaticina: “Nos nossos Governos funciona assim: 1º ano, trabalhamos com recall da vitória; 2º ano, passamos patrol nas estradas; 3º ano, jogamos graxa de asfalto; e no 4º, começa a asfaltar de verdade”. Turma do quepe Operação tabajara A decisão do Governo do Paraguai de investigar a suposta espionagem da ABIN contra diretores de Itaipu revela, segundo diplomatas, que explicações do chanceler Mauro Vieira não convenceram. Em março, o Brasil abandonou o chanceler paraguaio nas eleições para a OEA. Existe ainda briga velada na Inteligência sobre a tutela da operação tabajara: se começou no Governo Bolsonaro ou já na Era Lula da Silva III. Marquetagem Políticos da bancada do Rio de Janeiro suspeitam das 10 digitais do Secom do Planalto, Sidônio Palmeira, nas críticas de Wolney Wolff, Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, ao Governo de Cláudio Castro sobre os riscos de enchentes e desabamentos na serra fluminense com as chuvas. O Governo fez o dever de casa. Aliados de Castro lembram que é hora de união, não de ataques com viés eleitoreiro. Escolas (ex-)militares? Um Projeto de Lei da deputada Maria do Rosário (PT-RS) ganha adesão, devagar e discreta, dos partidos de centro-esquerda, e preocupa os militares. O PL 5010/24 está na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e visa entregar a gestão dos colégios militares ao Ministério da Educação (MEC). Há um padrinho neste caso, o ex-ministro e futuro candidato a deputado federal José Dirceu, que há muitos anos fala em aproximar parte dos militares ao projeto de Estado da doutrina petista – o que, hoje, é impossível, pelo cenário sócio-político. Pelo texto, as escolas de ensinos fundamental e médio terão novas diretrizes, totalmente civis. E as de formação dos militares, como Escola de Comando do Estado Maior, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e o famoso ITA teriam seus currículos adaptados pelo MEC. Sondado por parlamenares, o Ministério da Defesa prefere que o PL fique em “banho-maria” (sem trocadilhos, claro). P esquisadores do Museu Nacional, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do Parque Nacional do Itatiaia (PNI) fazem parte de um grupo de trabalho criado para buscar respostas sobre as recentes descobertas de pinturas rupestres em uma área do parque, localizado na Serra da Mantiqueira, em uma área de divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. A investigação quer decifrar mistérios como a idade e as origens das pinturas, encontradas em uma gruta. A professora do Programa de Arqueologia do Museu Nacional, MaDu Gaspar, conta em entrevista à Agência Brasil que o grupo busca, inclusive, outros registros de povos que viveram nos arredores. “Regiões que têm abrigos e grutas compinturas rupestres dificilmente são um ponto isolado. Estamos investindo nessa vertente. Ao mesmo tempo, estamos conhecendo fi- sicamente aquele espaço, pensando em rotas, trajetórias, recursos. Esse é o momento inicial da pesquisa. Estamos tomando contato com essa realidade até então desconhecida por nós. Temos ainda um longo caminho pela frente”, pontuou. Segundo a professora, embora tenham sido descobertas em 2023, as pinturas só foram divulgadas recentemente, para que o parque tivesse tempo de se organizar para evitar a presença de visitantes no local, que é um lugar de cami- nhadas. Uma das primeiras ações foi comunicar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Os sítios arqueológicos são gerenciados pelo Iphan, e todas as ações, mesmo de arqueólogos, têm que ser autori- zadas pelo Iphan. Eles estão acompanhando de uma forma bem cuidadosa, para dar a devida importância a esse teste- munho arqueológico”, esclareceu a pesquisadora. De acordo coma arqueóloga, a prioridade nestemomento é assegurar a preservação deste sítio. Para isso, também foram instaladas câmeras e foi realizado um trabalho de es- clarecimento com os funcionários e a diretoria do parque nacional. ■ DESCOBERTA Instituições se unem para desvendar pinturas rupestres em Itatiaia O advogado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é o entrevistado do programa Dando a Real com Demori, da TV Brasil. Em conversa com o jornalista Leandro Demori, ele falou sobre cenário internacional e governo de DonaldTrump, nos Estados Unidos, além dos rumos da política brasileira e o papel da esquerda na atualidade. Em tom direto e reflexivo, Dirceu fez uma defesa enfática da soberania nacional, de reformas estruturais no país e da res- ponsabilização pelos atos de 8 de janeiro. A respeito do cenário internacional, Dirceu avaliou a agenda de Trump como um retrocesso civilizatório. "Ele está voltando com a homofobia, com o racismo, com o negacionismo ter- raplanista. É um atraso, é um retrocesso civilizatório imenso nos Estados Unidos e na Europa", afirmou. Para ele, o objetivo de Trump seria implodir a ordemmultilateral construída no pós-guerra. "Ele quer desconstruir a Organização Mundial do Comércio, da Saúde, quer desconstruir os acordos cli- máticos", criticou. Dirceu defendeu que o Brasil precisa tomar as rédeas do seu destino, investindo em soberania energética, alimentar e tec- nológica. "Nós temos que fazer a defesa dos interesses brasileiros, cuidar do Brasil, mas cuidar doBrasil fazendouma revolução social, porque a desigualdade e a pobreza emumpaís como oBrasil é uma vergonha, nós somos ricos", disse. Na entrevista, Dirceu tambémcriticou a estrutura tributária brasileira. "Basta fazer uma reforma tributária e taxar a renda, a propriedade e a riqueza, e não o consumo e a produção, que isso na Europa resolveu no século XIX", disse. Ele também questionou a atual taxa de juros nopaís, que considera incompatível como cenário internacional e como cres- cimento econômico. Questionado sobre a dificuldade de a esquerda dialogar com certos segmentos da sociedade, como empreendedores e evangélicos, Dirceu reconheceuos desafios, mas apontou caminhos. "Mesmo assim, nós temos 30, 40% de votos do público evangélico e é possível ser evangélico e não ser conservador. Não é a questão reli- giosa que está emjogo, é a questãopolítica", afirmou. Ele destacou, ainda, que parte da dificuldade da esquerda nas redes sociais está ligada ao poder econômico e ao controle das big techs. "Há um fator que é do poder econômico e há um fator que é do controle pelas big techs. Mas há também, da nossa parte, um atraso em nos empoderar desse instrumento", reco- nheceu. Sobre a discussão em torno da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, Dirceu foi categórico ao afirmar que não vê nenhuma razão para ter anistia, pois "as pessoas têm que responder pelo que fizeram". ■ RETROCESSO CIVILIZATÓRIO DR COM DEMORI: DIRCEU AVALIA CENÁRIO GLOBAL E DEFENDE SOBERANIA V Foto/ Paulo Pinto/Agência Brasil No último domingo, encontraram- se, por acaso, num restaurante grã-fino de Brasília, o ministro da Defesa, José Múcio, o senador Hamilton Mourão (Rep-RS) e o ex- senador Romero Jucá (MDB-RR). A conversa foi amistosa. Mourão justificou com a agenda corrida em Brasília a ausência no ato de Bolsonaro na Av. Paulista. Uma curiosidade, Jucá está muito próximo da indústria armamentista, do Brasil e do exterior.

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