Diário do Amapá - 03 e 04/08/2025

ESPLANADA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 03 E 04 DE AGOSTO DE 2025 5 ComWalmor Parente (DF), BethPaiva (RJ) eHenrique Barbosa (PE) E-mail: reportagem@colunaesplanada.com.br LEANDRO MAZZINI PODER , POLÍTICAEMERCADO Amazon hub Enquanto o mundo luta por cada palmo de teto em Belém para a COP 30, o Instituto Internacional Arayara saiu na frente e abriu inscrições para que instituições, coletivos e ativistas proponham eventos na Amazon Climate Hub. Com 421m², o espaço terá discussões e performances sobre justiça climática e deve atrair ONGs, lideranças indígenas, governos e pesquisadores. Efeito colateral A Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros diz que os custos das construções vão subir com o tarifaço de 50% de Donald Trump sobre as exportações brasileiras, e com risco de milhares de demissões por aqui. A entidade afirma que a medida é um acinte à soberania nacional e impacta no mercado da engenharia. Amor tá caro Passeios do Poder Com o recesso parlamentar nas últimas semanas nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional, muitas excelências passeiam com familiares. A Coluna constatou com alguns contatos que os destinos preferidos foram as praias de Miami, Fort Lauderdale, Tampa; Orlando (condomínios e a Disney) – todos na Flórida – Ibiza (Espanha) e cidades da Côte D’Azur, França. A vez de ACM? A um ano do início da campanha, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) lidera com folga a disputa pelo Governo da Bahia para as eleições de 2026. ACM tem 53,5% contra 28,1% do governador, Jerônimo Rodrigues (PT). Em 2º cenário com o nome do ex- governador do Estado Rui Costa, Neto lidera com 53,3% contra 28%. O ex-prefeito desistiu da candidatura ao Governo na última eleição. A conferir ano que vem. Arrivederci, amore O Tribunal Constitucional da Itália, o similar ao nosso STF, divulgou decisão de tema importante sobre o benefício de cidadania por direito de sangue, e favorável a processos que já tramitam nas Comarcas de Bolonha, Roma, Milão e Florença. A nova decisão não muda nada na lei recentemente aprovada pelo Parlamento (72/2025), que restringiu fortemente a cidadania a apenas filhos e netos de italianos. Mas liberou caminho para milhares de ações que já tramitavam nessas jurisdições das províncias, por descendentes de diferentes graus (muitos do Brasil). Os Tribunais Ordinários (regionais) questionavam a validade constitucional da legislação de 1992, que garantia o direito à cidadania italiana sem qualquer limite de geração. ACorte italiana agora deu aval para que as ações nestas comarcas tenham seguimento para direito à dupla cidadania por descendência sanguínea de vários graus, desde que haja documentos comprobatórios. Os processos beneficiammilhares de brasileiros e estavam paralisados, e não serão afetados pela nova lei aprovada emmaio. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ale- xandre de Moraes comparou a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, à tentativa de golpe de Estado no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023. Ele criticou a articulação do deputado junto à Casa Branca para prejudicá-lo e conseguir anistia para o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. “O modus operandi golpista é o mesmo. Antes, acam- pamentos na frente dos quartéis, invasão na Praça dos Três Poderes. Para que houvesse, como mais de 500 réus confessaram, a convocação de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e as Forças Armadas, gerando uma comoção na- cional e a possibilidade do golpe”, disse o ministro nesta sexta-feira (1º), na sessão de abertura do Supremo Tribunal Federal (STF) após o recesso. “O modus operandi é o mesmo. Incentivo à taxação ao Brasil, incentivo à crise econômica, que gera crise social, que gera crise política. Para que novamente haja instabilidade social e a possibilidade de um novo ataque golpista”, acres- centou. A sessão de abertura, na manhã desta sexta-feira, foi marcada pela primeira manifestação conjunta de ministros da Corte após o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar sanções financeiras contra Moraes e formalizar a aplicação de tarifas de 50% a vários produtos que o Brasil comercializa com o país norte-americano. Assim que as tarifas contra o Brasil foram anunciadas por Trump, no início de julho, Eduardo Bolsonaro agradeceu ao presidente norte-americano. Em carta enviada ao governo brasileiro, na ocasião, Trump associou a aplicação de tarifas ao processo a que Jair Bolsonaro responde por tentativa de golpe de Estado. Além de Moraes, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, também discursou. Outros a se pronunciarem foram o ministro Gilmar Mendes; o procurador-geral da República, Paulo Gonet; e o advogado-geral da União, Jorge Messias. ■ CRISE ECONÔMICA Moraes compara atos de Eduardo Bolsonaro nos EUA a tentativa de golpe O s 61 socos desferidos contra Ju- liana Garcia, na cidade de Natal (RN), no último sábado (26), chocaram o Brasil diante da violência flagrada por uma câmera no elevador do prédio. O autor do crime, o namorado dela, Igor Cabral, foi preso em flagrante. O episódio, que chamou atenção de todo o país, traz à tona a escalada da violência no país contra a mulher: tanto pelo que é registrado, como no caso de Juliana, como também pelos aspectos subjetivos que não são possíveis de contabilizar. Um dos motivos pelo qual o crime chamou atenção foram os repetidos gol- pes no rosto da vítima, que se encontrava indefesa e caída no chão do elevador. Segundo especialistas ouvidas pela Agên- cia Brasil, o ato carrega um simbolismo ancorado na culturamachista. “Agressores normalmente atacam o feminino do corpo humano, (incluindo) rosto, seios e ventre como um recado de que aquele corpo pertence a eles”, afirma a promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Valéria Scarance. Ela destaca que agressores praticam atos de violência imbuídos de um sentimento de posse e superioridade em relação às mulheres. A antropóloga Analba Brazão, que é educadora do SOS Corpo - Instituto Fe- minista para a Democracia, considera que esses ataques contra a mulher em regiões como o rosto têm como objetivo desfigurar a vítima. “Atingir o rosto também demonstra poder. Ele quer aniquilar aquela mulher e deixar visível a sua marca”, lamenta. Essas violências no corpo da mulher e na expressão do feminino têm uma simbologia marcante, conforme aponta Télia Negrão, pesquisadora da Universi- dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É o que acontece quando cri- minosos mutilam, por exemplo, os seios ou a região genitais. “Há até chutes na área da barriga da mulher como forma de destruir a sua capacidade reprodutiva posterior”, diz Télia, que faz parte do Levante Feminista contra o Feminicídio e Transfeminicídio. Quatro mulheres mortas por dia De acordo com o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na semana passada, houve novo aumento no número de feminicídios, que chegou a 1.492 casos em 2024. O número re- presenta quatro mortes de mulheres por dia. É a maior quantidade desse tipo de crime desde 2015, início da série histórica. Segundo o levantamento, 63,6% das ví- timas eram negras. Além disso, 70,5% tinham entre 18 e 44 anos e oito em cada dez forammortas por companheiros ou ex-companheiros. Os feminicídios dentro de casa são maioria (64,3%). ■ AGRESSÃO 61 SOCOS: CASO NO RN RETRATA ESCALADA DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES V Foto/ Agência Brasil A febre do ‘morango do amor’ encareceu a fruta em até 170% em comparação ao mesmo período de 2024, aponta o levantamento da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro. Outra alta registrada foi na procura por corantes alimentícios, em especial na cor vermelha, que atingiu 42%. A demanda é tão intensa que os fabricantes de corante já enfrentam a falta da matéria-prima.

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