Diário do Amapá - 01/08/2025

As montadoras de carros sediadas no Brasil apoia- ram a decisão do governo que reduziu o prazo para estabelecer em 35% a alíquota de importação de veículos elétricos ou híbridos desmontados e que fixou cota para as empresas trazerem esses tipos de carros com isenção de impostos. Segundo o governo, foram acatadas, em parte, as demandas das montadoras sediadas no Brasil e dos im- portadores em fase de instalação de fábricas no país, como a chinesa BYD. A decisão impacta a disputa pelo mercado brasileiro que colocou, de um lado, a fabricante chinesa BYD, lide- rança em carros elétricos, contra as montadoras Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis, que vinham pedindo ao governo para limitar as importações dos veí- culos elétricos ou híbridos. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) pediu para reduzir de julho de 2028 para julho de 2026 o prazo máximo de transição para elevar as alíquotas de importação desses veículos desmontados para 35%. Em decisão tomada nessa quarta-feira (30), o governo atendeu, em parte, o pleito da associação, antecipando a elevação da alíquota para janeiro de 2027, mas não para julho de 2026, como queriam as montadoras. Ainda assim, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, agradeceu os ministérios envolvidos da decisão. “[A mudança] é o máximo aceitável sem colocar em risco os investimentos atuais e futuros da cadeia automotiva nacional. Nós esperamos que essa discussão esteja defi- nitivamente encerrada, sem qualquer possibilidade de renovação”, afirmou Calvet, em comunicado. ■ ALÍQUOTAS Montadoras apoiam decisão que limita importação de carros elétricos ESTRATÉGIA COMERCIAL Setor cafeeiro pode ser forçado a redirecionar produção, diz Cepea/USP Apartir de 6 de agosto, a exportação do café brasileiro para os Estados Unidos passará a ser taxada em50%. Enquanto permanece batalhando para ficar de fora da lista de produtos brasileiros que vão ser taxados pelo governo norte-americano, o setor cafeeiro nacional segue marcado por incertezas, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP). Segundo pesquisadores do Cepea, por causa dessa alta taxa, os produtores brasileiros poderão ser forçados a redi- recionar parte de sua produção para outros mercados, o que deverá exigir “agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional”. Os EstadosUnidos sãooprincipal destinodas exportações de café do Brasil. Em 2024, eles importaram cerca de 23% de café brasileiro, especialmente da variedade arábica, insumo essencial para a indústria local de torrefação. A Colômbia representou cerca de 17% do total das im- portações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%. Para o Cepea, como os Estados Unidos não produzem café, a elevação do custo de importação deve comprometer a viabilidade de toda a cadeia interna, que envolve torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo. “O Cepea avalia que a eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor nor- te-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizamos grãos brasileiros como base sensorial e de equi- líbrio”, diz comunicado do Cepea. ■ ● ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa A Secretaria de Tesouro dos Estados Unidos (EUA) procurou o Minis- tério da Fazenda para marcar uma agenda para debater o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump contra parte das exportações brasileiras. Ainda não há data para reunião. O último en- contro entre a Fazenda e o secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi em maio, antes do anúncio da tarifa de 50%. “A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem [quarta-feira, 30] e, finalmente, vai agendar uma se- gunda conversa. A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio, na Cali- fórnia. Haverá agora uma rodada de ne- gociações e vamos levar às autoridades americanas nosso ponto de vista”, disse nesta quinta-feira (31) o ministro Fer- nando Haddad. O ministro destacou que é apenas o ponto de partida das negociações. “Nós estamos emumponto de partida mais favorável do que se imaginava. Mas longe do ponto de chegada. Há muita injustiça nas medidas que foram anun- ciadas ontem”, esclareceu Haddad. Cerca de 700 produtos ficaram de fora da lista do tarifaço de 50% contra o Brasil. Segundo estimativas, 43% dos va- lores exportados para os Estados Unidos ficaram de fora do tarifaço. No setor mi- neral, cerca de 25% dos produtos foram taxados. Plano de contingência Apesar das exceções, Haddad disse que o impacto é dramático para alguns setores, e que nos próximos dias o go- verno vai divulgar medidas para auxiliar essas empresas prejudicadas pelas tari- fas. “Há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamen- te. Nós vamos lançar parte do nosso plano previsto para ser lançado nos pró- ximos dias de apoio e proteção à indústria e aos empregos”, disse. O pacote de ajuda aos setores afetados deve contar com linhas de crédito e apoio às empresas. Haddad disse que está aliviado pelos setores que foram poupados, mas que é preciso proteger aqueles que ainda são afetados, em es- pecial, os setores menores e mais frá- geis. “Tem setores que, na pauta de ex- portação, não são significativos, mas o efeito sobre eles é muito grande. Às vezes, o setor é pequeno, mas é impor- tante para o Brasil manter os empregos”, explicou. Mesmo setores grandes, de impor- tantes matérias-primas [commodities], que têm mercado global, vão precisar se adaptar, avaliou o ministro. “Obviamente, tem setores afetados cuja solução de curto prazo é mais fácil porque se trata de uma commoditie que o Brasil tem muitos mercados abertos, mas, ainda esses, vão exigir algum tempo de adaptação. Você não muda um con- trato de uma hora para outra. Temos que analisar caso a caso e vamos ter as linhas [de crédito] para isso”, disse. Interferência O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou ainda que a tentativa de interferir no julgamento da tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) não pode entrar na mesa de negociação, até porque o Judiciário é um poder independente do Executivo. “Talvez o Brasil seja uma das demo- cracias mais amplas do mundo, ao con- trário do que a Ordem Executiva [do Trump] faz crer. Nós temos que explicar que a perseguição aoministro da Suprema Corte [Alexandre de Moraes] não é o caminho de aproximação entre os dois países”, afirmou. ■ TESOURO DOS EUA PROCURA HADDAD PARA AGENDAR REUNIÃO SOBRE TARIFAÇO V Foto/ Paulo Pinto/Agência Brasil DEBATE ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 SEXTA-FEIRA | 01 DE AGOSTO DE 2025

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